O Presente
Fátima Baroni Tonezer

Quando o mundo exige força, mas tudo em você está em luto!

calendar_month 25 de agosto de 2025
3 min de leitura

Para encerrar esse ciclo falando de luto e silêncio, força e dor, pensei em escrever uma carta. Uma carta para uma mulher exausta, enlutada pelas perdas que a vida impõe, seja pela morte, seja pela falta de apoio e acolhimento das suas necessidades. Escolhi escrever em forma de carta, porque sempre sugiro as minhas pacientes e alunas a escrita terapêutica como ferramenta de ressignificação e acolhimento emocional.

Querida mulher…

Hoje eu escrevo com a alma atravessada. Escrevo para você, que talvez esteja vivendo uma dor silenciosa, aquela que ninguém vê, porque você aprendeu a esconder. Talvez você também tenha perdido alguém ou algo, alguma parte sua que não sabe mais como encontrar.

Talvez esteja tentando se manter de pé, dando conta do trabalho, da casa, das demandas que nunca param, enquanto, por dentro, seu peito carrega um vazio e uma estranheza que não tem nome. E ainda assim, dizem que você é forte, que você dá conta de tudo. Que vai passar…

Mas ninguém vê o cansaço que se acumula nos seus ossos. Ninguém percebe a lágrima que você segura, o grito que engole, o abraço que precisa, mas não pede. Porque você sempre foi a que cuida, a que organiza, a que segue. Mesmo quando a dor aperta. Mesmo quando tudo o que você queria era poder desabar.

Hoje, quero te dizer com toda a delicadeza do mundo: você não precisa ser forte o tempo todo. Você não precisa carregar o peso sozinha. Você tem o direito de sentir, de chorar, de parar. Tem o direito de viver o luto, com todas as suas fases confusas, com todas as culpas e silêncios que ele traz.

E, acima de tudo, você tem o direito de se cuidar. De olhar para si com a mesma ternura que oferece aos outros. De dizer: “hoje, não dou conta” e pedir colo.

De existir inteira, mesmo ferida. O mundo pode continuar exigindo. Mas sua alma está pedindo por algo muito mais importante: acolhimento, presença, respeito pela sua dor.

Que você se permita, aos poucos, se escutar. E que nesse processo, encontre um espaço de verdade onde você não precise mais fingir força, mas possa simplesmente ser.

Com carinho,

Fátima

COMO ACOLHER A DOR EM VEZ DE SILENCIÁ-LA?

Vivemos em uma cultura que nos ensina a calar a dor. Frases como “seja forte”, “não chore”, “levante a cabeça” são repetidas como se sentir fosse perigoso. Mas quando você silencia a dor, ela não desaparece, ela se esconde. E mais cedo ou mais tarde, ela volta em forma de ansiedade, insônia, impaciência, esgotamento.

Acolher a dor é dar um lugar seguro para que ela exista. É poder dizer: “Estou sofrendo.” “Não estou bem.” “Preciso de ajuda.”

A dor precisa de espaço. Precisa de colo. Precisa de tempo. Você pode escrever sobre o que sente. Falar com alguém da sua confiança. Permitir-se chorar sem culpa. Respirar fundo sem pedir desculpas.

A dor que é acolhida pode, aos poucos, se transformar. Mas a dor que é silenciada se transforma em prisão. E você não veio ao mundo para viver aprisionada em força fingida. Você tem o direito de sentir. E tem o direito de ser acolhida, inclusive por si mesma. E se este texto tocou você, compartilhe com outras mulheres que também precisam desse alerta. Juntas podemos nos cuidar melhor. E vamos continuar conversando sobre dores, exaustão e silêncios.

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Até a próxima.

Fátima Sueli Baroni Tonezer é psicóloga, formada em Psicologia na Universidade Estadual de Maringá (UEM). Sua maior paixão é estudar a psique humana. Atende na DDL – Clínica e Treinamentos – (45) 9 9917-1755

 
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