Ao longo das últimas décadas, em virtude, especialmente, da precariedade do serviço de saúde pública, os planos de saúde viveram seu melhor momento.
Criaram fórmulas para que as pessoas tivessem acesso a serviços pagos de forma coletiva, tirando também do Estado grande parte da demanda.
Ocorre que muitas coisas não estavam bem claras e, em se tratando de saúde, as pessoas começaram a recorrer ao Judiciário cada vez que um pleito individual não era atendido pelo plano.
Os planos foram incorporando serviços por determinação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e obrigados, às vezes, a pagar contas infladas por tratamentos caríssimos exigidos por pacientes em fase terminal.
Bom, não precisamos ser matemáticos para saber que, incluindo judicialmente obrigações não previstas quando o plano foi vendido, viria o desequilíbrio financeiro.
E todos os planos foram se readequando a ponto de terem que reduzir custos com pagamento de serviços e aumentar as tabelas acima da inflação.
Os planos ficaram caros demais e os serviços pioraram, médicos e clínicas descredenciadas.
Essa é a realidade atual e planos de saúde que já eram reconhecidos por seus usuários hoje são questionados.
Muitos usuários já preferem enfrentar as filas e a burocracia do serviço público a se colocar na dependência dos planos.
Oxalá, pelo bem de todos, haja uma uniformização no entendimento da Justiça para que os planos possam continuar existindo, se reorganizarem, sem atropelos jurídicos que inviabilizem sua existência ou provoquem o desequilíbrio financeiro.
Quem paga plano de saúde há 50 anos na esperança de ter atendimento aos 90 não pode ficar à mercê de uma desestruturação generalizada que, ora provocada pela própria ANS, ora por decisões judiciais que geram custos exorbitantes, ora também, vamos ser sinceros, por má administração.
Por Arno Kunzler. Ele é jornalista e fundador do Jornal O Presente, da Editora Amigos e da Editora Gralha Azul
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