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Obesidade prejudica qualidade de vida, mas emagrecer é possível

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Quero emagrecer! A frase eacute; sucinta, mas em algum momento da vida as pessoas se identificam com ela. Para alguns, a frase reflete um drama constante e a busca por melhorar a sa uacute;de e a qualidade de vida. O que n atilde;o eacute; nada f aacute;cil em uma regi atilde;o onde praticamente tudo se comemora com comida e bebida abundante. Foi por isso que o conv ecirc;nio m eacute;dico Sempre Vida, de Marechal C acirc;ndido Rondon, lan ccedil;ou um programa com esse nome. O racioc iacute;nio da promotora foi oacute;bvio: ldquo;Pessoas com sobrepeso e que n atilde;o praticam atividades f iacute;sicas perdem muito em qualidade de vida e acabam, mais cedo ou mais tarde, tendo mais problemas de sa uacute;de e, portanto, fazendo mais exames, consultas, interven ccedil; otilde;es e usando rem eacute;dios rdquo;, cita a assessoria de comunica ccedil; atilde;o do conv ecirc;nio.
O programa iniciou em setembro do ano passado com pessoas com mais de 20 anos. Elas v ecirc;m tendo acompanhamento de endocrinologista, nutricionista, ortopedista, psic oacute;logo, profissional de Educa ccedil; atilde;o F iacute;sica, entre outros. Cento e onze participantes emagreceram juntos neste per iacute;odo 440 quilos. Outros 41 participantes n atilde;o reduziram peso, mas reduziram medidas (converteram gordura em massa muscular). O resultado eacute; excepcional, tanto que uma segunda edi ccedil; atilde;o do programa j aacute; est aacute; sendo preparada, al eacute;m de an aacute;lise de outros espec iacute;ficos, como para diab eacute;ticos e crian ccedil;as e adolescentes.
Por que se preocupar com a obesidade? A resposta eacute; dada pelo m eacute;dico endocrinologista Jo atilde;o Paulo Lemos: porque, muitas vezes, ela serve como a porta de entrada para v aacute;rias outras doen ccedil;as, como as articulares, card iacute;acas, dist uacute;rbios de sono (que levam agrave; irrita ccedil; atilde;o, estresse etc), hipertens atilde;o, diabetes, colesterol alto e at eacute; alguns tipos de c acirc;ncer, al eacute;m de aumentar os riscos de infartos e AVC; por isso, a obesidade precisa ser tratada, alerta o profissional. ldquo;Sempre que a gente fala de obesidade est aacute; falando de um risco final de doen ccedil;as mais s eacute;rias rdquo;, destaca, citando que h aacute; 11% a 15% de obesos na popula ccedil; atilde;o do Brasil.

Diagn oacute;stico
O primeiro passo para o diagn oacute;stico da obesidade, informa o m eacute;dico, eacute; verificar o iacute;ndice de massa corporal, dividindo o peso pelo quadrado da altura. Se a conta for igual ou acima de 30, eacute; obesidade. Contudo, quando j aacute; estiver com sobrepeso ( iacute;ndice de 25 a 30), orienta, cuidados devem ser tomados porque as estat iacute;sticas apontam que o sobrepeso, sem fazer preven ccedil; atilde;o, com o tempo tende a desenvolver obesidade, al eacute;m de tamb eacute;m estar mais pr eacute;-disposto a desenvolver diabetes e hipertens atilde;o.
Assim como o excesso de peso n atilde;o eacute; bom, o especialista alerta que fazer dietas e programas de emagrecimento sem acompanhamento profissional eacute; perigoso porque a pessoa pode faz ecirc;-lo de forma errada. ldquo;Nenhum organismo eacute; exatamente igual. O que eacute; bom para um pode n atilde;o ter o mesmo efeito para outro. Cada pessoa precisa ter uma dieta espec iacute;fica e um programa de exerc iacute;cios de acordo com seu perfil rdquo;, explica.
O m eacute;dico observa que hoje em dia as pessoas est atilde;o cada vez mais sedent aacute;rias diante dos benef iacute;cios tecnol oacute;gicos, que n atilde;o exigem esfor ccedil;os f iacute;sicos, bem como vivem uma rotina estressante, com tempo limitado, principalmente para se dedicar agrave; pr aacute;tica de atividade f iacute;sica. O sedentarismo e a m aacute; alimenta ccedil; atilde;o s atilde;o a combina ccedil; atilde;o perfeita para iniciar um conflito com a balan ccedil;a. ldquo;Da mesma forma, para manter um peso equilibrado e ao mesmo tempo um corpo saud aacute;vel eacute; preciso combinar dieta equilibrada e atividade f iacute;sica rdquo;, refor ccedil;a, lembrando que perda de peso exagerada e sem controle nem sempre significa sa uacute;de.
Lemos salienta que a pessoa n atilde;o pode se conformar se eacute; oriunda de uma fam iacute;lia na qual o excesso de peso eacute; comum. A obesidade, explica, tem carga gen eacute;tica, mas tamb eacute;m eacute; resultado do meio e do estilo de vida de cada um. Ele tamb eacute;m faz um alerta aos pais: a obesidade est aacute; aumentando cada vez mais entre as crian ccedil;as de dois e 12 anos.

