O Presente
Fátima Baroni Tonezer

Quando a força é exaustão disfarçada

calendar_month 14 de julho de 2025
4 min de leitura

Continuando a navegar pela discografia brasileira, descobrimos que existem muitas músicas que abordam a força e a resiliência das mulheres, incluindo aí as que enfrentam situações de esgotamento. Cantoras com Iza, Elza Soares, Pitty, entre outras, que falam da complexidade da experiência feminina, da exaustão e da luta por reconhecimento.

Porque nem sempre o que chamamos de força é virtude, às vezes é o último fio de sobrevivência de quem está por um triz.

Vivemos em uma sociedade que aplaude a força, a resiliência e a capacidade de “dar conta de tudo”. Especialmente para as mulheres, a imagem da guerreira incansável se tornou símbolo de valor. Mas o que acontece quando essa força, na verdade, esconde uma exaustão silenciosa, uma dor que não encontra espaço para existir?

Este artigo é um convite à escuta: a escuta de si mesma, além dos papéis, das obrigações e da expectativa de perfeição.

A FORÇA QUE CANSA: O MITO DA MULHER INABALÁVEL

Desde muito cedo, nós, mulheres, aprendemos que precisamos ser fortes: para cuidar, sustentar, proteger e seguir em frente, mesmo quando tudo dentro de nós grita por socorro. A força, nesse contexto, vira uma armadura: protege por fora, mas sufoca por dentro. O problema é que a sociedade valoriza essa armadura e não ensina que força também pode ser pedir ajuda.

E leva à exaustão emocional, quando o corpo e a mente começam a falhar. A exaustão não aparece de um dia para o outro. Ela vai se insinuando em pequenos sinais ignorados: sono irregular, irritação constante, cansaço que não passa, falta de prazer em atividades que antes davam prazer. Quando o corpo começa a adoecer, muitas ainda se culpam por “não estarem dando conta”. Mas a verdade é que ninguém consegue carregar o mundo nos ombros por tempo indefinido sem se ferir.

E por trás dessa força existe o medo, a culpa e a solidão. Muitas vezes, o que mantém essa força em pé é o medo de decepcionar, de parecer fraca ou egoísta. Há também a culpa por parar, por descansar, por dizer não. E há a solidão de quem não se permite falhar. Quando a mulher precisa ser tudo para todos, ela desaparece de si mesma. E é aí que a força vira prisão.

O RISCO DE SE PERDER DE SI!

Quando a exaustão se torna um modo de viver, a mulher passa a funcionar no automático. As emoções são engolidas, as necessidades ignoradas e o prazer vira luxo. O que sobra é uma versão robotizada de si: eficiente, funcional, mas desconectada da própria essência. E quanto mais tempo ela se mantém nesse lugar, mais difícil se torna reconhecer quem é sem o peso da obrigação.

Nesse momento é preciso coragem para ser vulnerável. Reconhecer que está cansada, sobrecarregada e que algo precisa mudar exige uma coragem diferente: a coragem da vulnerabilidade. É nela que mora o verdadeiro recomeço. Ser vulnerável não é fraqueza, é um ato de humanidade e, muitas vezes, o primeiro passo para se reencontrar com a própria verdade.

E descobrir que força mesmo é se permitir parar. Ser forte de verdade é saber descansar, reconhecer seus limites. É quando a mulher entende que não é possível cuidar de tudo sem se cuidar também. Talvez esteja na hora de rever o que você chama de força e perceber se ela não está, na verdade, cobrando de você um preço alto demais. Você não precisa se provar o tempo todo, nem para os outros nem para si. O seu valor não está no quanto aguenta. Está no quanto se cuida, se escuta, se honra.

E se este texto tocou você, compartilhe com outras mulheres que também precisam desse alerta. Juntas podemos nos cuidar melhor.

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Até a próxima.

Fátima Sueli Baroni Tonezer é psicóloga, formada em Psicologia na Universidade Estadual de Maringá (UEM). Sua maior paixão é estudar a psique humana. Atende na DDL – Clínica e Treinamentos – (45) 9 9917-1755

 
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