Começamos o sexto mês do ano. Oficialmente estamos caminhando para fechar o primeiro semestre. E o que isso quer dizer? Que já se passaram 5 meses e talvez seja hora de pararmos para refletir e lembrar das promessas do final de 2024. Quais passos você deu em direção as mudanças e planos que você idealizou? E para adiantar, não vamos conversar sobre emagrecimento e padrão estético.
Para facilitar nossa conversa, vamos imaginar a história de uma mulher, que pode ser uma de nós ou alguma desconhecida. Ela acorda cedo, organiza a casa, prepara o café, resolve pendências, trabalha fora, responde mensagens, cuida dos filhos, dos pais, do companheiro, tenta ir para a academia, e, no fim do dia, mal se lembra se respirou com calma. Ninguém vê o cansaço nos ombros, o nó na garganta, o aperto no peito. Para o mundo, ela é forte, incansável, admirável. Mas, no silêncio do quarto, ela desaba, embaixo do chuveiro, ela chora.
O PESO INVISIVEL!
Essa mulher não está apenas sobrecarregada. Ela carrega um peso invisível: a exigência de ser tudo para todos, sem nunca falhar. E muitas vezes, essa exigência tem raízes antigas, fincadas lá atrás, na infância ou adolescência. Talvez tenha aprendido que precisava se comportar para ser amada. Que não podia errar, chorar, pedir ajuda. Que o amor é sempre condicional. Que se ela fosse boazinha, agradasse o outro, talvez alguém ficasse, talvez não a machucassem.
A menina cresceu e virou mulher. Mas continuou carregando a mesma culpa, o mesmo medo de decepcionar, na continua busca por aceitação. Tornou-se exímia em cuidar dos outros, mas nunca aprendeu a cuidar de si. Não é raro que essa mulher se envolva em relacionamentos onde se doa demais e recebe de menos. Onde é elogiada por sua força, mas não amparada em sua fragilidade. Onde se acostuma com a ausência, porque sempre achou que precisava aguentar calada.
MAS ATÉ QUANDO?
Há um limite para o silêncio. Uma hora, o corpo fala, a mente colapsa, o vazio transborda. O corpo, tão esquecido e massacrado, começa a mostrar para o mundo as consequências das dores negadas, das noites mal dormidas, dos excessos (de solidão, estresse). Tudo o que é negado e negligenciado não deixa de existir. Vira dor latente, persistente, que transborda nas atitudes e nos sintomas. E nesse ponto, algumas mulheres começam a se perguntar: “E eu? Onde estou em tudo isso?”
É nesse momento que começa o caminho de volta. Voltar para si não é egoísmo. É sobrevivência, é coragem, é maturidade emocional. Cuidar de si não significa abandonar ninguém. Significa não se abandonar mais. Mas esse momento, além de ser um marco de descoberta da liberdade e autoamor possível, é marcado por muitas incertezas e receios. Afinal, é um caminho nunca trilhado. Aliás, na nossa sociedade, apesar de tantas postagens “bonitinhas”, a fiscalização e julgamento ainda são muito pesados sobre essa mulher que volta o olhar para si.
Comece devagar. Ao tomar consciência do vazio e dor interna, não queira mudar tudo em 24 horas. Não damos conta, pelas emoções despertadas e críticas de quem está perdendo a primazia. Comece com pequenas ações: uma pausa por dia, uma permissão para parar e respirar, sem estar sendo produtiva e útil. Um “não” bem colocado, por limites é um aprendizado que demanda treino, clareza e repetição. Um olhar mais gentil no espelho, além das “gordurinhas” e outros defeitos, enxergue o cansaço e entenda que você fez o que foi possível naquele momento.
Aprenda a manter uma conversa sincera com você mesma. O peso que você carrega não precisa ser para sempre. Com apoio, com afeto e com tempo, você pode começar a soltar o que não é seu. E descobrir, enfim, que ser forte também é saber pedir colo. E se este texto fez sentido para você, compartilhe com outras mulheres que também precisam desse alerta. Juntas podemos nos cuidar melhor. E siga @psicofatimabaroni para mais conteúdos sobre autoconhecimento e relacionamentos.
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Até a próxima.

Fátima Sueli Baroni Tonezer é psicóloga, formada em Psicologia na Universidade Estadual de Maringá (UEM). Sua maior paixão é estudar a psique humana. Atende na DDL – Clínica e Treinamentos – (45) 9 9917-1755
