Aprender a se proteger é um ato de amor-próprio
No mundo contemporâneo, vivemos o que Zygmunt Bauman chamou de “mundo líquido”, onde as prerrogativas são a velocidade, a performance, a felicidade. E repete-se a exaustão, que não há tempo a perder, que é preciso acompanhar tudo e dar conta de tudo.
Mas o que é perder tempo? O que é dar conta de tudo? Saber tudo o que está acontecendo, das notícias políticas, a última novidade para perder peso, manter a ascensão na carreira e formar uma família linda e perfeita. Cuidar de todos e manter o “shape”? É possível? Como fica a saúde, física e mental de nós, seres humanos? E ainda temos que considerar que essa sobrecarga recaí em todos, mas a pressão sobre a mulher é muitas vezes maior.
GANHAR TEMPO OU PERDER A VIDA?
A pressão sobre a mulher acaba sendo maior pela demanda de regras e cobranças que envolvem tanto a vida profissional, como a pessoal e familiar. Da mulher espera-se que cuide dos outros, que esteja disponível, sob pena de, ao não fazer, ser chamada de egoísta.
Pensa comigo. Quantas vezes você disse “sim” querendo dizer “não”? Quantas vezes se sobrecarregou para não decepcionar alguém?
O medo de rejeição faz com que muitas mulheres aceitem convites, tarefas, pedidos e relações que não querem sustentar. Mas o preço disso é alto: a perda da própria paz.
O “não” é frequentemente visto como falta de amor ou egoísmo. Mas, na verdade, é o contrário. Dizer “não” é reconhecer limites, é proteger energia, é ser honesta consigo mesma. É uma palavra pequena, mas que pode transformar vidas, porque resgata a dignidade de se colocar em primeiro lugar.
MAS COMO COLOCAR LIMITE SEM SENTIR CULPA?
Porque, claro, no início, a culpa aparece. Parece errado priorizar a própria necessidade. Mas, com o tempo, percebe-se que é justamente esse ato de respeito a si mesma que dá qualidade ao cuidado que oferecemos aos outros. Dizer “não” não é rejeitar o outro, é escolher a si. É um ato de amor-próprio poderoso, que abre espaço para relações mais justas, equilibradas e verdadeiras.
Aqui vale um alerta: o amor-próprio permite cuidar de si, mas também considerar e ajudar os outros. Ao contrário do egoísmo, que ignora as necessidades alheias para satisfação pessoal, é um cuidado com as próprias necessidades, desejos e limites de forma consciente e equilibrada. E que permite reconhecer e respeitar as necessidades alheias, ajudando quando possível, sem se prejudicar.
Quando desenvolvemos e alimentamos o amor-próprio, conseguimos reconhecer falhas e buscar melhorias, e com isso não nos sentir culpadas por nos colocar em primeiro lugar.
Se este artigo tocou você, guarde e releia quando estiver a ponto de se abandonar de novo, consumida pela culpa. E envie para outra mulher que precisa deste alerta. Não precisamos passar por isso sozinhas. E na próxima semana vamos continuar nessa jornada de reconexão e vida, conversando sobre dores, exaustão, culpas e silêncios.
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Até a próxima.
