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Dom João Carlos Seneme

Permanecei em mim e Eu permanecerei em vós

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No Evangelho deste 5º Domingo da Páscoa (Jo 15,1-8), ouvimos Jesus dizer com ênfase que Ele é a videira, a videira verdadeira e, precisamente por isso, encorajar os seus discípulos a permanecerem unidos a Ele da mesma forma que os ramos estão unidos à videira se quiserem ter vida e dar bons frutos.

A figura da videira e da vinha, como recurso de ensinamento, era conhecida no Antigo Testamento, especialmente na linguagem profética para evidenciar a importância, a necessidade e a essência da unidade do povo de Israel com Deus. A vinha é a casa de Israel, o povo eleito do Senhor, o povo de Deus. Com a vinda de Jesus tudo mudou, em vez da imagem da vinha, agora centra-se na videira. O Evangelho nos diz que a videira é Jesus. A videira, que é Jesus, tem ramos e esses ramos somos nós. A nova imagem nos dá uma maior riqueza de significado: os membros do novo povo de Deus são os ramos unidos a Cristo.

Os ramos nascem da videira. No batismo, nós também nascemos da videira verdadeira, que é Cristo e sua Igreja, cujos membros estão unidos com Ele. Todos somos chamados a esta comunhão pelo amor do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

Somos fruto de um amor gratuito, porque é próprio Deus que vem ao nosso encontro e nos chama. A iniciativa é dele e ele nos escolhe. Todos os ramos são chamados a crescer, a oferecer os melhores frutos. Esta experiência maravilhosa vem até nós do Batismo. Por isso é importante que o ramo permaneça unido a Cristo e receba a sabedoria do tronco, que é Cristo. Nós, no Batismo, recebemos a vida divina, a vida da graça, e crescemos enquanto estamos unidos. Se nos separarmos de Cristo, morreremos. Por isso o Senhor nos diz: “Permanecei em mim”, permanecei unidos e não rompeis a união, porque sem mim nada podeis fazer”.

Cristo é a verdadeira videira: nossa fecundidade e possibilidade de expressar o amor derivam da nossa adesão a Ele, como ramos da videira, que vivem da seiva que dela provém.

A alegoria da videira, usada por Jesus para ilustrar o vínculo profundo que deve unir os discípulos ao mestre, é mais eficaz e expressiva do que nunca: unidos como ramos à videira, nutridos pela mesma seiva. O enxerto ocorreu no Batismo, mas para ser um enxerto bem-sucedido é necessária a continuidade do vínculo. A metáfora indica que a continuidade do vínculo depende sempre e somente da vontade do discípulo. É uma adesão que deve ser renovada diariamente, vivendo sempre sob a influência do Espírito.

E isto se consegue praticamente com uma adesão constante de fé à palavra do Senhor que atua em nós dia após dia: “Pois a palavra de Deus é viva, eficaz e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes; penetra até o ponto de divisão da alma e do espírito, das juntas e da medula, e julga os sentimentos e pensamentos do coração” (Hb 4,12).

A glória de Deus, sua presença, é confiada à humanidade. Ela é visível não somente nas igrejas, onde manifestamos nossa alegria de pertencer à vinha eleita do Senhor, mas na vida do dia a dia, onde nos esforçamos para criar um mundo bom para todos.

Por Dom João Carlos Seneme. Ele é bispo da Diocese de Toledo

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