Tratamento
O endocrinologista destaca que a pessoa precisa reconhecer o excesso de peso como um problema que prejudica sua qualidade de vida atual e futura e buscar solu ccedil; atilde;o. ldquo;O primeiro passo eacute; tomar a atitude de mudar h aacute;bitos. N atilde;o precisa come ccedil;ar tudo de uma vez. Pode iniciar com uma caminhada de dez minutos, cortando o excesso de gordura na alimenta ccedil; atilde;o. Depois passe a 15 minutos, meia hora, consulte seu m eacute;dico, adote uma alimenta ccedil; atilde;o balanceada. Precisa pensar a cada dia, porque o tratamento contra a obesidade n atilde;o tem fim, eacute; para a vida inteira rdquo;, afirma.
Ele explica que em alguns casos de obesidade eacute; necess aacute;rio entrar com medica ccedil; atilde;o, mas as expectativas n atilde;o devem ser depositadas somente nela. Emagrecer, conclama, eacute; um processo que exige muito mais mudan ccedil;a de h aacute;bitos para uma vida saud aacute;vel. ldquo;Todas as pessoas que perdem peso e conseguem mant ecirc;-lo eacute; porque mudaram seu estilo de vida rdquo;, arremata.

Controle
A medica ccedil; atilde;o, conforme o profissional, auxilia principalmente nos casos em que o paciente tem muita ansiedade. Por sinal, a ansiedade, cita a psic oacute;loga M aacute;rcia Saar, eacute; uma caracter iacute;stica muito presente em pessoas obesas que n atilde;o est atilde;o satisfeitas com seu pr oacute;prio corpo. Existe um padr atilde;o alimentar inadequado, mas tamb eacute;m existe um padr atilde;o social que promove um culto ao corpo, menciona a psic oacute;loga. Dessa forma, diz, as pessoas obesas podem ter sua autoestima prejudicada, afetando todos os aspectos da sua vida, para pior. Quando essas pessoas fazem um tratamento inadequado em que n atilde;o conseguem perder ou manter o peso considerado ldquo;ideal rdquo;, acabam se sentindo culpadas e impotentes. ldquo;Para essas pessoas n atilde;o existe diferen ccedil;a entre necessidade (fome) e desejo de comer. O alimento se torna uma satisfa ccedil; atilde;o moment acirc;nea. Depois dessa satisfa ccedil; atilde;o moment acirc;nea pode acontecer a culpa rdquo;, comenta.
Quem deseja emagrecer e n atilde;o consegue perde muito a qualidade de vida porque vive ansioso e emocionalmente em desconforto, prejudicando at eacute; mesmo sua vida social e afetiva. ldquo; Eacute; a menina que n atilde;o acha uma roupa adequada, eacute; a roleta de um ocirc;nibus que incomoda, uma cadeira pequena; pode haver diminui ccedil; atilde;o na libido… S atilde;o muitos embara ccedil;os no dia-a-dia rdquo;, detalha.
M aacute;rcia alerta que a obesidade pode provocar outros problemas, como transtornos compulsivos. Muitos obesos t ecirc;m compuls atilde;o por comer e posteriormente podem vir a ter uma distor ccedil; atilde;o da autoimagem. ldquo;Se instaura um desequil iacute;brio emocional e quando n atilde;o se consegue controlar a compuls atilde;o, a pessoa se sente impotente rdquo;, lamenta. Por isso, aconselha a profissional, ao pensar em emagrecer, eacute; importante ter um acompanhamento multiprofissional como o que eacute; oferecido pelo programa Quero Emagrecer, do Sempre Vida. ldquo;Os esfor ccedil;os conjuntos tendem a oferecer maior ecirc;xito no combate agrave; obesidade para ajudar no controle da ansiedade e mudar a rela ccedil; atilde;o do paciente com o alimento rdquo;, diz.
Mais do que querer emagrecer, a psic oacute;loga destaca que a pessoa precisa entender que o corpo ldquo;magro rdquo; n atilde;o visa contemplar padr otilde;es est eacute;ticos, mas a sa uacute;de. ldquo;Respeitar o limite de cada um, aprender a se gostar. Estar bem consigo mesmo. Isso eacute; importante. Tanto que h aacute; muitos obesos muito bem resolvidos. Nestes casos, emagrecimento visa contemplar especificamente problemas de sa uacute;de rdquo;, refor ccedil;a.

