Enquanto os brasileiros lutam para sobreviver, sejam os empresários com suas empresas passando dificuldades, sejam os trabalhadores com empregos ameaçados, em Brasília o debate preferido, e da hora, é a reforma tributária.
E todos nós já sabemos que reforma tributária discutida durante campanha eleitoral é sempre bonita e palatável, para simplificar e baixar os impostos.
Em Brasília não, em Brasília é para aumentar a arrecadação dos famintos e insaciáveis entes da federação, sejam eles municipais, estaduais ou federal.
O imposto preferido em Brasília é a CPMF, aquele com o qual o governo abocanha um percentual sobre todas as transações financeiras.
Mas ele vem disfarçado. A reforma do governo sempre vem para ser algo moderno e benéfico para quem produz, para melhorar a vida dos pobres.
Todavia, de reforma em reforma, os governos, nesses últimos 30 anos, tomaram do povo brasileiro, trabalhador, mais de 15% do Produto Interno Bruto (PIB).
Os incontroláveis gastos públicos não permitem que os governos diminuam os impostos, isso é fato.
O que nos cabe é lutar e exigir que não permitam o aumento e a criação de novos impostos.
É o que nos resta. Já que diminuir não é possível, nos resta a inglória luta para não aumentar.
Os debates políticos acalorados, patrocinados pela nossa classe política perseverante e criativa, só nos permitem temer o pior.
Quando menos esperamos, numa dessas crises entre os poderes, nas madrugadas calmas e sonolentas, os representantes do povo podem acabar concedendo ao governo o direito de nos tirar mais um pouco do nosso esforço.
Não devemos nos iludir com os governos, e parece que o atual já reza a mesma cartilha: aumentar impostos é a única solução.
Infelizmente tem sido assim e, pelo que podemos observar, ouvindo alguns atores importantes da política nacional, observando suas falas cuidadosas, estamos muito mais próximos de novos aumentos de impostos do que o contrário.
E quando eles querem, ninguém segura.
A não ser uma grande mobilização nacional, o que, percebe-se, não vai acontecer.
Arno Kunzler é jornalista e diretor do Jornal O Presente e da Editora Amigos
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