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As 369 “ações” do Governo Requião
Roberto Requião: dívidas ao Estado deverão se arrastar pelos próximos 20 ou 30 anos (Foto: Arquivo/OP) |
O governador Roberto Requi atilde;o de Mello e Silva eacute; citado em pelo menos 369 processos judiciais que tramitam em v aacute;rias esferas estadual e federal. A estimativa eacute; que essas a ccedil; otilde;es gerem indeniza ccedil; otilde;es e d iacute;vidas superiores a R$ 1 bilh atilde;o mdash; valor apontado como a heran ccedil;a de Requi atilde;o ao povo paranaense que, nas urnas, confiou a ele tr ecirc;s mandatos de governador, sendo os dois uacute;ltimos consecutivos. S oacute; em honor aacute;rios advocat iacute;cios, escrit oacute;rios particulares, calcula-se que as defesas de Requi atilde;o fiquem em torno de R$ 16 milh otilde;es.
Entre as d iacute;vidas milion aacute;rias, est atilde;o precat oacute;rios de servidores do judici aacute;rio estadual e h aacute; dezenas de a ccedil; otilde;es das concess aacute;rias de rodovias e do banco Ita uacute;. T ecirc;m ainda processos movidos por pessoas que se sentiram ofendidas ou agredidas pelos discursos do governador e pelo Minist eacute;rio P uacute;blico pelo uso indevido da TV Educativa e outros que envolvem pessoas da fam iacute;lia do governador Requi atilde;o, especialmente os irm atilde;os Maur iacute;cio e Eduardo e a esposa Maristela.
Requi atilde;o governou o Paran aacute; pela primeira vez entre 1991 e 1994, per iacute;odo no qual teve origem uma das maiores d iacute;vidas trabalhistas do Estado.
Em janeiro de 1992, ele se negou a cumprir determina ccedil; atilde;o do Supremo Tribunal Federal (STF) para o pagamento de reajustes diferenciados aos servidores do judici aacute;rio estadual. O advogado do Sindicato dos Servidores do Poder Judici aacute;rio do Estado do Paran aacute; (Sindijus), Daniel Godoy J uacute;nior, afirma ser esse o maior precat oacute;rio trabalhista do governo.
Quando houve o julgamento final da a ccedil; atilde;o em favor dos servidores, em 2003, o valor da d iacute;vida, de janeiro de 1992 a dezembro de 2002 – per iacute;odo em que ficou suspenso o pagamento do reajuste -, foi calculado em R$ 425 milh otilde;es. Godoy J uacute;nior lembra que o montante hoje eacute; muito maior, pois deve ser atualizado com juros de 0,5% ao m ecirc;s e a infla ccedil; atilde;o do per iacute;odo – de janeiro de 2003 a novembro deste ano foi de 47,38%, segundo o Iacute;ndice de Pre ccedil;os ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat iacute;stica (IBGE).
ldquo;Ao todo, cinco mil pessoas entraram com a a ccedil; atilde;o originariamente. Mas como j aacute; se v atilde;o quase 17 anos, algumas pessoas morreram, outras t ecirc;m sido obrigadas pela necessidade, pois s atilde;o bastante idosas e est atilde;o doentes, a negociar os precat oacute;rios no mercado informal, que paga entre 35% e 40% menos rdquo;, afirma o advogado.
Godoy Junior ressalta que embora a decis atilde;o seja favor aacute;vel aos servidores, n atilde;o h aacute; previs atilde;o de quando os precat oacute;rios ser atilde;o pagos, principalmente por conta da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) dos Precat oacute;rios em tramita ccedil; atilde;o no Congresso Nacional. O texto aprovado na C acirc;mara Federal prop otilde;e o pagamento dos t iacute;tulos em 15 anos e o leil atilde;o de 50% da d iacute;vida. ldquo;Antes, t iacute;nhamos a esperan ccedil;a de receber os valores em oito ou nove anos, mas agora n atilde;o h aacute; como saber rdquo;, diz, reticente.
Trabalhistas
Os precat oacute;rios trabalhistas dos servidores do judici aacute;rio do Paran aacute; foram inclu iacute;dos na lista das d iacute;vidas do Estado em 2005, mas n atilde;o h aacute; previs atilde;o or ccedil;ament aacute;ria para o in iacute;cio do pagamento. Ainda na esfera trabalhista, o pr oacute;ximo governo ter aacute; um passivo superior a R$ 30 milh otilde;es, caso a Justi ccedil;a d ecirc; raz atilde;o aos milhares de trabalhadores paranaenses que movem a ccedil; otilde;es contra o Estado.
