O Presente
Fátima Baroni Tonezer

E se a mulher que você finge ser estiver matando quem você realmente é?

calendar_month 28 de julho de 2025
4 min de leitura

Calma, não estou te chamando de fingida. Lembra, estamos conversando sobre esgotamento, exigências, performance e tudo mais que sobrecarrega a mulher atual. Estou falando de quanta dor, que vem do esforço de parecer bem enquanto por dentro você se sente em pedaços!

Desde muito cedo, nós, mulheres, aprendemos a agradar, a sermos gentis mesmo quando queremos gritar. A sorrir mesmo quando tudo desmorona por dentro. A nos moldarmos aos papéis que se esperam de nós: mãe perfeita, profissional incansável, esposa compreensiva, filha exemplar. Junto com a aparência impecável, no peso ideal, de salto alto e maquiada. E aos poucos, aquilo que é espontâneo, autêntico e verdadeiro vai sendo sufocado. Até o dia em que a mulher olha para o espelho e mal se reconhece.

Escrevendo essa introdução, lembrei-me do filme “O máscara”. Não do enredo, mas em como o personagem se transformava em outra pessoa ao colocar a máscara. E, a nós, mulheres, é entregue uma máscara, a máscara da força e da perfeição.  E existe uma dor específica em precisar  fingir que está tudo bem.

Quando você sorri, mas está machucada. Quando ajuda todo mundo, mas ninguém pergunta como você está. Você se acostuma a esconder o que sente e a acreditar que se mostrar vulnerável é errado. Mas toda máscara tem um custo. E o preço é alto: sua paz, sua liberdade, sua verdade, sua saúde.

A VIOLÊNCIA DE VIVER PARA AGRADAR!

Viver para agradar é uma forma sutil de violência contra si mesma. É dizer sim quando se queria dizer não. Porque aprendemos que colocar limites é egoísmo. É calar para evitar conflitos, até não saber mais o que se queria dizer. É se vestir, falar, agir e decidir com base no que os outros esperam e não no que você realmente sente. No fim, o corpo adoece, a alma se encolhe e a alegria desaparece.

Viver para agradar vem do medo de decepcionar e tem o preço da lealdade forçada. Sim, muita de nós, mulheres, fingimos ser quem não somos por medo: medo de magoar, de ser rejeitada, de perder o amor, o respeito, o lugar que conquistamos.

Mas que tipo de amor é esse, que exige que você deixe de ser você mesma? A lealdade a uma imagem idealizada acaba custando a lealdade à sua verdade, a sua essência.

O RESGATE DA MULHER QUE FICOU ESQUECIDA

Sim, essa mulher existe. Existe uma mulher dentro de você que não desapareceu, apenas se escondeu para sobreviver. Mas ela ainda vive, acuada, encolhida, sofrida. Ainda existe aquela que sonhava, que sentia prazer nas pequenas coisas, que tinha coragem de ser imperfeita, que ria e dançava. E a boa notícia é que essa mulher quer voltar. Mas para isso é preciso renunciar à máscara, mesmo que aos poucos. É preciso se perguntar com honestidade: quem sou eu sem os papéis que desempenho? O que me move, me alegra, me inspira, sem filtro, sem medo, sem plateia?

SER VERDADEIRA NÃO É EGOÍSMO: É LIBERTAÇÃO

Existe uma saída. Acredite que você pode e consegue. Você não precisa mais fingir. Você não precisa mais agradar para ser amada. Você tem o direito de se redescobrir, de mudar de ideia, de se despir das armaduras. Ser você mesma pode incomodar os outros. Mas fingir ser outra vai continuar te destruindo. Talvez hoje seja o dia de deixar a mulher que você finge ser descansar.

E permitir que a mulher que você realmente é volte à vida.

Sei que não é fácil. Pelo contrário, é um processo árduo, às vezes doloroso até demais. Mas acredite: dói menos do que continuar encolhida e em silêncio. Não tenha medo de ficar sozinha, afinal isso que você está vivendo é solidão imposta.

Tem muitas mulheres que estão neste mesmo lugar. E se este texto tocou você, compartilhe com outras mulheres que também precisam desse alerta. Juntas podemos nos cuidar melhor.

Siga @psicofatimabaroni para mais conteúdos sobre autoestima e amor-próprio.

Clique aqui e acesse todos os artigos desta coluna.

Até a próxima.

Fátima Sueli Baroni Tonezer é psicóloga, formada em Psicologia na Universidade Estadual de Maringá (UEM). Sua maior paixão é estudar a psique humana. Atende na DDL – Clínica e Treinamentos – (45) 9 9917-1755

 
Compartilhe esta notícia:

Este website utiliza cookies para fornecer a melhor experiência aos seus visitantes. Ao continuar, você concorda com o uso dessas informações para exibição de anúncios personalizados conforme os seus interesses.
Este website utiliza cookies para fornecer a melhor experiência aos seus visitantes. Ao continuar, você concorda com o uso dessas informações para exibição de anúncios personalizados conforme os seus interesses.