Recuperando sua energia feminina
Na coluna da semana passada, conversamos sobre o modo aleatório: aquele estado de piloto automático onde vivemos repetindo padrões, guiadas por crenças antigas e medos não nomeados, enquanto nossa energia feminina vai se esvaindo silenciosamente.
E já ficou claro que esses comportamentos decorrem de crenças que fomos assimilando desde a infância, e que pela repetição tornou-se padrões e crenças que norteiam nossas escolhas. Vivemos para atender expectativas, de todos, menos as nossas. Sentimos e vivemos como se atender nossas necessidades e expectativas fosse egoísmo. Hoje, vamos explorar os caminhos concretos para sair desse automático e reconectar com a vida que realmente queremos viver.
O DESPERTAR: QUANDO A CONSCIENCIA ACENDE A LUZ
O despertar não é um momento mágico e repentino, embora, às vezes, possa parecer. A tal “virada de chave” não é um clique. É mais como um acúmulo gradual de pequenos desconfortos que finalmente se tornam grandes demais para ignorar. É aquele dia em que você olha no espelho e não reconhece quem está ali. Ou quando percebe que está vivendo para cumprir expectativas, mas esqueceu quais são as suas próprias.
Para acontecer exige disposição e ação. Não basta saber. Despertar pode ser incômodo. Pode trazer raiva de ter “perdido tempo”, tristeza pelo que não vivemos, medo do desconhecido que virá quando saímos do conhecido, mesmo que o conhecido nos esgote. Mas também traz algo precioso: possibilidade. A possibilidade de escolher diferente. E a primeira escolha consciente é a mais simples e revolucionária: pausar.
PAUSAS SAGRADAS: CRIANDO INTERVALOS DE PRESENÇA
No modo aleatório, não há intervalos. É um fluxo contínuo de fazer, fazer, fazer. Mas a energia feminina não funciona assim. Ela é cíclica, precisa de movimento, mas também de repouso, de expansão e de recolhimento.
As pausas sagradas são esses pequenos momentos ao longo do dia em que você interrompe o automático e volta para si mesma. Não precisam ser longas. Podem ser dois minutos entre uma tarefa e outra onde você respira conscientemente. Pode ser o momento do café tomado com atenção, sentindo o sabor, o calor da xícara. Pode ser olhar pela janela e realmente ver o céu, ao invés de apenas passar os olhos por ele. Ou pior, olhar sem enxergar.
Essas pausas são como âncoras que te trazem de volta ao momento presente. E é no presente que sua energia se renova, não no passado de ruminações, nem no futuro de preocupações. Comece pequeno: escolha três momentos do dia para pausar por dois minutos. Respire. Sinta seu corpo. Pergunte-se: “Como estou agora, de verdade?”
QUESTIONANDO O ROTEIRO: IDENTIFICANDO E DESAFIANDO AS CRENÇAS
Quando começamos a pausar, algo interessante acontece: começamos a perceber nossos pensamentos automáticos. E muitos deles são crenças limitantes disfarçadas de verdades absolutas. “Preciso dar conta de tudo sozinha”. Precisa mesmo? Ou essa é uma crença sobre independência que te impede de pedir e receber ajuda?
“Se eu descansar, sou preguiçosa”. Quem disse isso? De onde veio essa ideia ( voz interna) de que seu valor está apenas no fazer? “Minhas necessidades podem esperar”. É mesmo? Será que podem? Até quando? E a que custo? O exercício aqui é gentil, mas transformador: quando perceber um pensamento que te limita ou esgota, pergunte-se: “Isso é uma verdade ou uma história que aprendi?”. E depois: “Essa história ainda me serve?”.
Nem sempre conseguiremos mudar as crenças imediatamente, mas questioná-las já abre espaço para novas possibilidades. Já planta uma semente de dúvida no automático, e é dessa dúvida que nasce a transformação.
Na próxima semana vou continuar falando sobre como tornar-se consciente, dando espaço para as pausas tão necessárias para a sua nutrição, para recarregar sua bateria e curar feridas antigas. Se este artigo tocou você, guarde e releia quando o cansaço bater forte. E compartilhe com outra mulher que também precisa saber.
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Até a próxima.

Fátima Sueli Baroni Tonezer é psicóloga, formada em Psicologia na Universidade Estadual de Maringá (UEM). Sua maior paixão é estudar a psique humana. Atende na DDL – Clínica e Treinamentos – (45) 9 9917-1755