Somente os trabalhadores de empresas terceirizadas s atilde;o autores de cinco mil a ccedil; otilde;es individuais e coletivas, que somam R$ 25 milh otilde;es. H aacute; ainda algumas a ccedil; otilde;es individuais milion aacute;rias. Eacute; o caso de Francisco Alpendre, ex-diretor jur iacute;dico da Paran aacute; Previd ecirc;ncia, servidor de carreira que foi demitido por denunciar irregularidades no governo. S oacute; o processo dele pede R$ 1 milh atilde;o em indeniza ccedil; atilde;o.
H aacute; ainda as a ccedil; otilde;es populares. Apenas o advogado Cid Campelo Filho, por exemplo, tem cerca de 50 processos. ldquo;N atilde;o d aacute; para saber exatamente quanto essas a ccedil; otilde;es poder atilde;o gerar. Eu j aacute; recebi cerca de R$ 120 mil e talvez, as d iacute;vidas que Requi atilde;o tem apenas como resultado de mat eacute;rias ofensivas chegue a R$ 300 mil rdquo;, estima. Campelo Filho afirma que as d iacute;vidas que Requi atilde;o deixar aacute; para o Estado dever atilde;o se arrastar pelos pr oacute;ximos 20 ou 30 anos. ldquo;Em resumo, ele dever aacute; ficar impune rdquo;, diz.
SAIBA MAIS
As 369 a ccedil; otilde;es nas quais o governador Roberto Requi atilde;o eacute; citado encontram-se distribu iacute;das pelo Judici aacute;rio estadual e federal. Em primeira inst acirc;ncia, nas varas de Fazenda P uacute;blica e C iacute;vel e, j aacute; em desdobramentos, no Tribunal Regional Federal da 4 ordf; Regi atilde;o, Superior Tribunal de Justi ccedil;a (STJ), Supremo Tribunal Federal (STF), Tribunal de Contas do Estado (TC) e Tribunal de Contas da Uni atilde;o (TCU).
CREDORA
De acordo com a Ag ecirc;ncia Estadual de Not iacute;cias, a Construtora CR Almeida eacute; uma das maiores credoras do Estado, em uma d iacute;vida originada em 1970 com a constru ccedil; atilde;o da Estrada de Ferro Central do Paran aacute;.
Onze anos governando
Depois de administrar o Estado de 1991 a 1994, Roberto Requi atilde;o (PMDB) assumiu pela segunda vez em 2003, quando obteve com 55,15% dos votos v aacute;lidos no segundo turno, disputado com o senador Alvaro Dias (PSDB). Em 2006, foi reeleito com uma diferen ccedil;a de 0,2% dos votos v aacute;lidos, tamb eacute;m em segundo turno, dessa vez contra o senador Osmar Dias (PDT).
O QUE S Atilde;O PRECAT Oacute;RIOS
Conforme os dados da secretaria de Fazenda (Sefa), o Estado do Paran aacute; tem 2.593 t iacute;tulos precat oacute;rios trabalhistas, civel alimentar e civel n atilde;o alimentar, que somam R$ 4 milh otilde;es mdash; incluindo a corre ccedil; atilde;o monet aacute;ria daqueles t iacute;tulos liquidados em oito parcelas. O valor foi atualizado em 30 de outubro de 2009. nbsp;
T iacute;tulos precat oacute;rios s atilde;o resultados de condena ccedil; otilde;es impostas agrave; Uni atilde;o, ao Estado ou ao Munic iacute;pio para o pagamento de determinadas quantias. A quita ccedil; atilde;o dos precat oacute;rios do Paran aacute; estava suspensa at eacute; 2003. De l aacute; para c aacute;, o governo vem pagando cerca R$ 13 milh otilde;es por ano.
