Fale com a gente

Geral

ONG colabora para colocar cães na vida das pessoas

Publicado

em

Foto: Luciany Franco/OP

Desde a sua cria ccedil; atilde;o h aacute; tr ecirc;s anos e meio, a ONG Arca de No eacute;, de Marechal C acirc;ndido Rondon, j aacute; acolheu e destinou agrave; ado ccedil; atilde;o cerca de dois mil c atilde;es. A institui ccedil; atilde;o acompanha cada caso de ado ccedil; atilde;o e garante: os bichos s oacute; t ecirc;m feito bem agrave;s fam iacute;lias. Alguns casos s atilde;o ainda mais especiais, por transforma ccedil; otilde;es que os donos passam e at eacute; pela supera ccedil; atilde;o de doen ccedil;as. Segundo a psic oacute;loga M aacute;rcia Saar, eacute; comprovado que crian ccedil;as superam muito melhor o internamento hospitalar e tratamentos longos quando t ecirc;m um bichinho de estima ccedil; atilde;o. ldquo;O processo de recupera ccedil; atilde;o eacute; acelerado rdquo;, pontua M aacute;rcia.
Segundo a profissional, o animal de estima ccedil; atilde;o tem diferentes fun ccedil; otilde;es para cada pessoa e pode suprir determinadas car ecirc;ncias ou aus ecirc;ncias. ldquo;O casal sem filhos tem no animal um escape para essa aus ecirc;ncia; o idoso, que fica mais tempo sozinho, reduz a solid atilde;o; a crian ccedil;a adota o senso de responsabilidade e solidariedade, al eacute;m de trabalhar a intera ccedil; atilde;o social, sem contar que desenvolve um v iacute;nculo afetivo. E assim s atilde;o muitos outros perfis. Mas o importante eacute; que a pessoa precisa optar por ter o animal rdquo;, destaca.

Fundamental
M aacute;rcia cita a import acirc;ncia que um cachorro ou outro animal de estima ccedil; atilde;o tem para pessoas portadoras de defici ecirc;ncia f iacute;sica. ldquo;O cachorro ajuda o dono a ter mais independ ecirc;ncia e autonomia, eacute; como um incentivo. O c atilde;o-guia, por exemplo, eacute; hoje a melhor forma do cego ter independ ecirc;ncia rdquo;, menciona.
Cachorros, acrescenta a psic oacute;loga, tamb eacute;m s atilde;o oacute;timos companheiros para ajudar crian ccedil;as a superarem medos. ldquo;A presen ccedil;a do amigo d aacute; seguran ccedil;a e tranquilidade aos pequenos rdquo;, pontua. Ela lembra, ainda, que em casos de pessoas depressivas, com simpatia por c atilde;es, o animal pode fazer a diferen ccedil;a em um tratamento.
A psic oacute;loga, no entanto, alerta que o animal de estima ccedil; atilde;o s oacute; vai fazer efetivamente bem se a fam iacute;lia ou a pessoa desejar realmente e avaliar todas as mudan ccedil;as que vai provocar na rotina e quais ser atilde;o as necessidades do animal. ldquo;For ccedil;ar um paciente depressivo ter um cachorro pode ter efeito contr aacute;rio; os pais que adquirem um cachorro para o filho e n atilde;o ensina a ter responsabilidades, pode ser prejudicial. Al eacute;m disso, eacute; preciso ter cuidado, tamb eacute;m, com o v iacute;nculo excessivo. O afeto e o relacionamento com o animal n atilde;o pode substituir o que se tem com os humanos rdquo;, explica.
Outro alerta da profissional eacute; sobre a morte do bicho de estima ccedil; atilde;o. ldquo;O dono, principalmente crian ccedil;a, precisa vivenciar o luto, mas n atilde;o pode ser algo excessivo, porque o v iacute;nculo exagerado pode provocar depress atilde;o ou tristeza profunda com a perda rdquo;, explica.
Por fim, ela garante que a op ccedil; atilde;o por ter um animal de estima ccedil; atilde;o, quando eacute; bem pensada, s oacute; pode proporcionar benef iacute;cios agrave; pessoa ou agrave; fam iacute;lia. ldquo; Eacute; uma op ccedil; atilde;o, com resultados comprovados rdquo;.
Hist oacute;ria comum
A pequena Vit oacute;ria e a sua cachorra Pretinha (adotada junto agrave; ONG Arca de No eacute;) t ecirc;m muitas coisas em comum: ambas t ecirc;m uma hist oacute;ria de abandono, as duas foram adotadas pela mesma fam iacute;lia, elas lutam contra doen ccedil;as e uma colabora para a recupera ccedil; atilde;o da outra. Vit oacute;ria eacute; portadora de necessidades especiais e chegou com a fam iacute;lia em Marechal C acirc;ndido Rondon h aacute; cerca de seis meses. Uma das primeiras provid ecirc;ncias da m atilde;e Lucimara de Souza foi providenciar um c atilde;o para os filhos. Al eacute;m da companhia, o bicho seria importante para o tratamento da filha, que antes de mudar de cidade fazia ldquo;c atilde;oterapia rdquo;. Na Arca de No eacute; encontraram a sharpei Pretinha, j aacute; com cerca de oito anos, que havia sido abandonada. Apesar de ter problemas cong ecirc;nitos de pele, foi a escolhida por Vit oacute;ria e o irm atilde;o Vin iacute;cius. Hoje, a conviv ecirc;ncia eacute; como se fosse desde o nascimento. ldquo;Pra n oacute;s, o cachorro eacute; um companheiro, amigo dos meus filhos, tamb eacute;m eacute; uma ajuda para minha filha evoluir. Sempre tivemos um animal de estima ccedil; atilde;o. Com ele, as crian ccedil;as aprendem a ter responsabilidade e tamb eacute;m sobre amizade rdquo;, detalha Lucimara.
Dentre as evolu ccedil; otilde;es que a pequena Vit oacute;ria est aacute; tendo com a ajuda de Pretinha est aacute; a expressividade. ldquo;Os sons e os gestos est atilde;o muito melhor, principalmente quando ela quer ficar perto da Pretinha rdquo;, conta a m atilde;e.
Lucimara acha que entre Pretinha e Vit oacute;ria h aacute; mais uma semelhan ccedil;a: a alegria. ldquo; Eacute; uma troca: a Pretinha nos faz mais felizes e por isso fazemos o poss iacute;vel para que ela se sinta bem tamb eacute;m rdquo;, conclui.

