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Osnei Alves

Liderança contemporânea: desafios, dilemas e possibilidades

calendar_month 28 de outubro de 2025
5 min de leitura

O líder transformacional inspira, motiva e estimula o desenvolvimento de seus liderados, elevando o nível de desempenho e de consciência coletiva (BASS, 1990, p. 21)

No contexto organizacional contemporâneo, marcado por transformações rápidas, alta competitividade e pressões constantes por resultados, a busca de sentido no trabalho tornou-se um desafio central. As empresas deixaram de ser apenas locais de produção e passaram a ser espaços onde indivíduos buscam realização, pertencimento e reconhecimento.

A razão, por si só, garante eficiência e racionalização de processos, mas quando isolada tende a reduzir as pessoas a meros recursos produtivos. As emoções, por sua vez, influenciam diretamente a motivação, o engajamento e o clima organizacional. Já a espiritualidade amplia horizontes, permitindo que colaboradores e líderes enxerguem o propósito por trás de suas atividades.

Organizações que compreendem e valorizam essas dimensões tendem a apresentar maior engajamento, menor rotatividade e ambientes mais colaborativos, além de favorecer a inovação e a sustentabilidade. Integrar razão, emoção e espiritualidade no contexto corporativo significa reconhecer que o ser humano é um todo complexo, que pensa, sente e busca significado em suas ações.

A figura do líder tem sido objeto de estudo ao longo de toda a história, e a psicologia social fez da liderança um de seus principais temas de investigação. Um dos achados mais consistentes de historiadores, sociólogos e psicólogos sociais é que a forma de exercer liderança depende de múltiplos fatores: o contexto em que o grupo está inserido, a natureza das tarefas a serem realizadas e o perfil dos liderados. A multiplicidade de teorias sobre liderança se explica justamente porque cada linha de pesquisa privilegia um desses elementos, aprofundando-se nele e deixando de lado outros aspectos. Isso faz com que todas as abordagens sejam, de certo modo, válidas, pois cada uma ilumina uma parte da complexa realidade que envolve o fenômeno da liderança, mas nenhuma consegue abarcar sua totalidade.

No século XXI, a discussão se ampliou ainda mais, incorporando perspectivas como a liderança transformacional, que busca inspirar e mobilizar pessoas em torno de um propósito coletivo; a liderança servidora, centrada na ética, na empatia e no cuidado com os liderados; e a liderança adaptativa, voltada para a inovação e a tomada de decisão em ambientes de incerteza. Essas diferentes abordagens revelam que a liderança é um fenômeno dinâmico, em constante evolução, e que se molda às demandas sociais, culturais e organizacionais de cada época.

Assim, pode-se afirmar que compreender a liderança exige uma análise multidimensional, capaz de integrar razão, emoção, ética, cultura e propósito. Nenhuma teoria isolada oferece todas as respostas, mas juntas elas constroem um mosaico de interpretações que ajudam a compreender a complexidade desse fenômeno humano.

Outro ponto relevante é que muitas dessas teorias nem sempre consideram que as organizações passam por diferentes fases de desenvolvimento e que, em cada etapa, suas necessidades e desafios mudam. Assim, uma forma de liderança eficaz em determinado momento pode não ser a mais adequada em outra circunstância.

A liderança, em essência, consiste em conduzir pessoas de forma a alinhar comportamentos, inspirar ações e direcionar esforços para alcançar objetivos comuns, apoiando-se em valores e princípios que projetam uma visão de futuro. No entanto, observa-se nas organizações atuais uma valorização crescente da performance individual, o que pode dificultar a compreensão da importância da coletividade e da interdependência entre os membros de uma equipe.

Desde os registros mais antigos da civilização, a história é marcada por líderes que inspiraram transformações e revoluções — figuras como Gandhi, Napoleão ou outros que protagonizaram momentos de ruptura. Esse padrão nos leva a crer que a liderança está sempre associada a grandes mudanças sociais, quando, na realidade, ela é igualmente necessária em situações cotidianas, em diferentes contextos.

No ambiente corporativo, a liderança assume um papel ainda mais desafiador. Barreiras hierárquicas e setoriais frequentemente dificultam a troca de informações, e a velha máxima “informação é poder” ainda persiste, criando ruídos de comunicação e dificultando a colaboração. A consequência é a perda de eficiência organizacional, já que equipes fragmentadas tendem a operar de forma desconexa e pouco produtiva.

Por isso, a competência de liderar vai muito além de momentos históricos ou de personalidades carismáticas. Ela é indispensável para coordenadores de equipes, treinadores esportivos, regentes de orquestra, professores e gestores empresariais. Liderar significa criar condições para que pessoas trabalhem de forma integrada, superem obstáculos e alcancem resultados sustentáveis, seja em grandes transformações ou em desafios do dia a dia.

Referências

BASS, B. M. From transactional to transformational leadership: learning to share the vision. Organizational Dynamics, v. 18, n. 3, p. 19-31, 1990.

Quem é Osnei Francisco Alves


  • Osnei Francisco Alves é especialista na área de gestão, estratégia empresarial, marketing, comunicação, tecnologia, educação, entre outras. Escritor de livros e artigos científicos. Atualmente, gerente executivo do Senac em Marechal Cândido Rondon.
    consultorosnei@gmail.com

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