Ped aacute;gios respondem por cerca de R$ 350 milh otilde;es
Um dos grandes passivos que ser aacute; deixado pelo Governo do Paran aacute; eacute; com as concession aacute;rias de rodovias. Nas campanhas eleitorais para o segundo e o terceiro mandatos, Roberto Requi atilde;o criticou os valores cobrados pelas empresas para conquistar votos. Ficou famosa a frase: ldquo;Ped aacute;gio, ou baixa ou acaba rdquo;, mas, na pr aacute;tica, nenhuma nem outra coisa aconteceu, a n atilde;o ser a possibilidade de o Estado arcar com uma d iacute;vida milion aacute;ria.
Alegando ser objeto de contratos viciados, que beneficiavam as empresas em detrimento do cidad atilde;o, Requi atilde;o desde que assumiu o governo em 2003 se negou a permitir os reajustes anuais. As empresas passaram a recorrer agrave; Justi ccedil;a e obter autoriza ccedil; atilde;o para o reajuste. ldquo;A d iacute;vida com as empresas est aacute; estimada entre R$ 300 milh otilde;es e R$ 350 milh otilde;es rdquo;, segundo Jo atilde;o Chiminazzo, diretor regional para o Paran aacute; e Santa Catarina da Associa ccedil; atilde;o Brasileira de Concession aacute;rias de Rodovias. (ABCR).
O valor, sem as devidas corre ccedil; otilde;es, se refere a quanto poder atilde;o gerar as a ccedil; otilde;es quando julgadas em definitivo. A ABCR calcula que j aacute; chegaram a transitar na Justi ccedil;a 90 a ccedil; otilde;es das empresas mdash; hoje seriam 58. Mas se contabilizados os processos que o governo move contra as concession aacute;rias, o n uacute;mero sobe para 116. Nessa ldquo;briga judicial rdquo;, h aacute; sempre a iniciativa de um processo para cada parte.
Chiminazzo afirma que as concession aacute;rias, al eacute;m de reclamarem o direito contratual dos reajustes, tamb eacute;m pedem o equil iacute;brio financeiro dos contratos. Esse seria o objeto das 58 a ccedil; otilde;es em tramita ccedil; atilde;o o contra governo. ldquo;Sete anos que j aacute; se passaram sem que nenhuma vez essa quest atilde;o do equil iacute;brio financeiro das empresas fosse revista. N atilde;o d aacute; para calcular aleatoriamente quanto esse descaso poder aacute; custar agrave; sociedade paranaense rdquo;, afirma.
Esse debate seria necess aacute;rio para reavaliar o cronograma de obras, a manuten ccedil; atilde;o e at eacute; a prorroga ccedil; atilde;o dos prazos e valores de tarifas, tanto para mais quanto para menos. Segundo Chiminazzo, os empres aacute;rios j aacute; perderam as esperan ccedil;as de tentar cumprir o que diz o contrato. ldquo;Perdemos as esperan ccedil;as de sentar e negociar com esse governo rdquo;, afirma. As concession aacute;rias, para tentar evitar grandes desequil iacute;brios, encaminham para a Justi ccedil;a as a ccedil; otilde;es e tentam tamb eacute;m via rito administrativo essa renegocia ccedil; atilde;o.
Faturamento
O diretor da ABCR cita o Paran aacute; como o uacute;nico Estado do Pa iacute;s com rodovias pedagiadas em que o setor eacute; tratado com ldquo;uma falta de respeito danado rdquo;. Chiminazzo afirma que o governo cita a receita das empresas como se fosse faturamento, sem considerar o custo de opera ccedil; atilde;o de uma rodovia 24 horas. ldquo;N oacute;s temos um custo operacional elevad iacute;ssimo e nossos lucros, quando computados os custos, n atilde;o s atilde;o nada diferentes dos par acirc;metros da normalidade rdquo;, conta. nbsp;
Chiminazzo afirma que o faturamento das concession aacute;rias em 11 anos mdash; per iacute;odo em que est atilde;o em vigor os contratos de concess atilde;o mdash; eacute; de R$ 7 bilh otilde;es e n atilde;o de R$ 24 bilh otilde;es como teria divulgado o governo estadual.
Os 58 procedimentos judiciais das concession aacute;rias questionam ainda os preju iacute;zos materiais causados por invas otilde;es e depreda ccedil; otilde;es das pra ccedil;as de cobran ccedil;a, ocorridas nos dias em que as cancelas foram mantidas abertas por manifestantes e que as empresas deixaram de aplicar os reajustes tarif aacute;rios por falta de autoriza ccedil; atilde;o do Departamento de Estradas de Rodagem (DER).
