Grandes líderes quase sempre são grandes simplificadores, que conseguem passar por discussões, debates e dúvida para oferecer uma solução que todos possam entender (Colin Powell, secretário de estado norte-americano)
No ambiente organizacional contemporâneo, a liderança ocupa um papel central na condução das equipes e na realização dos objetivos institucionais.
Tradicionalmente, ela é compreendida como a capacidade de influenciar pessoas a se engajarem voluntariamente na busca de metas comuns. Autores como George R. Terry, Harold Koontz e Stephen Covey definem a liderança como um processo de influência interpessoal, uma arte que envolve capacitar, comunicar e inspirar. Essas visões continuam válidas, mas hoje se observa uma necessidade de repensar o exercício da liderança à luz das transformações sociais, tecnológicas e culturais que moldam as organizações atuais.
Com a crescente complexidade dos contextos organizacionais, o modelo de liderança baseado na figura heroica e centralizadora do líder começa a dar lugar a uma perspectiva mais coletiva, horizontal e adaptativa. Nesse novo paradigma, emerge a liderança distribuída, que compreende a liderança como uma função que pode ser exercida por diferentes membros da equipe, conforme a situação e as competências exigidas. Essa abordagem está alinhada com os princípios da teoria da complexidade, que sugere que sistemas – como as organizações – não funcionam de forma linear, mas sim como redes interdependentes, influenciadas por múltiplas variáveis e sujeitos a mudanças imprevisíveis.
Enquanto a liderança tradicional valoriza o controle, a previsibilidade e a autoridade formal, a liderança emergente aposta na inteligência coletiva, na auto-organização e na adaptabilidade. Ela entende que o papel do líder não é o de ditar o futuro, mas de criar as condições para que as soluções surjam do próprio grupo. Isso exige sensibilidade, escuta ativa, mediação de conflitos, estímulo à criatividade e abertura à inovação.
Contudo, essas duas abordagens – a clássica e a emergente – não são necessariamente excludentes. Pelo contrário, elas podem ser complementares. A capacidade de planejar, avaliar, recompensar e estimular, como ressaltado nos fundamentos tradicionais, continua sendo essencial. No entanto, o líder eficaz do século XXI é aquele que também sabe compartilhar poder, estimular a cooperação genuína e lidar com a inevitável oposição interna com maturidade e empatia.
É importante ressaltar que a liderança eficaz não é apenas sobre tomar decisões ou controlar processos. Trata-se, sobretudo, de influenciar com propósito, motivar pessoas, alinhar valores e fomentar um ambiente onde todos se sintam corresponsáveis pelos resultados. Isso implica abandonar o modelo de comando e controle e adotar uma postura mais aberta, onde a comunicação e a construção conjunta ganham protagonismo.
Assim, a liderança organizacional deve ser vista como um processo dinâmico, que transcende cargos formais e se manifesta nas interações cotidianas, nas trocas simbólicas e nos comportamentos coletivos. Líderes bem-sucedidos hoje são aqueles que não apenas “dirigem subordinados”, mas que promovem a participação ativa, reconhecem talentos distribuídos e constroem pontes entre os indivíduos e os objetivos da organização.
Dessa forma, a liderança deixa de ser um ato solitário e se torna uma experiência relacional, colaborativa e multifocal, capaz de enfrentar a complexidade com inteligência emocional, visão sistêmica e espírito de rede.
Quem é Osnei Francisco Alves
Osnei Francisco Alves é especialista na área de gestão, estratégia empresarial, marketing, comunicação, tecnologia, educação, entre outras. Escritor de livros e artigos científicos. Atualmente, gerente executivo do Senac em Marechal Cândido Rondon.
consultorosnei@gmail.com
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