Fale com a gente

Geral

O que é melhor?

Publicado

em

Durante s eacute;culos, n oacute;s, brasileiros, habituamo-nos a concordar e, muitas vezes, tamb eacute;m a criticar a postura do povo brasileiro em rela ccedil; atilde;o aos europeus, asi aacute;ticos e norte-americanos, por exemplo. Somos de fato completamente diferentes, disso ningu eacute;m tem a menor d uacute;vida.
Somos inigualavelmente despreocupados com a desgra ccedil;a que se abate sobre quase 50 milh otilde;es de brasileiros que quando comem eacute; porque ganharam a comida de favor, quando dormem eacute; porque receberam ajuda do Estado para construir sua casa e quando t ecirc;m servi ccedil;os de sa uacute;de eacute; porque algum pol iacute;tico lhes ofereceu ajuda normalmente em troca de votos.
Outro aspecto que nos torna inigual aacute;veis no mundo eacute; o Carnaval. O futebol nem d aacute; mais para falar porque os europeus, asi aacute;ticos e at eacute; os aacute;rabes est atilde;o conseguindo ser parecidos, alguns at eacute; demonstrando mais viol ecirc;ncia do que os brasileiros, viol ecirc;ncia, no caso, de torcidas n atilde;o no campo.
Durante o Carnaval o povo brasileiro supera qualquer possibilidade de ser perseguido, nem mesmo de muito longe. Somos fant aacute;sticos, conseguimos matar em poucos dias mais do que uma guerra durante d eacute;cadas, s oacute; nos acidentes de tr acirc;nsito, quase todos provocados por motoristas embriagados, sem que a pol iacute;cia consiga oferecer qualquer resist ecirc;ncia.
Os que n atilde;o s atilde;o motoristas ou passageiros de carros com motorista embriagado, s atilde;o v iacute;timas destes. Nem por isso nossas autoridades, de posse de uma legisla ccedil; atilde;o rigorosa e absolutamente compat iacute;vel, fazem com que as pessoas que bebem deixem de dirigir, ou ent atilde;o viajem mais tarde.
Bem por isso a grande m iacute;dia e o pr oacute;prio governo deixam de incentivar as pessoas para viajar, para participar dos grandes eventos, mesmo que estejam fora do controle das autoridades p uacute;blicas.
O Carnaval funciona como uma esp eacute;cie de ecirc;xtase, algo que deixa as pessoas ldquo;fora da casinha rdquo;, embebedados pela beleza e pelo sucesso dos eventos. Por uma boa causa, ningu eacute;m trabalha nesses dias, nem d aacute; para trabalhar. Aqueles que t ecirc;m vontade n atilde;o conseguem; s atilde;o literalmente impedidos pela grande maioria que adota o ponto facultativo nas reparti ccedil; otilde;es p uacute;blicas, tamb eacute;m nas empresas. Ponto facultativo para n atilde;o dizer folga, porque na verdade eacute; folga no portugu ecirc;s mais entend iacute;vel.
Mesmo assim, o Brasil est aacute; melhorando e, aos poucos, bem aos poucos eacute; verdade, talvez longe das nossas pretens otilde;es de ver isso acontecer, estamos nos tornando uma grande Na ccedil; atilde;o. Claro, com muitos alfabetos, com muitos subempregados, com muitos dependentes do Bolsa Fam iacute;lia, com muitos sem nenhuma condi ccedil; atilde;o para uma vida digna. Mesmo assim, digamos, estamos conformados.
Mas a iacute; vem o contraste.
Por que fazer como os japoneses, tirar dez dias de f eacute;rias por ano, trabalhar o dobro de horas semanais?
Ou ent atilde;o, por que fazer como os americanos, que, prepotentes, nunca imaginavam que, com tanto poderio militar, tanta for ccedil;a diplom aacute;tica, tanto consumo e tantos servi ccedil;os de boa qualidade em educa ccedil; atilde;o e sa uacute;de, o pa iacute;s fosse experimentar taxas de desemprego t atilde;o elevadas e amea ccedil;as de toda sorte.
Ou ent atilde;o, o que dizer dos europeus, professores em tudo, tanto em bons costumes, em pol iacute;tica ambiental, em democracia e agora a iacute; vivendo sob a amea ccedil;a de alguns especuladores internacionais que deixaram pa iacute;ses com estabilidade centen aacute;ria em maus ldquo;len ccedil; oacute;is rdquo;.
Nem podemos falar dos nossos irm atilde;os portenhos, que, durante s eacute;culos, debocharam das nossas mazelas enquanto viviam como no Primeiro Mundo e agora vivem em situa ccedil; atilde;o pior que a nossa.
Ser aacute; que os brasileiros sempre estavam certos ao nunca se importar com corrup ccedil; atilde;o, com falta de infraestrutura para sa uacute;de, para escolas, para transporte, nem com o desemprego?
Ali aacute;s, tem muita gente no Brasil de hoje que n atilde;o deseja encontrar emprego, porque mesmo ganhando pouco eacute; melhor do que cortar cana, por exemplo, por um sal aacute;rio m iacute;nimo, ou ser agricultor no sert atilde;o nordestino, ou ser b oacute;ia-fria para capinar nas lavouras do Paran aacute; ou Mato Grosso do Sul ou ser auxiliar de pedreiro nas grandes cidades.
Chegamos at eacute; aqui cantando e dan ccedil;ando, ser aacute; que queremos mesmo ser igual a eles?

Copyright © 2017 O Presente