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Elio Migliorança

Dias sombrios

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No futuro as pessoas vão estudar os dias atuais e vão se espantar com os desafios e as incertezas vividos no último e no próximo ano. Questões políticas à parte, por enquanto, há outras urgências que exigem providências imediatas. Aliás, nunca uma Copa do Mundo despertou tão pouco interesse como esta. Não que ela seja diferente das demais, ou que o futebol tenha perdido o seu encanto. O fato é que nossa sobrevivência está em jogo e isso deve merecer nossa atenção.

Dias sombrios para o agronegócio brasileiro, e de forma mais direta aqui no Oeste do Paraná. São milhares de quilômetros quadrados de desmatamentos e queimadas que interferem diretamente na regularidade do clima.

Na Conferência Mundial do Clima, encerrada há poucos dias no Egito, o tom das manifestações foi de “alerta máximo”. Corremos sério risco de caminhar para a extinção de espécies animais e vegetais e risco real de graves danos à humanidade.

Em nossa região a preservação do meio ambiente está em dia, pois o que produzimos cobre o solo de verde e o que devolvemos em oxigênio é muito mais do que os gases de efeito estufa produzidos em nossa região.

Quem tem contas a pagar para o equilíbrio do clima são os grandes centros urbanos e industriais e aqueles que estão destruindo o meio ambiente, especialmente as florestas, e como ficou muito claro na Conferência do Clima, são os países desenvolvidos.

O que poucos sabem e que impacta de forma perigosa a nossa região é o fato de sermos classificados pelas seguradoras como região de alto risco, o que resultou em cancelamento de todas as ofertas de seguro agrícola que eram normais nos anos anteriores. Com isso, a única alternativa que restou é recorrer aos bancos, financiando as lavouras, já que o financiamento tem seguro obrigatório nos bancos.

O que foi uma conquista no passado, o capital de giro para não pagar juros, agora nos torna novamente dependentes do crédito bancário. Através das seguradoras havia uma garantia de produção mínima que permitia a sobrevivência do agricultor em caso de frustração; o seguro bancário cobre apenas a despesa realizada, nada sobrando para a sobrevivência da família.

Outra realidade é a brutal elevação dos insumos agrícolas. Determinados tipos de defensivos tiveram mais de 400% de aumento no último ano. E se não bastasse todo este cenário cinzento, o agronegócio está sendo apunhalado pelas costas pelo governador reeleito Ratinho Junior.

Seguindo exemplo do Governo de Goiás, o governador Ratinho Junior encaminhou projeto para a Assembleia Legislativa para cobrar ICMS sobre toda a cadeia produtiva do agronegócio. É uma traição, porque o agronegócio foi o sustentáculo decisivo para a reeleição do governador e agora está sendo penalizado com mais um imposto exorbitante, o que pode levar à falência do sistema produtivo.

Diante deste cenário, é necessário muita prudência e controle para não perder em pouco tempo o que muitos levaram a vida inteira para construir.

Por Elio Migliorança. Ele é empresário rural, professor aposentado e ex-prefeito de Nova Santa Rosa

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