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Fiscalização coíbe poluição gerada pela pecuária

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Para combater a poluição gerada pela suinocultura, produtor precisa conduzir de forma muito cuidadosa para não contaminar nem as águas, seja de rios ou lençol freático, e nem os solos (Foto: Luciany Franco/OP)

O crescimento de atividades como a suinocultura, bovinocultura e avicultura na regi atilde;o Oeste do Paran aacute; tem sido vis iacute;vel nos uacute;ltimos anos. At eacute; como reflexo, novas ind uacute;strias de abate foram implantadas e outras ampliadas por ter mat eacute;ria-prima em consider aacute;vel quantidade. Marechal C acirc;ndido Rondon, por exemplo, possui a segunda maior bacia leiteira do Paran aacute;, se destaca na produ ccedil; atilde;o de su iacute;nos, sendo que um frigor iacute;fico est aacute; sendo implantado no munic iacute;pio, e j aacute; possui uma unidade industrial de abate de frango em funcionamento h aacute; cinco anos.
Se de um lado o segmento est aacute; em plena expans atilde;o e tem forte import acirc;ncia para a economia regional, de outro a preocupa ccedil; atilde;o para diminuir os impactos ambientais destas atividades tamb eacute;m tem sido maior. A informa ccedil; atilde;o eacute; do chefe regional do escrit oacute;rio de Toledo da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), Adir Parizotto, segundo o qual o Instituto Ambiental do Paran aacute; (IAP) tem feito um grande esfor ccedil;o nos uacute;ltimos dez anos para licenciar toda a atividade que causa impacto ambiental.
Conforme o profissional, o oacute;rg atilde;o ambiental tem feito um trabalho para que quem investe em suinocultura, bovinocultura ou avicultura passe a dispor de um sistema de controle de polui ccedil; atilde;o. ldquo;N oacute;s tamb eacute;m estamos fazendo isso diante de uma l oacute;gica: queremos a preserva ccedil; atilde;o do meio ambiente, mas tamb eacute;m n atilde;o podemos impedir o produtor de produzir rdquo;, afirma.
Considerada uma grande vil atilde; por muitos, Parizotto aponta que a suinocultura, na regi atilde;o, gera atualmente minimamente polui ccedil; atilde;o de forma direta. ldquo;N atilde;o encontramos mais aquele quadro de uns 15 anos atr aacute;s, quando a maioria dos produtores lan ccedil;ava diretamente nos rios os dejetos. Hoje isso n atilde;o acontece mais. Podemos ter uma polui ccedil; atilde;o indireta em que ainda est aacute; carecendo de estudos do uso intensivo dos dejetos como condicionador de solos agr iacute;colas rdquo;, declara.

Crescimento econ ocirc;mico
O chefe da Sema eacute; enf aacute;tico ao dizer que o IAP n atilde;o limita o crescimento econ ocirc;mico destes tr ecirc;s setores produtivos – bovinocultura, avicultura e suinocultura. No entanto, o uso de dejetos como condicionador de solo agr iacute;cola precisa atender uma quantidade agronomicamente recomendada. ldquo;Se daqui a pouco os agricultores passarem a usar abusivamente (os dejetos), em locais em que h aacute; grande concentra ccedil; atilde;o de criat oacute;rios, o IAP vai ter que tomar medidas proibitivas em aacute;reas que os solos est atilde;o saturados. Mas isso eacute; uma quest atilde;o que na regi atilde;o n atilde;o existe caso concreto, mas pode ser que no futuro aconte ccedil;a, porque realmente est aacute; aumentando muito a concentra ccedil; atilde;o de criat oacute;rios, tanto de bovinos, quanto de su iacute;nos como de aves rdquo;, conclui.

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Suinocultores est atilde;o mais conscientes, diz presidente da AMS
A suinocultura eacute; considerada uma atividade que causa grande impacto ao meio ambiente, caso n atilde;o seja conduzida da forma correta. A grande preocupa ccedil; atilde;o eacute; quanto aos dejetos. No entanto, os produtores est atilde;o mais conscientes da import acirc;ncia dos cuidados para com o meio ambiente e at eacute; as empresas t ecirc;m exigido que eles estejam adequados agrave;s normas ambientais. Esta eacute; a constata ccedil; atilde;o do presidente da Associa ccedil; atilde;o Municipal de Suinocultores (AMS) de Marechal C acirc;ndido Rondon, S eacute;rgio Barbian. ldquo;A maioria dos suinocultores trabalha em integra ccedil; atilde;o e as pr oacute;prias empresas s oacute; liberam eles para a atua ccedil; atilde;o se tiverem a esterqueira e se atenderem agrave; legisla ccedil; atilde;o ambiental. A AMS tamb eacute;m j aacute; tem feito um trabalho no sentido de repassar informa ccedil; otilde;es aos produtores rdquo;, destaca. nbsp;
Barbian ressalta que o produtor, seja o independente ou integrado, precisa estar consciente das normas ambientais. ldquo;Na suinocultura, eu vejo pouca propriedade que atua sem adequa ccedil; atilde;o. Os que est atilde;o na atividade para vender o su iacute;no est atilde;o praticamente todos adequados com esterqueira rdquo;, acrescenta.
De acordo com o rondonense, tamb eacute;m existe uma legisla ccedil; atilde;o espec iacute;fica para o uso de dejeto como adubo org acirc;nico. ldquo;Por exemplo: se o produtor tem mil su iacute;nos, ele tem uma quantia x de dejeto para usar como adubo na terra. Se usar em excesso, pode at eacute; provocar acidez. Se o suinocultor tem uma pequena propriedade, mas quantidade grande de su iacute;nos, ele tamb eacute;m precisa automaticamente ter uma outra aacute;rea para depositar os dejetos, justamente para n atilde;o saturar a terra rdquo;, explica.

