O sistema financeiro ganancioso e o Banco Central permissivo com os juros altos e até abusivos e uma política ostensiva de empréstimos a negativados estão gerando a maior onda de endividados da nossa história.
Antes de tudo é preciso dizer que o sistema financeiro existe para emprestar dinheiro a quem precisa, isso é fato e é correto.
Errado é “incentivar” as pessoas a tomarem empréstimos sem capacidade de pagamento.
E depois que o cidadão/empresa – muitas pessoas honestas, mas com pouco conhecimento e, às vezes, nenhum recurso – se tornam inadimplentes, aplicam-se juros completamente fora de qualquer senso de razoabilidade.
Assim, a autoridade monetária, além de não inibir ações irresponsáveis de quem gananciosamente tenta ampliar seus lucros, permite que milhões de pessoas (segundo estudos, mais de 60 milhões de brasileiros) tenham seus nomes nas listas de inadimplentes país afora.
Foi preciso um candidato a presidente fazer esse levantamento e prometer ajuda para que o governo intervisse e o sistema encontrasse uma forma de minimizar essa sangria.
Os juros oficiais no Brasil historicamente foram e são sempre muito altos, mas notoriamente neste momento são muito mais altos do que o razoável.
Assim, milhares de “vítimas” (ou seriam maus pagadores?) desse sistema bruto e impiedoso têm seus débitos lançados no Serasa e outros órgãos de registro de negativados.
Mesmo assim, ouvimos com frequência propagandas de empresas anunciando crédito para negativados, como se isso não gerasse uma nova conta, ainda maior, para tornar o já inadimplente ainda mais endividado.
Por Arno Kunzler. Ele é jornalista e fundador do Jornal O Presente, da Editora Amigos e da Editora Gralha Azul