Sócrates ficou conhecido como um questionador incômodo! Em seu método dialético, costumava fazer muitas perguntas para que seus interlocutores alcançassem um saber mais profundo.
Sócrates acreditava que o ser humano deveria reconhecer sua própria ignorância. Conta a história que ele repetia constantemente “Só sei que nada sei”!
Agora, observando isso tudo por outra perspectiva, te pergunto: você já conheceu um “sabe tudo”? Aquelas pessoas que têm todas as respostas; que em vez de conversar, dão palestras; ou fazem as perguntas para que elas mesmas possam responder…?!
Confesso a você, minha paciência para conversar com pessoas assim é beeeem curta! E tenho aprendido que, em nossos relacionamentos, conversas, e na liderança, não saber conversar assertivamente gera desconexão, desinteresse e descaso, mesmo que sua intenção esteja longe disso.
E sabe qual é o maior desafio? É que, muitas vezes, não percebemos quando estamos adotando esse papel de “sabe tudo”. A intenção até pode ser boa – compartilhar, ensinar, inspirar – mas, se falta escuta, falta conexão. E se falta conexão, falta construção conjunta. A conversa vira monólogo, e o outro se afasta.
Já me vi, muitas vezes, nessa situação, julgando sem saber, impondo como as coisas deveriam acontecer, acreditando que somente o meu ponto de vista era o certo. Possivelmente você já ocupou este lugar, e vemos isso acontecer constantemente em matrimônios, empresas, organizações…
Por isso, tenho aprendido a valorizar pessoas que fazem boas perguntas, e tenho tentado me tornar uma delas. Gente curiosa, que escuta com presença, que não quer vencer a conversa, mas descobrir caminhos junto com o outro. Gente que reconhece que aprender é mais valioso do que convencer. Essa atitude humilde – típica de Sócrates – continua sendo um dos maiores sinais de sabedoria.
Na vida, nos relacionamentos e na liderança, saber menos pode ser o primeiro passo para compreender mais. E, ao contrário do que muitos pensam, admitir que não sabe tudo não diminui sua autoridade. Ao contrário, aumenta sua humanidade. Cria espaço para trocas reais, para vínculos mais profundos e para aprendizados genuínos.
Então, da próxima vez que você entrar em uma conversa, pergunte-se: estou aqui para ensinar ou para descobrir? Quero vencer o argumento ou fortalecer a relação? Nem sempre é fácil reconhecer a própria ignorância – mas, quando conseguimos, abrimos espaço para o verdadeiro saber: aquele que se constrói com o outro.
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