Em a ccedil; atilde;o
Controle alimentar n atilde;o basta. Quem quer emagrecer precisa entrar em a ccedil; atilde;o. Lemos afirma que qualquer pessoa que quer manter, mais do que o peso ideal, uma vida saud aacute;vel, precisa praticar atividade f iacute;sica habitualmente. Mas, o exerc iacute;cio eacute; uma parte do processo, adianta o personal trainer Marcel Dario Buth. Segundo ele, todos os dias chegam at eacute; sua academia, a Flex, homens e mulheres, na faixa et aacute;ria entre 20 e 40 anos, que desejam ldquo;perder a barriga rdquo;. ldquo;Os homens reclamam do abdomen saliente, querem ganhar massa muscular, agora as mulheres, a maioria procura por perder peso e firmar m uacute;sculos rdquo;, detalha o personal. O problema, diz Marcel, eacute; que boa parte dessas pessoas ou nunca praticou atividade f iacute;sica, ou praticava de forma errada ou, ainda, sem regularidade e orienta ccedil; atilde;o profissional. ldquo;As pessoas buscam resultados r aacute;pidos, mas um emagrecimento saud aacute;vel ou ganho de massa precisa ser gradativo. Al eacute;m disso, nem todas as pessoas t ecirc;m consci ecirc;ncia de que praticar atividade f iacute;sica colabora para uma vida mais saud aacute;vel rdquo;, declara.
O professor refor ccedil;a que as pessoas que desejam emagrecer de forma saud aacute;vel precisam fugir das dietas milagrosas, buscar acompanhamento de um endocrinologista e nutricionista e fazer os exerc iacute;cios certos, conforme seu perfil. ldquo;O metabolismo de cada um reage de maneira diferente, por isso eacute; importante buscar a atividade ideal para ter melhores resultados rdquo;, afirma.

