Maio chega com flores, homenagens e comerciais emocionados que celebram o amor de mãe, que, aliás, foi comemorado ontem (11). Mas, para muitas mulheres, esse mês também traz um incômodo silencioso, uma sensação de exaustão, um cansaço acumulado no corpo e na alma, um nó na garganta que insiste em não passar.
Porque por trás das imagens idealizadas e fofas das propagandas existe uma realidade que ninguém quer mostrar: a mulher sobrecarregada, emocionalmente esgotada, tentando dar conta de tudo enquanto silencia suas próprias dores.
O PESO INVISÍVEL QUE MATERNIDADE IMPÕE!
Existe um tipo de cansaço que não se resolve com uma boa noite de sono. É o cansaço de estar sempre disponível, sempre atenta, sempre tentando prever necessidades e evitar conflitos. Um cansaço mental, emocional e físico, tudo ao mesmo tempo.
Não se trata apenas das tarefas visíveis, mas da carga invisível: a responsabilidade afetiva pela casa, pelos filhos, pela família, pelo bem-estar de todos. É a mulher que lembra da vacina, da comida saudável, da roupa do evento, da agenda escolar, das contas, dos aniversários, dos remédios, dos sentimentos dos outros, e que, para dar conta de tudo isso e manter todos felizes e a vida familiar sem conflitos, esquece de si mesma.
Existe uma ideia muito difundida, e inclusive defendida até por nós, mulheres, que a mulher precisa ser forte, incansável, multitarefa. A mãe perfeita e acolhedora, a esposa carinhosa, a profissional “antenada” com todas as novidades de sua área de atuação e outras que tenham importância na vida profissional e pessoal. A tal “supermulher” que citei no artigo anterior virou referência e objetivo de vida, numa corrida insana para ver quem consegue primeiro. E isto se tornou uma prisão.
NEM TODA MÃE DÁ CONTA DE TUDO!
A verdade é que ninguém dá conta de tudo o tempo todo, seja mãe, pai, mulher ou homem. E tudo bem. A verdade é que esta é uma cobrança feita para as mulheres. Isso não te torna menos mulher, menos mãe, menos digna. Isso torna você humana. Assumir limites não é sinal de fraqueza. É sinal de autocuidado, de respeito próprio, de saúde, física, mental e emocional.
Porque veja, amar os filhos não elimina o direito ao cansaço, ao choro, ao desejo de silêncio. Mas muitas mulheres carregam culpa por não se sentirem plenamente felizes o tempo todo, por sentirem raiva, frustração, vontade de sumir por um dia. É importante dizer: sentir tudo isso não anula o amor. Só mostra que você é uma mulher real, com emoções legítimas, vivendo dentro de um sistema que exige demais e acolhe de menos.
Se você se sente sozinha mesmo estando rodeada de gente, saiba que isso tem nome. Muitas mulheres vivem a chamada “solidão acompanhada”: estão em relacionamentos, têm filhos, trabalham, convivem com outras pessoas, mas sentem-se invisíveis, não ouvidas, não compreendidas. Você não é a única. Muitas mulheres estão cansadas de serem as primeiras a levantar e as últimas a dormir. Cansadas de serem a base de tudo sem terem um colo para descansar.
Na próxima semana vamos conversar sobre maneiras de cuidar se si mesma, nesta rotina insana de ser mulher e mãe.
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Até a próxima.

Fátima Sueli Baroni Tonezer é psicóloga, formada em Psicologia na Universidade Estadual de Maringá (UEM). Sua maior paixão é estudar a psique humana. Atende na DDL – Clínica e Treinamentos – (45) 9 9917-1755