Vivemos uma pandemia, é verdade, mas a indefinição em relação à data das eleições deste ano está virando pesadelo para muitos pré-candidatos.
Não é por menos. Faz muita diferença a eleição ser no dia 04 de outubro ou no dia 15 de novembro, embora aparentemente não.
Para quem está no auge agora a eventual postergação desta data é muito ruim.
Para quem hoje está sem nenhuma chance, a mudança para 15 de novembro representa uma esperança.
Mas, para ambos, a indefinição é uma loucura que impede qualquer tipo de planejamento.
Eleição é uma corrida contra o tempo. O candidato começa num ritmo e sabe que precisa acelerar no final, se quiser chegar com chance.
Sem saber quando, o candidato não sabe se começa acelerar ou se espera mais um pouco.
E as coligações?
Esse é o maior problema. Acertar tudo muito antes do prazo pode ser um tiro no pé.
Deixar de acertar apostando no adiamento também pode ser.
Pode-se dizer, então, que a eleição deste ano é a mais imprevisível de todos os tempos.
A mais complicada sob o ponto de vista de organização. E a mais difícil sob o ponto de vista de execução, já que não se sabe que tipo de movimento será permitido durante a campanha.
Se as coisas ficarem como estão, dar a mão para o eleitor pode ser considerada uma ofensa, dependendo do eleitor.
Não dar a mão também pode ser considerada uma ofensa pelo eleitor.
Visitar as casas dos eleitores, se a pandemia não estiver sob controle, pode propagar o vírus e gerar discussões e até processos.
A comunicação dos candidatos com seus eleitores, portanto, terá que ser praticamente apenas pelas redes sociais e pela imprensa.
A eleição pode até ser mais barata, mas será muito complexa e o comportamento do eleitor pode variar muito.
O que era bom nas eleições anteriores agora pode não ser aceito como normal.
Dois mil e vinte será mesmo um ano diferente, de experiências novas e resultados inimagináveis.
Um ano em que tudo mudou. Tudo que estava programado terá que ser revisto.
Mas, ao mesmo tempo que é um ano de muitos pesadelos, também será um ano de muitas oportunidades.
Arno Kunzler é jornalista e diretor do Jornal O Presente e da Editora Amigos
arno@opresente.com.br
