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Ansiedade: o mal do século

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Taquicardia, falta de ar, angústia. Esses são alguns dos sintomas clássicos da ansiedade, um transtorno que tem cada vez mais ganhado espaço nas discussões de muitas rodas de conversas. Ainda visto por muitos como algo sem importância, a ansiedade é um dos transtornos que mais tem acometido a população brasileira.

Segundo dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em fevereiro deste ano, referentes a 2015, o número de pessoas com transtornos de ansiedade era de 264 milhões naquele ano, um aumento de 14,9% em relação a 2005. A prevalência na população mundial é de 3,6%. O Brasil é recordista mundial em prevalência de transtornos de ansiedade: 9,3% da população sofre com o problema. Ao todo, são 18,6 milhões de pessoas.

Romantizada por alguns e vista como frescura por outros, a ansiedade exige tratamento com profissional e medicação, em alguns casos. O transtorno, dependendo do tipo e grau, pode afetar diretamente a vida pessoal e profissional da pessoa.

Conforme a psicóloga Fátima Tonezer, a ansiedade é algo que sempre esteve presente na vida do homem, e foi isso que fez com que todos se adaptassem às necessidades. Porém, a partir do momento em que essa ansiedade extrapolou é que se transformou em algo patológico, em um transtorno, comenta.

 

DE PESSOA PARA PESSOA

A profissional explica que a ansiedade varia de pessoa para pessoa. Ela acontece porque vai muito da interpretação que eu dou para determinada situação, diz. E exemplifica: Atualmente estamos em um momento de crise no Brasil. Não é a pior, pois já passamos por outras. Mas, por conta disso, há pessoas que, apesar de estarem bem estabelecidas e com um bom emprego, não dormem mais à noite e desenvolvem problemas como úlcera ou gastrite, por exemplo. A pessoa fica pensando no e se eu perder meu emprego, e se alguma coisa acontecer. De acordo com Fátima, a pessoa não age de acordo com o aqui e agora, ela cria situações do que pode acontecer e vive dentro dessas histórias.

 

SITUAÇÕES CRIADAS

A psicóloga comenta que atualmente vive-se em um momento em que há expectativas para tudo. Vivemos com aquela sensação de que eu tenho que ter. Tenho que ter a aparência e o corpo que disseram, tenho que ter tal carro, aquele emprego, receber tal salário. E, por isso, muitas vezes eu abro mão das minhas coisas e me afasto de mim. E quanto mais longe de mim eu estou, maior é a minha baixa autoestima, minha intolerância com as frustrações, e acabo achando que o problema sou eu, comenta.

Segundo Fátima, já há alguns anos a ansiedade deixou de ser fisiológica, a serviço da sobrevivência, e passou a ser um transtorno e estar a serviço da existência daquilo que a sociedade prega que a pessoa deve ter.

 

ACOMPANHAMENTO

Ana* faz parte dos 9,3% da população brasileira que sofre de ansiedade. Ela descobriu a doença em 2013, quando teve uma crise enquanto trabalhava. Foi depois disso que procurei um médico e ele me orientou a procurar um psicólogo. Mas, na época, não dei muita importância, lembra. A jovem somente procurou um especialista neste ano, quando foi fazer os testes para tirar a carteira de motorista. Foi ali que realmente percebi que precisava de acompanhamento, conta.

A rondonense comenta que foi diagnosticada com pânico, fobia, transtorno obsessivo compulsivo e fobia social. Há dois meses estou fazendo o acompanhamento com a psicóloga, mas não tomo nenhuma medicação, menciona, acrescentando que desde que começou o tratamento nota que vem melhorando. Estou tentando me controlar aos poucos. Quando noto que estou com os sintomas procuro respeitar fundo, caminhar, tomar uma água e me controlar, comenta.

De acordo com a jovem, ela já está lindando melhor com as crises. Notei que meu dia a dia está melhor. Vejo que não tem mais porque eu ficar ansiosa por algo, basta manter o autocontrole, destaca.

 

SINTOMAS

Entre os sintomas mais comuns da ansiedade estão a taquicardia, falta de ar, angústia, pressão no peito, mãos ou extremidades frias e sudorese. Porém, há outros camuflados. Quando uma pessoa tem problemas de estômago, como gastrite, e ela trata, mas sempre volta, às vezes pode ser algo relacionado à ansiedade. É preciso que as pessoas busquem os sintomas psicológicos da doença e não somente os físicos, pontua Fátima.

 

CURA

O lado bom é que a ansiedade tem cura. Entendendo que estamos falando da ansiedade patológica, reitera Fátima. Segundo ela, não é possível pensar em uma vida sem ansiedade ou estresse. Uma vida sem isso é um coração sem batimentos, enaltece.

A psicóloga explica que primeiramente é feito um acompanhamento e dependendo do grau é indicada a medição. Em algum momento ou sem a necessidade de medicação, eu vou para a psicoterapia, de preferência de cunho cognitivo comportamental, porque é ela que tem ferramentas e técnicas que me ajudam a identificar e lidar com a situação, destaca.

Ela diz que sentir ansiedade é normal, mas até o momento em que a pessoa ainda consegue agir e lidar com a situação. É nisso que a psicoterapia vai ajudar. Vai auxiliar a pessoa para que ela consiga e aprenda a lidar com as situações do dia a dia, comenta.

 

Francine Trento/OP Rural
Psicóloga Fátima Tonezer

 

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