Se tem algo que me intriga, e que é capaz de “alugar um triplex” na minha cabeça, trata-se das CONVERSAS. Conversas, comportamentos e padrões humanos têm sido meu principal foco de estudo nos últimos anos, e curiosamente, minha principal fonte de aprendizado sobre a vida!
Um dos livros mais interessantes que eu li sobre este assunto é o Conversas Cruciais, de Joseph Grenny, Kerry Patterson, Ron McMillan Alzwitzler e Emily Gregory.
No texto de hoje, vou te mostrar como há muito mais coisa por trás de nossas conversas e como os conceitos de circunstância, padrão e relacionamento podem nos ajudar.
Todos nós, em nossas conversas, já passamos por situações ruins, que nos engatilharam, ofenderam ou nos deixaram confusos sobre a intenção de alguém. Quando isso acontece uma vez, pode ser algo relacionado à circunstância. Talvez naquele momento específico o outro disse algo que te diminuiu ou te causou vergonha…
Quando isso acontece, o ideal seria conseguirmos falar sobre o problema de imediato. Tirar logo a dúvida sobre o que foi aquilo, qual foi a intenção e por que a mensagem te chegou de tal forma. Mas, quem consegue? É muito comum darmos um sorriso amarelo, deixar passar, acreditar que a pessoa não tinha má intenção.
De repente, já estamos no padrão. Como dizem os autores da obra citada: “na primeira vez que uma coisa acontece é uma circunstância; na segunda, pode ser uma coincidência; mas na terceira, é um padrão”!
Agora, a preocupação não é somente o motivo pelo qual ou para o qual isso surgiu da primeira vez, mas também o fato de um padrão que está começando a surgir. As emoções começam a ficar mais afloradas, mas ainda temos a tendência de pensar que estamos julgando precipitadamente algo que não tem maldade.
Agora, se este padrão persiste e realmente se instala, os problemas começarão a afetar o relacionamento. Quando chegamos a este pronto, as preocupações se tornam mais profundas: afetam a confiança, competência, respeito e a imagem que temos do outro.
E é exatamente aqui que a fala da autora Brené Brown faz todo sentido: as pessoas nos tratam da maneira como nós as deixamos ou as ensinamos que elas podem nos tratar. Isso não significa que somos culpados pelo comportamento dos outros, mas que, ao permitir silenciosamente um padrão nocivo, reforçamos a ideia de que aquilo é aceitável. Quando não estabelecemos limites claros, comunicamos – mesmo que sem querer – que o outro pode continuar agindo daquela forma.
Limites não são barreiras hostis, mas pontes de clareza. Eles mostram ao outro o que é importante para nós e o que não estamos dispostos a tolerar. Brené Brown costuma dizer que ser claro é ser gentil. Ou seja, deixar para “resolver depois” pode parecer diplomático, mas, na prática, é dar espaço para que mal-entendidos cresçam e se tornem muros entre nós e o outro.
Para evitar que um desconforto pontual se transforme em um problema crônico, o primeiro passo é reconhecer o que você está sentindo no momento em que algo te atinge. Nomear a emoção – irritação, tristeza, frustração – já ajuda a compreender se aquilo é apenas uma circunstância ou se está virando padrão.
O segundo passo é buscar maneiras assertivas de comunicar o que te incomoda, explicando como o comportamento impactou você. Isso aumenta as chances de uma conversa construtiva.
Outro ponto importante é revisar o seu próprio papel no padrão. Às vezes, sem perceber, colaboramos para que ele continue: rimos de algo que não achamos engraçado, não corrigimos uma informação equivocada, fingimos que não nos importamos. Pequenas concessões, quando acumuladas, podem se transformar em um sinal verde para o comportamento se repetir.
Por fim, é preciso lembrar que manter um relacionamento saudável – seja ele pessoal ou profissional – exige a combinação de respeito próprio e empatia pelo outro. Não se trata de “vencer” a conversa, mas de preservá-la como um espaço seguro para ambas as partes. Quando colocamos na mesa nossas percepções com honestidade, damos ao outro a chance de nos entender melhor, e a nós mesmos a chance de viver relações mais autênticas e sustentáveis.
Desta vez, eu desafio você a ligar seu radar e, por você, aprender a identificar as situações desde a circunstância, para que cada vez menos, as coisas atrapalhem seus relacionamentos.
Para isto, te desejo coragem e ousadia.
Até a próxima!
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