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Dom João Carlos Seneme

Dai a Deus o que é de Deus

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O povo de Israel, no tempo de Jesus, vivia sob o domínio do Império Romano e, por isso, deviam pagar imposto através de uma moeda especial que tinha a figura do imperador Tibério com a escrita “Tibério César, augusto filho do divino Augusto, pontífice máximo”.

O Evangelho deste domingo (22) trata do dever de pagar o imposto ao imperador (Mt 22,15-21). Havia controvérsias na sociedade hebraica quanto ao pagamento do tributo.

Alguns como os zelotas defendiam o não pagamento do tributo; os herodianos pagavam sem problemas; os fariseus aceitam pagá-lo, porém reconheciam o senhorio de Deus e suspiravam pela libertação final. A armadilha preparada contra Jesus derivava destas diversas posições que poderiam originar reações diferentes e perigosas. A intenção era expô-lo publicamente em uma manifestação política. Esperavam que Jesus caísse na armadilha para denunciá-lo às autoridades.

A resposta de Jesus coloca a situação em um outro nível, superando o simples aspecto do que é lícito ou proibido. Ele não apoia a resignação diante da ordem estabelecida nem nega o império romano e suas leis. Ele se manifesta como o verdadeiro rei de Israel e de toda a humanidade, Ele é o verdadeiro Messias. Por isso, eleva o tom da discussão e coloca em causa o próprio Deus dizendo que a Deus pertence o ser humano e que todo o poder provém de Deus. Deus deve ser amado com todo o coração, com toda alma e com todo o entendimento, ou seja, com a pessoa inteira.

O ser humano não pertence à autoridade terrena porque ela é provisória, só Deus é eterno. Ele acentua que o ser humano está inserido em uma sociedade e deve cumprir suas responsabilidades. Porém, as leis humanas não garantem a salvação do ser humano, ou seja, elas não respondem ao seu destino último. A política tem o seu valor enquanto auxilia e organiza a vida em comunidade, mas não pode conduzir o homem à salvação.

A verdadeira questão é que os interlocutores de Jesus queriam se livrar das exigências de Deus que Jesus pregava. Queriam deixar de lado estas exigências e colocar o problema no âmbito político para acusar Jesus como inimigo de Roma. Jesus os chama de hipócritas e tira suas máscaras e revela sua hipocrisia. Eles seguir o caminho de Deus, porém rejeitam a único caminho de Deus que Cristo e seu Evangelho.

Neste dia a Igreja Católica no mundo inteiro celebra o Dia Mundial das Missões (21 e 22 de outubro) onde todos são estimulados a colaborar de alguma forma com as Missões em todas as nações. A coleta em favor das missões é uma forma de estarmos presente ajudando muita gente a descobrir que são criaturas vocacionas à felicidade e à vida eterna, que são todos filhos e filhas de Deus.

Em sua mensagem, o Papa Francisco retoma o tema dos discípulos de Emaús: “Corações ardentes, pés ao caminho”. Que o nosso coração deseje sempre a companhia de Jesus, suspirando conforme o ardente pedido dos dois discípulos de Emaús, sobretudo ao entardecer: ‘Fica conosco, Senhor!’ (cf. Lc 24, 29). O amor de Cristo que torna sempre jovem a Igreja em saída, com todos os seus membros em missão para anunciar o Evangelho de Cristo, convencidos de que ‘Ele morreu por todos, a fim de que, os que vivem, não vivam mais para si mesmos, mas para Aquele que por eles morreu e ressuscitou’ (2Cor 5,15). As Pontifícias Obras Missionárias são o instrumento privilegiado para favorecer esta cooperação missionária em nível espiritual e material. Por isso, a coleta missionária no Dia Mundial das Missões é destinada à Pontifícia Obra da Propagação da Fé para que todos conheçam Jesus e sejam salvos.

Por Dom João Carlos Seneme. Ele é bispo da Diocese de Toledo

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