O processo eleitoral inicia com a clara polarização entre Lula (lulistas) x Bolsonaro (bolsonaristas).
Mas há muito mais alternativas e também insatisfações que podem enfraquecer Lula e Bolsonaro nas articulações.
O PT está menor do que nas eleições anteriores de Lula e Dilma. Além disso, com essa política de juros e os fracassos do governo, a tendência é que o Partido dos Trabalhadores fique mais isolado.
Nem os partidos da chamada esquerda radical, que sempre apoiam Lula, têm inspiração para sair em defesa do governo.
Muito menos o centrão, cujos partidos estavam com Lula e Dilma nas vitórias anteriores, pelo menos a parte nordestina.
Porém, ao contrário da eleição anterior, agora temos vários players que desejam e têm potencial para disputar a Presidência da República, talvez com pouca chance, mas com estrutura partidária para tal.
Só no campo da direita ou centro direita, tem Tarcísio de Freitas, do Republicanos, o mais cotado de todos; Michele Bolsonaro, do PL, talvez o plano B do ex-presidente, caso esteja de fato inelegível; Ratinho Junior, do PSD; Romeu Zema, do partido Novo; Ronaldo Caiado, do União Brasil; e ainda no PSD, que surge como o partido mais forte da próxima eleição, tem a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, e o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.
No PT, além de Lula, não há nenhum pré-candidato na disputa. Aquele que parecia ser – Fernando Haddad -, com esses juros e aumento constante de impostos, está praticamente inviabilizado.
Várias lideranças importantes do PT nas eleições passadas agora diminuíram de tamanho.
Ciro Gomes ainda está flertando com uma candidatura e pode estar sonhando com esse quadro para triunfar sozinho no campo da esquerda, mas sem o apoio do presidente Lula, de quem se mostra cada vez mais adversário.
Do jeito que está, a eleição se encaminha para termos vários candidatos fortes e com potencial de crescimento na disputa.
Não é provável que partidos como o PSD, União Brasil e Novo, talvez o PDT, estejam dispostos a fazer alianças já no primeiro turno, até porque, sem um candidato definido, todos têm chances.
Lula é um candidato forte, assim como Bolsonaro, mas está na linha de tiro e com juros desse tamanho o projeto de reeleição está cada dia mais difícil.
Lula apanha no agronegócio, apanha do setor empresarial como nunca antes na história, apanha na política externa, apanha nas relações com o Congresso, que pode desmoronar os programas sociais mais importantes e populares, apanha dentro dos partidos da esquerda e se atrapalha sempre que aparece em público, ou expondo pontos de vista equivocados ou deixando a primeira-dama na linha de tiro.
A eleição está nas mãos do centro e da direita.
Só o egoísmo e a incapacidade de diálogo podem fazer a direita perder a eleição de novo.
Aliás, a direita no Brasil tem um histórico fabuloso de perder eleições para si mesmo.
Por Arno Kunzler. Ele é jornalista e fundador do Jornal O Presente, da Editora Amigos e da Editora Gralha Azul
arno@revistaamigosdanatureza.com.br
@arnokunzler
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