Quando sentir que nunca é suficiente se torna uma rotina
Embora seja uma sensação muito natural, quando excessiva, pode se tornar prejudicial e afetar, inclusive, a saúde mental do pessoa. E nesse mundo de excessos de informações, cobranças de sucesso, felicidade e comparações, nós, mulheres, somos atropeladas pela culpa e paralisação.
A culpa é um sentimento associado ao fracasso e surge quando a pessoa acredita ter provocado algum dano a algo ou alguém, ou cometido um erro, por ação ou por omissão.
QUANDO A CULPA É ROTINA NA VIDA DA MULHER!
A culpa, como “aplicativo”, foi instalada em nós durante a infância. Enquanto estávamos sendo “treinadas” para sermos boazinhas, a menina “bonita”, sempre arrumadinha. A que não corre, que não grita, que ajuda a mamãe. A culpa é como uma sombra discreta que acompanha tantas mulheres em seu dia a dia. Ela não grita, mas se infiltra nos pensamentos, nas comparações silenciosas, nos olhares exigentes que voltamos contra nós mesmas. É a sensação de que nunca fazemos o suficiente: não somos mães boas o bastante, profissionais completas, esposas exemplares ou mulheres perfeitas. Sempre parece faltar algo. E esse vazio cobra muito caro da nossa saúde e vida.
Essa cobrança constante esgota, porque cria um estado de alerta permanente. Não há descanso quando se acredita que sempre poderia ter feito mais. A culpa, que, muitas vezes, nasceu de expectativas externas, com o tempo se internaliza e passa a habitar nossa voz interna. Passamos a acreditar que não temos direito de errar, descansar ou simplesmente ser humanas.
O problema é que a culpa ocupa o espaço da alegria. Ela transforma momentos de descanso em remorso, conquistas em sensação de insuficiência. Aos poucos, corrói a autoestima, porque faz parecer que nunca somos boas o bastante.
A CULPA SE MANIFESTA DE VÁRIAS FORMAS
A forma como sentimos a culpa pode ser diferente para cada ser humano, dependendo da história de vida e experiências de cada pessoa: a culpa real; imaginária; existencial; do sobrevivente; do cuidador e a materna.
Geralmente a culpa está associada às pressões sociais ou interna e costuma aparecer quando a pessoa sente que falhou de alguma forma. É importante ressaltar que sentir culpa é diferente de se responsabilizar pelas suas escolhas e consequências. Porque, sim, podemos errar e reconhecer nosso erro e procurar modos de repará-los, isto inclusive um sinal de maturidade. Porém, a culpa excessiva refere-se mais a um desejo irreal de controlar todos os resultados e ser amada e validada pela opinião externa. Aponta para uma dependência da validação externa.
COMO ROMPER ESSE CICLO?
Romper com esse ciclo exige consciência. Não existe mulher perfeita, mas sim mulheres reais, que fazem o possível dentro de suas circunstâncias.
Aceitar limites não é sinal de fraqueza, é sinal de humanidade.
Substituir a culpa por compaixão é abrir espaço para uma vida mais leve. Talvez a maior libertação feminina seja essa: silenciar a culpa que esgota e abrir espaço para a compaixão que cura.
Se este artigo tocou você, guarde e releia quando estiver a ponto de se abandonar de novo, consumida pela culpa. E envie para outra mulher que precisa deste alerta. Não precisamos passar por isso sozinhas. E na próxima semana vamos continuar nessa jornada de reconexão e vida, conversando sobre dores, exaustão, culpas e silêncios.
Siga @psicofatimabaroni para mais conteúdos sobre autoestima e amor-próprio.
Clique aqui e acesse todos os artigos desta coluna.
Até a próxima.

Fátima Sueli Baroni Tonezer é psicóloga, formada em Psicologia na Universidade Estadual de Maringá (UEM). Sua maior paixão é estudar a psique humana. Atende na DDL – Clínica e Treinamentos – (45) 9 9917-1755