Metas alcan ccedil;adas
O controle do peso n atilde;o eacute; f aacute;cil, afirmam os ldquo;gordinhos rdquo; de plant atilde;o. Agora, imagine quem cresceu e trabalha numa panificadora, onde a m atilde;e eacute; cozinheira de m atilde;o cheia e a tend ecirc;ncia agrave; obesidade na fam iacute;lia eacute; n iacute;tida. Eacute; o caso da rec eacute;m-formada secret aacute;ria executiva bil iacute;ngue Rosana Rodrigues. Ou melhor, era o caso. H aacute; exatamente um ano, ela, que eacute; aluna de Marcel, iniciou acompanhamento nutricional e com personal trainer. Aos 21 anos, 1,56 m, saltou de 103 quilos para 63, e diga-se de passagem que boa parte deste peso j aacute; eacute; m uacute;sculo, ela est aacute; com apenas 2% acima do iacute;ndice de gordura considerado ldquo;normal rdquo;. E ela garante que ainda n atilde;o alcan ccedil;ou sua meta final: quer perder mais alguns quilos e depois fazer uma cirurgia para retirar o excesso de pele.
Para alcan ccedil;ar os resultados, Rosana conta que precisou mudar primeiro a mente, para depois o corpo. ldquo;Muita gente me dizia que teria que fazer redu ccedil; atilde;o de est ocirc;mago, assim como minha m atilde;e fez. Mas eu ficava at eacute; brava porque n atilde;o me via gorda rdquo;, conta, reconhecendo, no entanto, que n atilde;o chegava perto de balan ccedil;as e nem se detinha muito frente ao espelho. O maior problema, relata, era a qualidade de vida que se perdia aos poucos. ldquo;Vivia cansada, dormia mal, n atilde;o conseguia caminhar por muito tempo. Sempre chegava atrasada ao ponto de ocirc;nibus para ir agrave; faculdade porque n atilde;o conseguia apertar o passo ou correr 100 metros que precisava. Tamb eacute;m limitava a vida social. Apesar de eu n atilde;o me sentir gorda, era dif iacute;cil achar roupa pra usar. Nunca comprei o que queria, sempre o que servia. E faltava disposi ccedil; atilde;o rdquo;, revela.
No uacute;ltimo ano de vida nova, a jovem tem mantido uma rotina de segunda a s aacute;bado de exerc iacute;cios f iacute;sicos, de no m iacute;nimo uma hora. A mudan ccedil;a gradual na rotina alimentar fez com que fosse se acostumando a trocar guloseimas por saladas, frutas, fibras… ldquo;Hoje muita gente me procura para descobrir a receita m aacute;gica para emagrecer. Mas n atilde;o tem. Eacute; uma mudan ccedil;a de h aacute;bito que preciso manter para a vida inteira. Hoje a atividade f iacute;sica eacute; n atilde;o s oacute; um h aacute;bito pra mim, mas uma necessidade para que eu me sinta bem rdquo;, garante.
Agora, Rosane consegue caminhar ou correr com facilidade n atilde;o s oacute; os 100 metros, mas at eacute; quil ocirc;metros. E a autoestima vai bem, obrigado. Ela j aacute; n atilde;o fica mais em casa escondida e os relacionamentos melhoraram bastante, inclusive com o sexo oposto. ldquo;Todo mundo diz que o que importa eacute; o lsquo;interior rsquo;, a lsquo;personalidade rsquo;. Eu acho que sim, mas tamb eacute;m importa a gente sentir-se bem com o pr oacute;prio corpo e viver com mais sa uacute;de rdquo;, avalia.

Em processo
O web designer Leandro Lu iacute;s Daronch, 30 anos, sempre pensou que seguiria o perfil da fam iacute;lia de italianos, somente com ldquo;uns pesos a mais rdquo;. Entretanto, sua ideia come ccedil;ou a mudar quando aos 26 anos come ccedil;ou a ter crises de hipertens atilde;o. Com 1,78 m, chegou aos 118 quilos, quando o ideal seria entre 82 e 85 quilos. Sua realidade come ccedil;ou a mudar em outubro de 2009, quando iniciou trabalho a partir do programa ldquo;Quero Emagrecer rdquo;. ldquo;Na verdade sempre fugi da balan ccedil;a, preferia n atilde;o saber rdquo;, diz.
Se n atilde;o bastasse a hipertens atilde;o, Leandro conta que sofria de dores de cabe ccedil;a, azia, n atilde;o conseguia praticar atividade f iacute;sica, nem mesmo uma simples caminhada, porque se lesionava facilmente, dormia mal, sentia calor excessivo… ldquo;Era muito dif iacute;cil rdquo;, resume.
Mudando a alimenta ccedil; atilde;o, praticando pelo menos cinco vezes por semana caminhada e corrida, ele chegou aos 100 quilos. At eacute; outubro, quando completar um ano que iniciou o programa, espera subir na balan ccedil;a e ver o n uacute;mero 85. ldquo; Eacute; meu n uacute;mero m aacute;gico. J aacute; estou satisfeito, mas percebo que posso mais rdquo;, comemora, contando que os mal-estares foram embora, junto com o excesso de peso. Para isso, garante, n atilde;o deixou de comer nada. ldquo;Apenas como na medida certa e alimentos mais saud aacute;veis hoje integram o card aacute;pio di aacute;rio rdquo;, detalha.
E eacute; o m eacute;dico endocrinologista Jo atilde;o Paulo Lemos que d aacute; o recado final: ldquo;Qualquer um consegue emagrecer se dar mais qualidade a sua vida. O corpo e a mente agradecem rdquo;, finaliza.

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