Era uma vez Benicia, uma menina como qualquer outra. Para uns, era muito pequena, para outros, grande demais. Para alguns, era chorona; para outros, “falava pelos cotovelos”. Alguns achavam que devia falar mais. A verdade é que nunca agradava ninguém, e isso doía muito, não sabia explicar.
Esse é o início de uma história comum, que se repetiu (e se repete) em muitos lares. A menina dessa história pode ter hoje 20, 30, 40, às vezes mais anos. Uma carreira que dá certo aos olhos dos outros. Uma rotina que gira entre compromissos, metas e obrigações. Um rosto que aprendeu a sorrir mesmo quando por dentro tudo desaba.
ESSE FOI O INÍCIO!
Mas há dias em que ela simplesmente não consegue. Sente um cansaço que não tem nome, uma tristeza sem explicação, um vazio que insiste em se repetir. É nesses dias que a menina ferida dentro dela grita. Aquela que cresceu ouvindo que precisava ser forte, que não podia errar, chorar, pedir. Aquela que se sentia invisível, culpada, inadequada. Que se moldou para caber nas expectativas dos outros, esquecendo-se de si.
Essa menina continua morando dentro da mulher. E muitas vezes, é ela quem guia suas escolhas. É ela quem sente medo de ser rejeitada, quem se apega demais, quem aceita migalhas. É ela quem reage com raiva ou silêncio, quem se sente pequena, quem não sabe se acolher. É ela que aceita migalhas na esperança de ser amada, respeitada e validada.
Uma mulher pode ter diplomas, filhos, um bom emprego. Mas, se a menina ferida segue desamparada, ela continuará adoecendo emocionalmente, buscando fora o que nunca aprendeu a dar a si mesma: segurança, afeto, validação. É por isso que tantas mulheres se sentem exaustas, emocionalmente esgotadas, desamparadas e “vazias”.
A CURA!
Não é só o trabalho. Não é só o cansaço físico. É o peso de uma história emocional não curada. Mas essa mulher tem uma chance: parar, ouvir e acolher sua menina. Isso não significa viver no passado, mas sim reconhecê-lo.
Significa perguntar: “O que eu precisava naquela época e não recebi?”.
E começar a oferecer isso a si mesma hoje. Deixar de perguntar “por que isso aconteceu comigo”, e perguntar-se para que isso aconteceu e como posso transformar essas coisas em recursos para me proteger e acolher.
Talvez seja mais leveza, mais descanso, mais permissão para errar.
Mais carinho sem exigência, autocompaixão, auto gentileza.
A cura começa quando a mulher adulta decide ser a mãe emocional que a sua criança interior nunca teve. Quando em vez de se cobrar, ela se consola. Em vez de se julgar, ela se entende. Em vez de se abandonar, ela se escolhe.
Porque a menina ferida não desaparece com o tempo. Ela apenas aprende a confiar e receber, quando, finalmente, é acolhida por alguém que agora pode cuidar dela: a mulher que ela se tornou.
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Até a próxima.

Fátima Sueli Baroni Tonezer é psicóloga, formada em Psicologia na Universidade Estadual de Maringá (UEM). Sua maior paixão é estudar a psique humana. Atende na DDL – Clínica e Treinamentos – (45) 9 9917-1755