Disputa com Ita uacute; gera desconto no FPM
Uma d iacute;vida milion aacute;ria do Estado com Ita uacute;, ainda em discuss atilde;o, tamb eacute;m deve ser deixada pelo governador Roberto Requi atilde;o para o pr oacute;ximo governo. Ela decorre de discord acirc;ncias de termos previstos em contrato quando o Ita uacute;, em leil atilde;o de privatiza ccedil; atilde;o, comprou o Banco do Estado do Paran aacute; (Banestado), em outubro de 2000, ainda no governo de Jaime Lerner. S atilde;o multas mensais, desde novembro de 2004, por quebra de contrato, que j aacute; consumiram cerca de R$ 240 milh otilde;es do Estado. Por m ecirc;s, a Secretaria do Tesouro Nacional (STN) desconta R$ 4 milh otilde;es nos repasses feitos ao Paran aacute; pela Uni atilde;o, referentes ao Fundo de Participa ccedil; atilde;o dos Estados (FPE).
Em 2003, quando assumiu o governo, Requi atilde;o simplesmente suspendeu os pagamentos ao Ita uacute; dos t iacute;tulos p uacute;blicos comprados dos Estados de Alagoas e Santa Catarina e dos munic iacute;pios de Osasco e Guarulhos. O banco foi agrave; Justi ccedil;a e conseguiu ganho de causa, gerando a multa. Como n atilde;o h aacute; acordo ou nova legisla ccedil; atilde;o sobre o assunto, o montante continuar aacute; sendo cobrado do pr oacute;ximo governo. Requi atilde;o sempre declarou considerar os t iacute;tulos nulos e, por isso, parou de pag aacute;-los.
Parecer
Em Bras iacute;lia, em maio deste ano, a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, ligada agrave; Secretaria do Tesouro Nacional (STN), concedeu parecer favor aacute;vel ao fim da multa. O parecer foi elaborado a pedido do relator da Proposta de Resolu ccedil; atilde;o impetrada pelos senadores Osmar Dias (PDT) e Antonio Carlos Magalh atilde;es Filho (DEM- BA). O projeto extingue a cobran ccedil;a da multa, que vem sendo retida no FPE, mas n atilde;o foi votado por falta de apoio – precisa de 50% dos votos, mais um.
O imbr oacute;glio teve in iacute;cio no processo de saneamento do Banestado, antes da privatiza ccedil; atilde;o. A STN, o Banco Central e o Senado aprovaram que os munic iacute;pios de Guarulhos e Osasco, e os Estados de Pernambuco, Alagoas e Santa Catarina emitissem t iacute;tulos para o pagamento de d iacute;vidas. O Banestado, que j aacute; estava em processo de pr eacute;-fal ecirc;ncia, teve de adquiri-los no valor de R$ 456 milh otilde;es.
Multa
O Governo do Estado, na eacute;poca sob o comando de Jaime Lerner, assumiu a d iacute;vida em 2000, com a promessa de pagar ao Banestado, dando a ccedil; otilde;es da Copel como garantia. Mas em 2003, quando Roberto Requi atilde;o assumiu, o pagamento foi suspenso. O Ita uacute; foi agrave; Justi ccedil;a exigir o pagamento e motivou a STN a multar o Paran aacute; a partir de dezembro de 2004. O valor j aacute; foi de R$ 10 milh otilde;es mensais.
Resumo da quest atilde;o envolvendo os t iacute;tulos
Agosto de 1998:
O Paran aacute; e o Banestado assinam o Termo de Compromisso de Compra e Venda de T iacute;tulos P uacute;blicos. Os t iacute;tulos est atilde;o avaliados hoje em R$ 1,3 bilh atilde;o. O Ita uacute; compra o Banestado em 2000 e fica como credor do contrato.
Novembro de 2004:
nbsp;O Paran aacute; come ccedil;a a ser multado pela Secretaria do Tesouro Nacional por n atilde;o cumprir o acordo. A pena atualmente eacute; a reten ccedil; atilde;o de R$ 4 milh otilde;es por m ecirc;s do Fundo de Participa ccedil; atilde;o dos Estados. J aacute; foram retidos cerca de R$ 240 milh otilde;es.
Dezembro de 2007:
O Senado aprova um projeto de resolu ccedil; atilde;o que acaba com a multa.
