Vamos falar de autoestima? De amor-próprio? De autocuidado? Durante o tempo que fiquei pesquisando, pensando e olhando minhas emoções provocadas por tantos relatos que li ou ouvi, uma coisa me incomodava ou clamava por atenção. E comecei a questionar como nossa autoestima fica nesse mar de cobranças de padrões e exigências?
E me vi questionando nossas atitudes e exigências nos relacionamentos, seja amoroso, familiares ou sociais. E já começo deixando claro que o que vou abordar a seguir não tira a responsabilidade do outro, ou seja, isso não deixa o outro livre ou que ele esteja certo e eu errada, muito pelo contrário. Cada um deve assumir o seu papel e responsabilidade. A ideia aqui é olhar para a mensagem que preciso captar, isto é, o que está por trás das nossas exigências?
O QUE MINHAS EXIGÊNCIAS ESTÃO MANIFESTANDO?
Você já ouviu falar da lei de espelho no seu relacionamento amoroso, familiar ou profissional e social? Essa lei nos avisa que as exigências que fazemos aos outros podem conter mensagens para nós mesmas, que não conseguimos perceber, ou interpretar. Vamos a alguns exemplos para clarear a ideia.
Uma fala recorrente em algumas mulheres é: “me sinto ignorada por você!”. A mensagem oculta por trás desta mensagem pode ser “não estou dedicando tempo suficiente a mim mesma”, “estou priorizando os outros”, “tenho dificuldade em atender as minhas necessidades”. Nesse padrão contemporâneo, onde nós, mulheres, somos chamadas e cobradas a dar conta dos outros, com os superpoderes de Mulher-Maravilha, não ouvimos nossos sentimentos, não percebemos ou escolhemos ignorar os sinais que nosso corpo envia, mesmo cansada e esgotada, ou tristes e com raiva, continuamos e cobramos dos outros que enxerguem e nos entendam.
Outra situação comum é ouvir “você está sempre irritada”. A interpretação desta mensagem, quando tudo te irrita talvez seja que você não se permite estabelecer limites, tem dificuldade em dizer não, age com complacência com aquelas coisas que não deveria permitir e este sentimento acaba gerando outro: a culpa. Me sinto culpada e me cobro, pois eu deveria dar conta, ter paciência, ser mais forte, ter controle… E quantas outras cobranças auto infligidas em nossa vida? Sentir culpa por não dar conta e sentir-se exausta é comum e sinaliza alerta.
O ponto anterior nos leva à outra reclamação ou fala recorrente: “Você nunca me ajuda”. Com isso, podemos estar dizendo que estamos nos deixando de lado pelas várias obrigações que assumimos. Afinal, é bem claro quais são todas as obrigações da mulher, certo? Errado. Num relacionamento amoroso e no familiar, todas as pessoas envolvidas devem assumir suas responsabilidades e dividir as tarefas. Precisamos deixar de normalizar e romantizar o homem que ajuda a cuidar dos filhos, por exemplo.
Querida, ele não tem que ajudar. Ele tem a obrigação de dividir os cuidados, seja com os filhos, com a casa, enfim. E detalhe, se ele precisa ser elogiado cada vez que cumpre a sua obrigação: Cuidado, liga o alerta.
QUEM OLHA PARA DENTRO, ACORDA!
Estas são algumas mensagens que emitimos e precisamos aprender a decodificar e interpretar. Para isso, precisamos aprender a olhar para dentro de nós, como diz Carl G. Jung, psiquiatra e psicoterapeuta suíço, criador da Psicologia Analítica, e reconhecer as nossas necessidades e agir de acordo com elas, ao invés de querer que o outro mude. Estas situações servem para nos mostrar, através do comportamento do outro, o que precisamos melhorar em nós mesmas.
E quando você começa a trabalhar em si mesma, verá a mágica acontecer. Você deixará de ver as coisas como algo que precisa ser ajustado, que o outro precisa mudar, enquanto você continua se esforçando e adoecendo para dar conta e verá seu ambiente e seu parceiro mudar.
E o primeiro passo para desenvolver e praticar o autoamor, equilibrar sua autoestima é descobrir se você sabe identificar e nomear suas emoções. Você sabe traduzir suas sensações e sentimentos? Já parou para perceber que você é uma mulher brava e, ao invés de se chicotear, se permitiu olhar para essa sobrecarga e começar a se desvencilhar dela, deixando tempo para descansar e se cuidar? Olhar para si com gentiliza e acolhimento?
Já escrevi muito aqui sobre autocuidado e amor-próprio, mas vamos continuar conversando porque, afinal, esse é um lugar de acolhimento e afeto. E se este texto fez sentido para você, compartilhe com outras mulheres que também precisam desse alerta. Juntas podemos nos cuidar melhor.
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Até a próxima.

Fátima Sueli Baroni Tonezer é psicóloga, formada em Psicologia na Universidade Estadual de Maringá (UEM). Sua maior paixão é estudar a psique humana. Atende na DDL – Clínica e Treinamentos – (45) 9 9917-1755