Mudan ccedil;a de opini atilde;o
O que diferenciou a inf acirc;ncia do cirurgi atilde;o dentista Ely Nardello J uacute;nior das demais crian ccedil;as eacute; que ele nunca teve c atilde;es e sequer gostava deles. Ele acredita que isso foi devido agrave; educa ccedil; atilde;o da fam iacute;lia. ldquo;Se eu ia h aacute; algum lugar que tinha cachorro, me sentia mal, n atilde;o gostava mesmo. N atilde;o me lembro de um c atilde;o que senti vontade, por exemplo, de passar a m atilde;o rdquo;, conta. Quem o conhece, sabe que o sentimento de Ely por cachorros ldquo;era rdquo; de verdadeira avers atilde;o. Era, porque h aacute; um ano apareceu na vida dele a vira-lata Bebel, que mudou o rumo dessa hist oacute;ria. ldquo;Eu sempre amei cachorro e sentia falta. Para conseguir trazer a Bebel para casa fizemos um trato: o Ely poderia continuar seu hobby com montagem de carros e eu teria o cachorro rdquo;, conta a advogada Caroline Pizzatto Nardello, esposa de Ely.
A princ iacute;pio, Bebel ficou com um espa ccedil;o restrito na casa, devido agrave; antipatia do rondonense por cachorros. ldquo;Mas ela sempre ficava me olhando de uma maneira que realmente eacute; indescrit iacute;vel. Da iacute; come ccedil;ou com um carinho na cabe ccedil;a aqui e ali e quando percebi ela j aacute; vinha para o meu colo me lambendo e fazendo festa rdquo;, detalha Ely. Segundo ele, a cachorra o conquistou pelo olhar, sua obedi ecirc;ncia e a alegria que demonstrava cada vez que encontrava o casal. ldquo; Eacute; impressionante acompanhar a evolu ccedil; atilde;o de um c atilde;o desde beb ecirc; rdquo;, completa. Para o casal Nardello, atualmente, a express atilde;o ldquo;o cachorro eacute; o melhor amigo do homem rdquo; pode n atilde;o ser verdadeira. ldquo;Mas que eacute; um melhor amigo que o homem, isso eacute; rdquo;, define o cirurgi atilde;o dentista. nbsp;
Se n atilde;o bastasse a Bebel, h aacute; quatro meses est aacute; na casa dos Nardelloa cachorra Gonti, vinda, assim como Bebel, da Arca de No eacute;. Caroline a acolheu para trat aacute;-la, antes de ir para ado ccedil; atilde;o. O animal n atilde;o andava, por fraturas nas pernas, estava desnutrido e tinha tiques nervosos. ldquo;N atilde;o tinha como deixar ela ir depois de acompanhar toda a evolu ccedil; atilde;o rdquo;, exp otilde;e Ely, remetendo agrave; recupera ccedil; atilde;o de Gonti, que hoje caminha e est aacute; bem de sa uacute;de, obrigado.
Quem conhecia Ely Nardello h aacute; um ano, se admira ao ver que ele deita e rola na grama com os seus c atilde;es, como se fossem crian ccedil;as. ldquo;Eles fazem a gente voltar a ser um pouco crian ccedil;a rdquo;, finaliza.

