O prazer esquecido como ferramenta de autoestima
Ao pensar neste texto, veio em minha mente a imagem de um cachorro correndo atrás do próprio rabo. Para eles, imagino, uma brincadeira. Mas a metáfora que veio é que, às vezes, sinto como se nós, seres humanos, estivéssemos correndo atrás do “próprio rabo”, no sentido de estarmos o tempo todo buscando a felicidade e alcançar as coisas que nos farão felizes.
A DITADURA DA FELICIDADE
Essa ditadura nega a realidade. A vida real pressupõe que existem momentos felizes, como momentos de tristeza e solidão. Estamos sempre nos deparando com escolhas e decisões, às vezes fáceis, outras dolorosas. E estamos esquecendo que ao escolher um caminho, renunciamos a tantos outros possíveis, que poderiam ser melhores, mas também muito piores.
O que realmente te dá prazer?
Muitas mulheres não sabem responder a essa pergunta. Com o tempo, o peso das responsabilidades, as cobranças externas e a rotina exaustiva fizeram com que se desconectassem do próprio desejo. O prazer foi sendo adiado, colocado em último lugar, até parecer algo supérfluo ou até proibido quando é para si mesma.
Mas viver sem prazer é viver em estado de sobrevivência. Sem momentos de alegria, riso e leveza, a vida se torna apenas uma lista de tarefas. E a autoestima, sem alimento, vai enfraquecendo.
É POSSÍVEL SENTIR PRAZER SEM SER EGOÍSTA?
Resgatar o prazer não exige grandes revoluções. Pode estar em gestos simples: dançar sem motivo, escrever, caminhar sem pressa, ouvir música, cozinhar algo que desperte lembranças boas. O prazer devolve cor ao cotidiano e lembra que somos mais do que papéis sociais, somos seres humanos com necessidades emocionais.
Para descobrir o que te faz bem, experimente coisas novas, analise seus sentimentos durante diferentes atividades e dedique tempo para si mesma para refletir. E faça uma análise: aprenda a observar e nomear os seus sentimentos, prestando atenção aos momentos em que se sente genuinamente feliz, tranquila, realizada.
Faça uma lista, anotando tanto as coisas grandes como as pequenas que te fazem feliz. Ao mesmo tempo, identifique e anote o que te incomoda, o que te deixa infeliz ou que você faz por convenção social. Perceba as atividades, como conversar com amigos que te escutam de verdade, que te façam sentir valorizada e validada.
Redescobrir o que te faz bem é se reconectar com a própria essência. É entender que o prazer não é luxo, mas parte fundamental da autoestima e do amor-próprio. Aprenda a reservar um tempo para você, desconecte-se do trabalho e das obrigações para passar um tempo sozinha, lendo um livro, caminhando ou simplesmente descansando.
Se inclua na própria agenda, priorize o que te faz bem. Inclua na sua rotina atividades que te tragam felicidade e bem-estar. E principalmente, não desista. O caminho nem sempre é linear. Se algo não funciona, mude de rumo, ajuste a rota. O essencial é começar e ir descobrindo o que te faz bem no processo, enquanto caminha.
Se este artigo tocou você, guarde e releia quando estiver a ponto de se abandonar de novo, consumida pela culpa. E envie para outra mulher que precisa deste alerta. Não precisamos passar por isso sozinhas. E na próxima semana vamos continuar nessa jornada de reconexão e vida, conversando sobre dores, exaustão, culpas e silêncios.
Siga @psicofatimabaroni para mais conteúdos sobre autoestima e amor-próprio.
Clique aqui e acesse todos os artigos desta coluna.
Até a próxima.
