Ressignificando o “produtivo”
Na semana passada terminei o artigo dando passos para perceber e descontruir crenças. Uma forma de fazer isso é tendo conversas consigo mesma usando a terceira pessoa, chamando-se pelo próprio nome. Isso cria distanciamento emocional e nos ajuda a ver as situações por outra perspectiva.
Está é uma técnica, comprovada cientificamente em laboratórios de neuropsicologia, com imagens do funcionamento do nosso cérebro, que mostram os pontos que se iluminam quando estamos tendo essas conversas. Para e pense: nós seres humanos já fazemos isso. Talvez seja um hábito seu também. Do que estou falando? Do nosso hábito de nos julgar, desmerecer, repetir que não vamos conseguir. É o que fazemos quando estamos rolando o scroll do celular e nos comparando com as vidas perfeitas postadas ali.
Uma das crenças mais tóxicas que alimentam o modo aleatório é a ideia de que só o fazer produtivo tem valor. Descansar, brincar, criar sem propósito, sentir prazer, tudo isso é visto como desperdício de tempo, luxo ou até mesmo egoísmo.
RESSIGNIFICANDO O “PRODUTIVO”: DESCANSO COMO NUTRIÇÃO
Mas aqui está uma verdade que precisamos recuperar: descanso não é o oposto de produtividade. Descanso é a fonte dela. Uma mulher que não descansa, que não se nutre, que não se permite prazer e leveza, eventualmente não terá energia para mais nada. Nem para ela, nem para os outros.
Ressignificar o produtivo é entender que cuidar de si mesma não é egoísmo, é responsabilidade. É reconhecer que ler um livro por prazer, tomar um banho demorado, dançar sozinha na sala, deitar-se no sol, conversar com uma amiga, criar algo apenas porque te dá alegria, tudo isso não é tempo perdido. É tempo investido na sua vitalidade, na sua energia feminina, na sua capacidade de estar presente e inteira na sua vida.
Criar conexão com o corpo. Nossa energia feminina reside no corpo, mas passamos tanto tempo na mente que nos desconectamos dele. Experimente colocar as mãos no coração ou no ventre e respirar ali. Pergunte ao seu corpo: “Do que você precisa hoje?” E se permita ouvir e sentir a resposta.
Comece a escrever um diário de consciência. Não precisa ser elaborado. Apenas anote, ao final do dia: “Hoje me senti…”, “Hoje percebi que…”, “Hoje escolhi…”. Isso treina seu olhar para si mesma. Escolha um local silencioso, seguro e durante alguns minutos faça esse exercício.
Geralmente o retorno para casa é começar a segunda jornada. O ritual de chegada em casa propõe que quando chegar em casa, mesmo que seja só por um minuto, pare na porta. Respire. Diga mentalmente: “Estou chegando em casa. Estou chegando em mim.” Isso cria uma fronteira entre o mundo externo e seu espaço interno.
Comece a honrar seus ciclos. Observe sua energia ao longo do mês ou da semana. Há dias em que você naturalmente tem mais energia externa e dias em que precisa de mais recolhimento. Respeitar isso, dentro do possível, já é revolucionário. Este ponto significa sair da “repetição” de “estou na TPM” para respeitar a sua TPM, por exemplo. Entregar a si mesma o que este momento do ciclo está pedindo.
Identificar um “não”. Escolha uma coisa, apenas uma, que você tem feito no automático e que drena sua energia. Pratique dizer não, delegar ou simplesmente parar de fazer. Observe o desconforto que vem, as crenças que emergem. Respire através disso.
Na próxima semana, a última de dezembro e de 2025, vamos conversar sobre práticas para ajudar na quebra desses padrões, como os pequenos passos auxiliam na ressignificação e na mudança de hábitos e resultados. É uma oportunidade de você criar seu planejamento para 2026 baseada em passos seguros e diferentes, que ao te levar por caminhos diferentes, podem ser desconfortáveis de início, mas te guiarão para mais perto da vida leve e fluida que você sonha.
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Até a próxima.
Fátima Sueli Baroni Tonezer é psicóloga, formada em Psicologia na Universidade Estadual de Maringá (UEM). Sua maior paixão é estudar a psique humana. Atende na DDL – Clínica e Treinamentos – (45) 9 9917-1755