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Alerta! Sífilis avança e gera preocupação

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iStock/jarun011

Relação sexual sem uso de preservativo é a principal forma de transmissão. Cura é garantida se for realizado tratamento

 

O Ministério da Saúde admitiu, recentemente, que o Brasil enfrenta uma epidemia de sífilis. De acordo com o boletim epidemiológico do governo, de 2010 a 2016 foram notificados quase 230 mil novos casos da doença. Apesar de o crescimento ser registrado continuamente há seis anos, somente agora a situação foi classificada como caso epidêmico.

Mas os casos não param por aí. Isto porque a sífilis também tem gerado preocupação na 20ª Regional de Saúde de Toledo. As notificações de sífilis congênitas – que são transmitidas pelas mães grávidas aos bebês durante a gravidez ou parto – somaram 64 casos dos anos de 2007 a 2015, segundo dados obtidos com o órgão estadual.

A sífilis é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) que pode passar décadas despercebida no organismo de uma pessoa e só depois manifestar-se novamente. A infecção é causada pela bactéria Treponema pallidum, descoberta em 1905. Raramente, a doença pode ser transmitida pelo beijo – caso a pessoa infectada apresente feridas na boca, independente se for na primeira ou segunda fase -, mas também pode ser congênita.

A tendência é de que a grande maioria das pessoas com sífilis não tenha conhecimento da infecção, podendo transmiti-la aos seus contatos sexuais. Isso ocorre devido à ausência ou escassez de sintomatologia, dependendo do estágio da infecção. Quando não tratada, a sífilis pode evoluir para formas mais graves, comprometendo outros sistemas do corpo.

 

Crescimento

De acordo com a enfermeira do setor de Epidemiologia da Secretaria de Saúde de Marechal Cândido Rondon, Vera Lehr, o tema é uma preocupação do Ministério da Saúde há muito tempo. Apesar de ser milenar, a sua causa é conhecida, o exame é fácil, o tratamento é simples e ainda hoje tornou-se motivo de preocupação. Em termos de Regional, há dados de 2007 até 2015 em uma série histórica de sífilis congênita, de crianças que nasceram de mães com sífilis e que foram acometidas pela doença. Temos uma taxa de crescimento muito grande, porque em 2007 foram dois casos, em 2008 quatro, de 2009 a 2011 se manteve baixo. Em 2012 começou a subir, cujo resultado foi de sete casos, em 2013 foram 14, no ano de 2014 foram 17, enquanto em 2015 foram notificados 11. Para este ano ainda não há números, diz.

Conforme a profissional, paralelo a isso tem a estatística de sífilis nas gestantes. Dois anos atrás foram 54 casos, ano passado foram 66, enquanto até o início de outubro deste ano foram notificados 49 casos. Os dados são relativos aos 18 municípios da 20ª Regional de Saúde com sede em Toledo. É possível pensar que o tratamento melhorou devido à redução de casos congênitos observados no ano passado, mas temos receio porque faltou muito Benzetacil, que é o tratamento primário e o mais eficiente. Há outros antibióticos que os médicos substituem, porém o ideal é o Benzetacil. Este ano já houve melhora no abastecimento, então este problema não está ocorrendo, menciona.

 

Transmissão e Sintomas

Vera salienta que a sífilis é transmitida por via sexual e sanguínea. A maioria dos casos ocorre devido à relação sexual sem uso de preservativo. Então quando se fala em sífilis, deve se falar em IST, sendo que o uso de preservativo é a melhor maneira de evitar sífilis, Aids, gonorreia, hepatites e todas as infecções. A prevenção foi deixada de lado desde que a Aids não tem mais aquele fator de medo por não estar mais associada à morte, especialmente pela nova geração de adolescentes, expõe. Para coibir a transmissão, também deve ser evitado o uso de droga injetável, compartilhamento de seringa e uso de drogas por cachimbo.

A sífilis se classifica em primária, secundária e terciária. O primeiro sintoma é uma lesão, uma ferida que surge nos órgãos genitais ou na boca alguns dias após a contaminação. É uma ferida indolor que algumas vezes passa despercebida, mas que se a pessoa descobre, realiza o exame e faz o tratamento de forma correta ela tem cura, enaltece.

Se a pessoa não trata, a ferida desaparece e a doença continua circulando, sendo que um período mais tarde ocasiona o aparecimento de manchas no corpo, principalmente nas mãos e nos pés, já na fase secundária. Novamente a pessoa tem condições de fazer exame, diagnóstico, tratar e se curar. Caso não se trate, essas manchas e lesões desaparecem e tempos depois, o que pode levar até 30 anos, as complicações serão mais sérias, afetando o sistema nervoso central, parte óssea e cardíaca, alerta a rondonense.

A sífilis congênita ocorre quando a mãe tem a doença e transmite para o bebê, o que se manifesta já por ocasião do nascimento. Ela pode causar aborto, assim como má formação, entre problemas cardíacos, cerebrais e na pele, informa Vera, acrescentando que o exame é de rotina, sendo que no período de gravidez ele deve ser realizado em três oportunidades. É importante reforçar para que as gestantes mantenham esta preocupação, pontua.

 

Ações da Saúde

De acordo com a enfermeira, 1º de dezembro é o Dia Mundial de Combate à Aids. Se a gente combate a Aids, também combate as outras ISTs. Todo ano realizamos ações para divulgar, orientar a população e aumentar a oferta de exames, sendo que neste ano vamos alertar sobre Aids e sífilis. Hoje a Secretaria de Saúde oferece os testes rápidos na maioria das unidades de saúde e, também, no 24 Horas. O ideal é examinar caso a pessoa teve relação sexual desprotegida. Se detectar sífilis, a doença é de tratamento e de cura, o que não justifica este problema estar tão grande. Isto é um sintoma de que as pessoas não estão se cuidando, diz.

Vera salienta que a chance de cura é de 100% para quem faz o tratamento de maneira correta. A gente faz o controle, enquanto o paciente faz exame quantitativo e se detectar realiza o tratamento e continua controlando conosco esses exames periodicamente. O tempo de duração dos exames é influenciado se a pessoa é gestante ou não. Se for sífilis primária a chance de cura é mais rapida. A sífilis pode levar à morte no caso da sífilis terciária e congênita por aborto, problemas cardíacos e neurológicos, finaliza.

 

Epidemia no Brasil

O ministro da Saúde, Ricardo Barros, afirmou que os casos de sífilis subiram em número significativo. Estamos tratando o problema como epidemia até para que os resultados de redução sejam os mais expressivos possíveis. Os recursos estão disponíveis. É preciso que as pessoas se submetam aos testes e aos tratamentos, disse.

Em 2015, a cada mil bebês nascidos, 6,5 eram portadores de sífilis. Somente cinco anos antes, em 2010, esse número era de 2,4 bebês em cada mil nascimentos. Isso quer dizer que a incidência da sífilis congênita praticamente triplicou em meia década. Portanto, em tempos de epidemia, é fundamental estar a par de todas as informações relacionadas à doença.

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