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Família encontra dificuldades em fazer doação de órgãos

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Apesar de serem veiculadas frequentemente propagandas incentivando a doa ccedil; atilde;o de oacute;rg atilde;os, n atilde;o basta tomar esta decis atilde;o para que a a ccedil; atilde;o ocorra com tranquilidade em Marechal C acirc;ndido Rondon. Foi o que constatou a fam iacute;lia de Jane Teresa Prestes, 50 anos, que no uacute;ltimo domingo (16) teve diagnosticada morte cerebral (at eacute; a noite de ontem n atilde;o confirmada por m eacute;dico neurologista) e cujos filhos tiveram a iniciativa de atender um desejo da m atilde;e.
Conforme a filha, Carla Prestes, mesmo existindo a inten ccedil; atilde;o de fazer a doa ccedil; atilde;o, em caso de ser confirmado que houve morte, a fam iacute;lia encontrou dificuldades para que o procedimento fosse efetivado, al eacute;m de ter que arcar com alguns custos. ldquo;Na televis atilde;o a propaganda eacute; bonita, mas na pr aacute;tica existe uma burocracia tremenda rdquo;, declara.
Os familiares tiveram que aguardar desde a noite de domingo at eacute; o in iacute;cio da tarde de ontem para conseguirem encaminhar a paciente at eacute; Cascavel. No final da tarde de ontem, Carla foi informada de que ainda n atilde;o era poss iacute;vel confirmar o oacute;bito. ldquo;O m eacute;dico nos falou que at eacute; amanh atilde; de manh atilde; n atilde;o poder aacute; confirmar se houve morte cerebral. Ele tamb eacute;m disse que alguns oacute;rg atilde;os j aacute; apresentam infec ccedil; atilde;o rdquo;, contou a filha.
De acordo com o diretor do Hospital Rondon, Dietrich Seyboth (Dr. Hipi), a transfer ecirc;ncia da paciente para a Central de Leitos foi solicitada agrave;s 11 horas de segunda-feira (17). No entanto, somente no in iacute;cio da tarde de ontem ela foi levada at eacute; o Hospital S atilde;o Lucas, em Cascavel, para avalia ccedil; atilde;o neurol oacute;gica e dos oacute;rg atilde;os. Do ponto de vista do m eacute;dico rondonense, o prazo para conseguir o encaminhamento n atilde;o excedeu em muito o razo aacute;vel. ldquo;Acredito que n atilde;o tenha havido um preju iacute;zo maior por conta de atraso, tendo em vista que foi dado todo um suporte hermodin acirc;mico para a paciente rdquo;, observa.
Segundo ele, n atilde;o eacute; frequente encontrar uma fam iacute;lia t atilde;o interessada em doar os oacute;rg atilde;os. ldquo;Tamb eacute;m n atilde;o eacute; comum ter pacientes em situa ccedil; atilde;o de morte encef aacute;lica t atilde;o inequ iacute;voca como o caso em quest atilde;o. Eacute; raro ter uma paciente relativamente jovem, sem co-morbidades (outras doen ccedil;as) e sem uma les atilde;o cerebral devastadora rdquo;, menciona.

Jossim ecirc;
Mesmo com tantos fatores favor aacute;veis, na pr aacute;tica o processo para uma poss iacute;vel doa ccedil; atilde;o n atilde;o funcionou como o esperado pelos familiares da paciente, alguns dos quais chegaram a se sentir ofendidos com descaso por atendentes do setor de sa uacute;de de outro munic iacute;pio.
Como prima da paciente em quest atilde;o, a m eacute;dica rondonense Jossim ecirc; Parente Ramos sentiu as dificuldades de se realizar os encaminhamentos. ldquo; Eacute; complicado fazer a doa ccedil; atilde;o. Quando a fam iacute;lia decide, ela tem que levar o paciente para um centro onde h aacute; uma equipe que siga o protocolo de morte cerebral. Houve muita dificuldade rdquo;, relata.
Em cidades maiores, compara, os centros de transplante eacute; que disponibilizam equipes que v atilde;o at eacute; o paciente fazer a capta ccedil; atilde;o dos oacute;rg atilde;os.
Na segunda-feira, a fam iacute;lia chegou a aguardar a presen ccedil;a de um neurologista, no entanto, segundo Jossim ecirc;, o profissional n atilde;o dispunha do equipamento necess aacute;rio para comprovar a morte cerebral. ldquo;Hoje as pessoas que querem fazer a doa ccedil; atilde;o ficam limitadas a poucos profissionais (Neurologia) e falta de equipamentos. Acredito que ser aacute; necess aacute;rio treinar pessoas para que possamos vencer essas barreiras rdquo;, salienta Jossim ecirc;.
Ela lembra que a doa ccedil; atilde;o de oacute;rg atilde;os de uma pessoa pode mudar o destino de sete outras pessoas. ldquo;Hoje, quando a fam iacute;lia passa por cima da sua dor e quer fazer a doa ccedil; atilde;o enfrenta dificuldades. A sensa ccedil; atilde;o que temos eacute; de impot ecirc;ncia rdquo;, desabafa.
Para a familiar, deveria haver menos passividade e mais facilidade para ser poss iacute;vel a doa ccedil; atilde;o. ldquo;O passo mais dif iacute;cil eacute; o da fam iacute;lia, de pensar no outro num momento de tristeza e ele foi dado, mas a dificuldade s oacute; prolonga o sofrimento da fam iacute;lia que quer ter um gesto crist atilde;o rdquo;, conclui.

O caso
Segundo Carla, Jane Teresa Prestes passou mal na sexta-feira (14), teve derrame e foi encaminhada para o Hospital Rondon. No domingo agrave; noite ela teve parada respirat oacute;ria, quatro paradas card iacute;acas e derrame cerebral. ldquo;Minha m atilde;e era muito boa, ajudava as pessoas e queremos realizar esse desejo dela rdquo;, enfatiza a filha.
M eacute;dicos do Hospital S atilde;o Lucas, de Cascavel, devem emitir hoje parecer a respeito do caso, tanto no que diz respeito agrave; morte encef aacute;lica como sobre a condi ccedil; atilde;o dos oacute;rg atilde;os e possibilidade de doa ccedil; atilde;o.

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