Companhia
Lisete Laureth, que eacute; cadeirante, bem diferente de Ely Nardello, sempre teve os c atilde;es na sua vida. ldquo;Desde crian ccedil;a, n atilde;o podia ver cachorro na rua que levava para casa rdquo;, conta. Ela, apesar das dificuldades do dia-a-dia, eacute; volunt aacute;ria da Arca de No eacute; e ajuda como pode no cuidado de animais abandonados. ldquo;J aacute; teve caso de cachorro que eu cuidei ser doado e voltar pra c aacute;. Temos uma sintonia rdquo;, diz.
Al eacute;m do trabalho volunt aacute;rio, ela tem como companheira a vira-lata Princesa. ldquo;Ela faz parte de um tratamento contra depress atilde;o. Estou curada, e meus dias s atilde;o mais alegres com a presen ccedil;a dela. Ela s oacute; falta falar rdquo;, define. Indagada sobre o que representa a cachorra para a sua vida, Lisete diz que Princesa eacute; como se fosse uma filha. ldquo;Ela sabe e acompanha os hor aacute;rios para comer, tomar banho, dormir. Al eacute;m disso tudo, cuida da casa. Eacute; muito d oacute;cil, mas tamb eacute;m muito atenta rdquo;, exp otilde;e.
Na opini atilde;o de Lisete, s oacute; abandona um cachorro quem realmente n atilde;o presta aten ccedil; atilde;o no seu bicho de estima ccedil; atilde;o. ldquo;Iria perceber que eacute; um ser com sentimentos e com disposi ccedil; atilde;o para amar o dono pela vida inteira rdquo;, arremata.

Voluntariado
A professora aposentada Izabel Rodrigues Bellomo eacute; uma das volunt aacute;rias da ONG Arca de No eacute;. Al eacute;m dos nove cachorros que ela e a filha t ecirc;m, costuma cuidar de outros cerca de dez da ONG. ldquo;Eles ficam aqui at eacute; que encontramos um lar, ou at eacute; mesmo aqueles que est atilde;o muito doentes ou velhos, que n atilde;o v atilde;o para doa ccedil; atilde;o rdquo;, explica.
O trabalho, garante Izabel, eacute; muito satisfat oacute;rio e d aacute; alegria para sua vida. Conhecida nas imedia ccedil; otilde;es da sua casa como ldquo;Izabel dos Cachorros rdquo;, a aposentada conta que j aacute; aconteceu mais de uma vez de pessoas deixarem cachorro amarrado na porta da sua casa. ldquo;N atilde;o consigo conceber que algu eacute;m conviva com um animal e depois simplesmente abandone. Eacute; uma crueldade rdquo;, lamenta.
A professora garante que enquanto tiver sa uacute;de, vai continuar com o trabalho volunt aacute;rio. Contudo, n atilde;o consegue imaginar sua velhice sem algum c atilde;o por perto. Para as pessoas que pretendem adotar ou adquirir um c atilde;o, a volunt aacute;ria tem um conselho: ldquo;Antes de trazer para casa o bichinho, precisa lembrar que vai ter um ser sob sua responsabilidade por cerca de 15 anos. Em troca, ter aacute; amizade e fidelidade incondicional rdquo;, destaca.

nbsp;