Fevereiro de 2008:
A STN n atilde;o cumpre a resolu ccedil; atilde;o, por consider aacute;-la inconstitucional. O oacute;rg atilde;o prop otilde;e um novo projeto, que acabaria apenas com a multa.
Julho de 2008:
Um novo projeto, de autoria do senador Osmar Dias, eacute; apreciado pela Comiss atilde;o de Assuntos Econ ocirc;micos (CAE) do Senado. Um pedido coletivo de vista da proposta, comandado pelo senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), evita a vota ccedil; atilde;o.
Retranca do Ita uacute;
Outra briga de Roberto Requi atilde;o como governador do Estado, que tamb eacute;m acabou indo para a Justi ccedil;a, envolve as contas banc aacute;rias do governo. Quando houve a privatiza ccedil; atilde;o do Banestado, em contrato ficou acertado que as contas do Estado ficariam no Ita uacute;. Em 2002, um novo acordo foi firmado entre o governo, agrave; eacute;poca dirigido por Jaime Lerner, concedendo exclusividade das contas do Estado ao Ita uacute; por mais cinco anos.
Quando assumiu o governo, em 2003, Requi atilde;o anulou por decreto a prorroga ccedil; atilde;o at eacute; 2010. O banco pediu uma liminar contestando a decis atilde;o no STF, que foi negada. Mas, o banco retornou com a a ccedil; atilde;o por quebra de aditivo (renova ccedil; atilde;o) contratual. A indeniza ccedil; atilde;o prevista nesta a ccedil; atilde;o eacute; de mais de R$ 800 milh otilde;es.
Processos contra o Estado
Em pesquisas junto aos tribunais foram encontradas cerca de 300 a ccedil; otilde;es contra o Estado, mas em pelo menos metade h aacute; a cita ccedil; atilde;o do nome de Roberto Requi atilde;o. H aacute; processos extintos ou julgados em uacute;ltima inst acirc;ncia, que ainda constam no banco de dados desses oacute;rg atilde;os. Na maioria de seus processos, Requi atilde;o eacute; defendido por procuradores do Estado – os custos ficam para os cofres p uacute;blicos.
Nepotismo
O benef iacute;cio de defesa p uacute;blica tamb eacute;m chega aos membros da fam iacute;lia do governador. O caso mais emblem aacute;tico de nepotismo no Estado envolve os dois irm atilde;os de Roberto Requi atilde;o: Maur iacute;cio e Eduardo Requi atilde;o.
Maur iacute;cio foi nomeado conselheiro do Tribunal de Contas do Paran aacute;. Por decis atilde;o do Supremo Tribunal Federal (STF), ele foi afastado do cargo.
J aacute; Eduardo Requi atilde;o, que ocupou a presid ecirc;ncia da Administra ccedil; atilde;o dos Portos de Paranagu aacute; e Antonina (Appa), tamb eacute;m gerou v aacute;rias a ccedil; otilde;es judiciais por prevarica ccedil; atilde;o e improbidade administrativa. Mesmo assim, Eduardo foi designado pelo irm atilde;o para chefiar o Escrit oacute;rio de Representa ccedil; atilde;o do Paran aacute;, em Bras iacute;lia. Um pedido de liminar para afast aacute;-lo do cargo tramita na Justi ccedil;a. Quem os defende em todos os casos citados eacute; a Procuradoria-Geral do Estado.
Al eacute;m dos irm atilde;os, a mulher Maristela Requi atilde;o tamb eacute;m eacute; citada em processos. O Minist eacute;rio P uacute;blico recentemente determinou que ela escolhesse entre a presid ecirc;ncia da Organiza ccedil; atilde;o da Sociedade Civil de Interesse P uacute;blico (Oscip) Sociedade dos Amigos do Museu Oscar Niemeyer (MON) e a Secretaria para Assuntos do Museu Oscar Niemeyer. Ela fez a op ccedil; atilde;o pelo cargo de secret aacute;ria e tamb eacute;m foi defendida pelo Estado.
Advogados particulares estimam que o custo das defesas de Requi atilde;o e sua fam iacute;lia somam cerca de R$ 16 milh otilde;es, apenas em honor aacute;rios advocat iacute;cios. S atilde;o computados nessa avalia ccedil; atilde;o o valor das a ccedil; otilde;es movidas pelas empresas, pessoas f iacute;sicas, ped aacute;gios, bancos e grupos de grande porte que se sentiram ofendidos de alguma a ccedil; atilde;o do governador.