Biodigestores
Barbian diz que uma das dificuldades atualmente eacute; quanto aos biodigestores, pois, segundo ele, n atilde;o tem sido feito um trabalho espec iacute;fico por alguma empresa neste sentido. ldquo;Os primeiros biodigestores instalados est atilde;o dando muito problema. Est aacute; sendo bastante pesquisado o material para resistir agrave; corros atilde;o em fun ccedil; atilde;o do g aacute;s produzido. Eacute; um problema grande, pois n atilde;o existe ainda um material certo para implantar o biodigestor rdquo;, salienta.

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Uso irracional do res iacute;duo su iacute;no no solo tamb eacute;m pode gerar polui ccedil; atilde;o
Se de um lado autoridades apontam que hoje j aacute; existe um grande controle da polui ccedil; atilde;o gerada pela suinocultura, at eacute; com mais rigor da fiscaliza ccedil; atilde;o, de outro, o pesquisador do Instituto Agron ocirc;mico do Paran aacute; (Iapar), Jo atilde;o Henrique Caviglione, que liderou estudo sobre o uso racional de res iacute;duo de su iacute;no no Oeste do Paran aacute;, aponta que a atividade, de um modo geral, eacute; de grande risco ambiental e polui muito se n atilde;o for bem conduzida.
ldquo;Para se ter ideia, o dejeto de um su iacute;no polui tr ecirc;s vezes mais do que o homem. Essa eacute; uma atividade que polui e se o suinocultor n atilde;o tiver isso em mente e n atilde;o cuidar com muita aten ccedil; atilde;o, com certeza vai ser autuado pelo IAP e causar aacute; um dano muito grande. O IAP tem atuado muito forte nesta quest atilde;o. Significa que solucionou o problema? N atilde;o, porque a fiscaliza ccedil; atilde;o vai coibir uma certa atividade, mas se o produtor quiser fazer errado, de um jeito ou de outro vai conseguir rdquo;, admite.
Em rela ccedil; atilde;o ao estudo sobre utiliza ccedil; atilde;o do dejeto su iacute;no, o pesquisador menciona que eacute; preciso observar qual a capacidade do solo em receber o res iacute;duo sem que perca a capacidade produtiva. ldquo;Porque ao mesmo tempo em que eacute; um dejeto e poluidor, ele tem tamb eacute;m tem uma carga de nutrientes. Hoje j aacute; temos uma ideia de qual seria a quantidade que poderia aplicar no solo sem apresentar problemas ambientais, enquanto na aacute;gua eacute; totalmente proibitivo rdquo;, salienta.

Estudo
Conforme o resultado do estudo, o res iacute;duo s oacute; pode ser utilizado no plantio direto, porque no convencional, de acordo com Caviglione, as doses que precisariam ser utilizadas n atilde;o trariam a mesma resposta desejada. ldquo;Mesmo no solo foram identificados problemas se o dejeto eacute; aplicado em excesso e por algum tempo, como o ac uacute;mulo de f oacute;sforo, que pode produzir toxidade, e o nitrato eacute; um componente cancer iacute;geno em determinadas concentra ccedil; otilde;es. Isso significa que em elevados n iacute;veis pode expor a popula ccedil; atilde;o ao risco de sa uacute;de rdquo;, alerta o estudioso.
Al eacute;m de contaminar o solo, o uso indiscriminado pode poluir o len ccedil;ol fre aacute;tico. ldquo;Estamos observando que a polui ccedil; atilde;o do solo est aacute; em n iacute;veis bem mais altos do que inicialmente esper aacute;vamos. Quando o IAP come ccedil;ou a aplicar multa para evitar dejetos na aacute;gua, boa parte dos produtores come ccedil;ou a despej aacute;-los no solo. Mas fazendo isso indiscriminadamente o problema ser aacute; muito mais dif iacute;cil de ser detectado, porque n atilde;o se sabe de onde vem a polui ccedil; atilde;o rdquo;, explica Caviglione.
Em Santa Catarina, a Funda ccedil; atilde;o do Meio Ambiente (Fatma) – esp eacute;cie de IAP do Estado – est aacute; tendo um problema s eacute;rio com o excesso de aplica ccedil; atilde;o do res iacute;duo no solo e contamina ccedil; atilde;o do len ccedil;ol fre aacute;tico, revela o pesquisador. ldquo;Se o suinocultor aplicar mais de 50m sup3; hectare por ano a Fatma faz a autua ccedil; atilde;o. Por eacute;m, o produtor aplica mais porque a fiscaliza ccedil; atilde;o eacute; complicada. Ent atilde;o eacute; preciso ter um cuidado extremo com o manuseio do dejeto e precisa ser muito bem trabalhado. Se voc ecirc; joga na aacute;gua vai polu iacute;-la, se joga no solo idem rdquo;, destaca.

Impacto ambiental
Pela caracter iacute;stica de dejeto, afirma o pesquisador do Iapar, eacute; poss iacute;vel dizer que a suinocultura eacute; a atividade que causa maior impacto ambiental, comparada com bovinocultura e avicultura. ldquo;Outro fator eacute; que boa parte das doen ccedil;as que o su iacute;no possui s atilde;o zoonoses, ou seja, podem ser transmitidas ao ser humano. Ent atilde;o se h aacute; contamina ccedil; atilde;o da aacute;gua, isso colabora para que seja um dejeto perigoso, n atilde;o s oacute; pela caracter iacute;stica de ser l iacute;quido ou s oacute;lido, mas a carga dele rdquo;, comenta.

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