O Presente
Osnei Alves

Entre carências e conquistas: a visão invisível do desejo

calendar_month 24 de junho de 2025
2 min de leitura

Dizem que o desejo é produto da vontade, mas dá-se o oposto: a vontade é produto do desejo (Denis Diderot)

As pessoas, em sua trajetória diária, correm para saciar carências que alternam as suas emoções diante do dinheiro, afeto, prestígio e sentido. Celebramos vitórias fugazes enquanto vitrines e telas vendem a ilusão de triunfos definitivos: ali, felicidade parece pacote fechado, sem validade.

Por outro lado, metas têm mérito. Precisamos de alvos para engatar novos planos e redesenhar estratégias econômicas, sociais, educativas e políticas. O conhecimento, temperado com a dura matéria dos fatos, verte para todos os domínios: afinal, viver implica dinheiro, vínculos, emoções, até mesmo quando se trafega pelo campo “intangível” da arte.

E que paradoxo é a arte: outrora vista como instável, hoje inspira inovação em profissões antes sólidas como rocha. Resolver problemas exige sintetizar saberes que a escola costumou separar em caixinhas. O artista é forte justamente porque transforma percepção em valor — ainda que vender esse valor, às vezes, soe supérfluo diante do básico. Só que o espírito também exige alimento.

As necessidades físicas – comer, morar, cuidar da saúde, trabalhar – são nítidas. Mas num mercado saturado, marcas sofisticam desejos até que muitos confundam vontade com urgência. Deslizamos para dívidas por prazeres instantâneos que cobram parcelas longas. Ainda assim, livros, filmes, novelas: quem não encontra abrigo neles? Satisfação sutil, porém, decisiva.

O marketing vasculhou história, sociedade e cultura para mapear essa visão do querer: descobriu que toda necessidade pode virar desejo e vice-versa. Alguns se endividam; outros convertem frustração em motor de mudança. O desconforto, nesse sentido, é docente severo: força-nos a pensar, aprender, refazer rotas.

Riscos pressupõem um plano; incertezas avisam que não há manual garantido. A educação, antes privilégio, agora se democratiza de forma on-line — mas acesso sem direção vira dispersão. Aí emerge o papel do líder: articular conhecimento em propósito, lembrar que não há verdades absolutas, só múltiplos caminhos para resultados possíveis.

Em cada amanhecer coexistem esperança e amargura. Escolher qual delas nutrir talvez seja a conquista mais duradoura que nos cabe.

Quem é Osnei Francisco Alves


  • Osnei Francisco Alves é especialista na área de gestão, estratégia empresarial, marketing, comunicação, tecnologia, educação, entre outras. Escritor de livros e artigos científicos. Atualmente, gerente executivo do Senac em Marechal Cândido Rondon.
    consultorosnei@gmail.com

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