Arca de No eacute; j aacute; evitou que mais de 10 mil c atilde;es fossem para as ruas

Em tr ecirc;s anos e meio de atua ccedil; atilde;o, a ONG Arca de No eacute;, de Marechal C acirc;ndido Rondon, j aacute; recolheu e encaminhou agrave; doa ccedil; atilde;o mais de dois mil animais. Todos adotados depois de devidamente tratados e castrados. Se isso n atilde;o tivesse acontecido, o munic iacute;pio teria em torno de dez mil c atilde;es de rua a mais, levando em conta as possibilidades de procria ccedil; atilde;o. ldquo;O que fazemos n atilde;o se resume ao ato de amor e solidariedade aos animais, mas tamb eacute;m de cuidado com a sa uacute;de p uacute;blica. Ao evitar que os bichos fiquem na rua estamos impedindo a prolifera ccedil; atilde;o de v aacute;rias doen ccedil;as, al eacute;m de colaborar com a limpeza da cidade, evitando lixos revirados e que defequem nas ruas rdquo;, pontua a presidente da ONG, Rosemari Lamberti. Ela conta que a Arca de No eacute;, desde a sua exist ecirc;ncia, mant eacute;m uma m eacute;dia de cerca de 60 animais aos seus cuidados. Sem um canil ou sede pr oacute;pria, os bichos ficam na casa de volunt aacute;rios. H aacute; fam iacute;lias que chegam a cuidar de uma vez de dez a 20 c atilde;es. ldquo;Sai um e chega outro. Temos um grande problema na cidade que eacute; a falta de consci ecirc;ncia das pessoas. Elas pegam um filhotinho, porque eacute; bonitinho e engra ccedil;adinho, e quando estes crescem, precisando de cuidados di aacute;rios, elas simplesmente abandonam rdquo;, reclama a presidente.
Apoio
A Arca de No eacute; tem em torno de 15 pessoas volunt aacute;rias que atuam agrave; frente da organiza ccedil; atilde;o. Al eacute;m disso, h aacute; pouco mais de 100 colaboradores que contribuem com doa ccedil; otilde;es ou na ajuda com o cuidado dos bichos recolhidos. H aacute; conv ecirc;nio da ONG com tr ecirc;s cl iacute;nicas veterin aacute;rias, que cobram pre ccedil;os m oacute;dicos para tratar e fazer as castra ccedil; otilde;es. ldquo;Os animais adultos, antes de serem doados, s atilde;o castrados. Com isso j aacute; estamos garantindo para o futuro menos problemas com rela ccedil; atilde;o ao aumento de c atilde;es na cidade rdquo;, explica Rosemari. Para os meses de novembro e dezembro, a Arca est aacute; recebendo uma ajuda financeira da prefeitura. Conforme as condi ccedil; otilde;es dos adotantes, tamb eacute;m eacute; cobrada uma pequena taxa de ajuda para cobrir despesas com vacinas e verm iacute;fugos.
A presidente da Arca de No eacute; informa que a maior dificuldade da organiza ccedil; atilde;o eacute; financeira e por n atilde;o possuir um canil pr oacute;prio. ldquo;Com um canil poder iacute;amos receber visitas e promover educa ccedil; atilde;o e conscientiza ccedil; atilde;o rdquo;, explica. Por eacute;m, as pessoas podem colaborar, se n atilde;o for com ajuda financeira, oferecendo m atilde;o-de-obra para cuidar dos bichos, ajudar em feiras ou simplesmente adotando. Para adotar basta ter condi ccedil; otilde;es, um espa ccedil;o e gostar de cachorro ou gato. Os interessados podem entrar em contato pelos telefones (45) 9912-8606 ou 3254-1341. Mais informa ccedil; otilde;es tamb eacute;m podem ser encontradas no site www.arcadenoemcr.org.br.

Fiscaliza ccedil; atilde;o
Al eacute;m desse trabalho, a ONG atua na microrregi atilde;o de Marechal C acirc;ndido Rondon como fiscalizadora, recebendo den uacute;ncias de maus-tratos, crueldade, etc, e profere palestras em escolas e outras entidades que desejarem. ldquo;Queremos promover a responsabilidade e a consci ecirc;ncia das pessoas, especialmente as crian ccedil;as rdquo;, defende a presidente Rosemari.

Copyright © 2017 O Presente