Requi atilde;o n atilde;o possui valores suficientes para arcar com essas despesas. Basta analisar a declara ccedil; atilde;o de bens apresentada agrave; Justi ccedil;a Eleitoral em 2006, quando concorria ao segundo mandato. O patrim ocirc;nio de Requi atilde;o somava cerca de R$ 1,4 milh atilde;o. O sal aacute;rio dele hoje eacute; R$ 24,5 mil.
Escolinha do governo
Outros processos que correm contra o governador Roberto Requi atilde;o s atilde;o movidos pelo Minist eacute;rio P uacute;blico Federal (MPF), boa parte deles por uso indevido da R aacute;dio e Televis atilde;o Educativa do Paran aacute;. Ele eacute; acusado pelo de usar o canal p uacute;blico para divulgar as a ccedil; otilde;es do seu governo, al eacute;m de praticar atos ofensivos durante as reuni otilde;es de governo, nas chamadas Escolinha de Governo, realizadas agrave;s ter ccedil;as-feiras pela manh atilde;.
Ofensas
No uacute;ltimo epis oacute;dio, Requi atilde;o foi parar na m iacute;dia nacional quando associou os casos de c acirc;ncer de mama em homens agrave;s passeatas gays, e um claro preconceito contra homossexuais. No uacute;ltimo dia 24 de novembro, o MPF requereu a aplica ccedil; atilde;o de nova multa ao governador Roberto Requi atilde;o, no valor de R$ 250 mil, por ter ilegalmente utilizado a R aacute;dio e Televis atilde;o Educativa do Paran aacute; para ridicularizar e constranger o pesquisador do Instituto Agron ocirc;mico do Paran aacute; (Iapar) Lauro Akio. Requi atilde;o o chamou de ldquo;gafanhoto rdquo; e ldquo;Kung Fu rdquo;, dentre outras ofensas. O governador tamb eacute;m proferiu manifesta ccedil; otilde;es absolutamente preconceituosas contra os homossexuais, com n iacute;tido car aacute;ter homof oacute;bico, ao relacionar a ocorr ecirc;ncia de c acirc;ncer de mama em homens agrave; op ccedil; atilde;o sexual.
Requi atilde;o est aacute; obrigado pela Justi ccedil;a Federal a se abster de usar indevidamente a programa ccedil; atilde;o da R aacute;dio e Televis atilde;o Educativa do Paran aacute;, sob pena de multa. J aacute; foram aplicadas quatro multas, cujo valor total, at eacute; esta data, eacute; de R$ 850 mil, por descumprimento agrave; decis atilde;o judicial. A uacute;ltima multa, no valor de R$ 200 mil, foi imposta em agosto de 2009, em raz atilde;o dos ataques feitos a um advers aacute;rio pol iacute;tico, o prefeito de Curitiba, Beto Richa.
O desembargador federal Edgar Lippmann J uacute;nior pediu em agosto o bloqueio de R$ 50 mil da conta pessoal do governador Roberto Requi atilde;o.
nbsp;
Declara ccedil; atilde;o de bens
N uacute;mero: 15
Nome do candidato: ROBERTO REQUI Atilde;O DE MELLO E SILVA
Descri ccedil; atilde;o nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; Valor (R$)
APTO EM CAMBORIU/SC nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; 300.000,00
BANCO DO BRASIL C/C/POUPAN Ccedil;A/APLICA Ccedil; Atilde;O nbsp; nbsp; nbsp; 116.182,41
BCO ITAU C/C/POUPAN Ccedil;A/APLICA Ccedil; Atilde;O nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; 168.863,74
CASA EM CURITIBA nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; 250.000,00
MOEDA NACIONAL nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; 250.000,00
QUADROS ESCULTURAS DIVERSAS nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; 10.500,00
SOBRADO EM CURITIBA nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; 120.000,00
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VE Iacute;CULO PASSAT 98/98 nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; 64.000,00
VE Iacute;CULO PEUGEOT 94/95 nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; 12.000,00
VE Iacute;CULO SANTANA 1991 nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; 15.000,00
Total: nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; nbsp; R$ 1.375.541,15
Fonte: Justi ccedil;a Eleitoral do Paran aacute;