O que significa uma mulher que se cala?
Falando ainda de como nós, mulheres, somos preparadas para nos colocar no mundo, para sermos vistas e pertencermos, vamos continuar olhando para o silêncio, este barulho ensurdecedor que nos trava, assusta e nos diminui.
A olhos e ouvidos desatentos, pode parecer que ao se calar, uma mulher está desistindo, se acomodando, se enquadrando no papel que lhe foi destinado. Está sendo passiva. Mas talvez essa não seja a verdade, ou a única resposta.
SILÊNCIO NÃO É FALTA DO QUE FALAR!
Antes de perguntar a uma mulher por que ela está quieta, pergunte quantas vezes o que ela disse foi ignorado. Antes de criticar o silêncio de uma mulher, lembre-se de que dentro dele podem morar dores, mágoas e histórias que você talvez nunca imagine.
Como psicóloga, preciso dizer: o silêncio nem sempre é vazio. Muitas vezes, ele é o eco de palavras que não encontraram espaço, de sentimentos que não foram acolhidos, de uma força que se desgastou tentando ser escutada. É o cansaço de não poder existir.
Quando uma mulher escolhe se calar, não é porque não tem nada a dizer. É porque, talvez, cansou de falar para paredes, de repetir o mesmo pedido, de esperar ser vista. O silêncio pode ser o último refúgio de quem aprendeu, ao longo do tempo, que falar dói mais do que calar.
VOCÊ SE RECONHECE NESSE SILÊNCIO?
Ele pode ser um mecanismo de defesa, uma barreira protetora contra emoções dolorosas, conflitos desgastantes ou a frustração de não ser validada. Pode ser também um aprendizado duro do cérebro: “falar não adianta, é mais seguro guardar e calar”.
Mas lembre-se: silêncio não significa fraqueza. Silêncio é sobrevivência. É a forma que muitas mulheres encontraram para seguir em meio ao cansaço e à indiferença. É um mecanismo de proteção e sobrevivência.
E, ao mesmo tempo, todo silêncio também carrega um pedido escondido: o desejo de, um dia, encontrar um espaço onde suas palavras não apenas sejam ouvidas, mas escutadas e respeitadas. Porque já descobriram que dentro delas existe um espaço silencioso que não precisa de aprovação externa. Porque quando se conecta com ele, a mulher descobre que seu valor nunca dependeu de aplausos. E se este texto tocou você, compartilhe com outras mulheres que também precisam desse alerta. Juntas podemos nos cuidar melhor, porque amizade entre mulheres é cura. E vamos continuar conversando sobre dores, exaustão e silêncios.
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Até a próxima.

Fátima Sueli Baroni Tonezer é psicóloga, formada em Psicologia na Universidade Estadual de Maringá (UEM). Sua maior paixão é estudar a psique humana. Atende na DDL – Clínica e Treinamentos – (45) 9 9917-1755