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Oportunidades de emprego atraem rondonenses ao Japão

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O Japão está voltando a ser a terra das oportunidades para brasileiros em busca de trabalho no exterior. Destino de muitos descendentes de japoneses que deixaram o Brasil para trabalhar na indústria nipônica em décadas passadas, o país está novamente atraindo mão de obra brasileira, com vagas em indústrias, serviços, rede hoteleira e obras de estrutura para os Jogos Olímpicos de 2020.

Somente no segundo semestre do ano passado, 15 mil a 20 mil brasileiros deixaram o Brasil rumo ao país do sol nascente, conforme estimativa da Associação Brasileira de Dekasseguis (Abdnet). Desse montante, pelo menos 10% – ou 1,5 mil pessoas – são da região Norte do Paraná. Ainda conforme a Abdnet, atualmente 190 mil brasileiros vivem como dekasseguis no Japão. No auge do movimento migratório, em 2008, esse número chegou a 320 mil pessoas.

O movimento de volta ao Brasil permaneceu até 2014, motivado pelo desaquecimento da economia japonesa. Hoje a situação se inverteu. Com a crise na economia brasileira, muitas empresas fecharam, aumentou o desemprego… Por outro lado, a situação econômica do Japão melhorou e o dólar está favorável para quem trabalha no exterior.

 

SONHOS

Na maior parte dos casos, a história se repete. A maioria dos brasileiros chegam ao Japão com a intenção de ficar um, dois, três anos. Cada um com o seu sonho: juntar dinheiro para terminar os estudos, comprar uma casa, abrir um negócio no Brasil e por aí vai.

O rondonense Jurgen Yoshimi Takahazi Schmidt, de 23 anos, por exemplo, que nasceu em Marechal Cândido Rondon, mudou-se para o Japão em dezembro de 2015 em busca de trabalho. Fui para o Japão em busca de trabalho, porém, sempre gostei do país, e quando surgiu a oportunidade, pensei: por que não ir? Tinha a vantagem de ter família morando aqui, logo teria alguém para consultar em caso de dúvidas, contou o jovem à reportagem de O Presente, diretamente do Japão. Jurgen, que é descendente de japoneses por parte de mãe e foi morar com a irmã na cidade de Tóquio, trabalha como web developer (desenvolvedor de sistemas) em uma empresa japonesa. No Brasil, já trabalhava na área desde 2011, expõe.

Sendo Brasil e Japão duas realidades completamente distintas, não seria difícil apontar vantagens e desvantagens de se viver em um ou noutro país, contudo, para Jurgen, é justamente isso que faz com que não haja comparação entre os dois países. É como se fossem dois mundos diferentes. Aqui (Japão) você tem um país de primeiro mundo e outra cultura, então vai depender de como você se encaixa. Por outro lado, no Brasil, você tem a facilidade de ser natural dali, e isso te deixa mais confortável, declara.

 

BARREIRA DO IDIOMA

Como a maioria dos brasileiros que vão para o Japão não têm como objetivo a estadia definitiva, muitas vezes não fazem questão de aprender japonês, no entanto, isso pode complicar, e muito, a adaptação no país. Para Jurgen, o maior empecilho do dia a dia é o idioma. Minha adaptação foi tranquila, o único problema que tive, e ainda tenho, é a dificuldade com a língua, pois é complicado se comunicar sem saber japonês, ressalta.

Em contrapartida, o rondonense afirma que no seu trabalho o idioma não interfere, visto que, por conta do grande número de estrangeiros que ali trabalham, eles usam o inglês para se comunicar. O jovem está estudando o novo idioma há dois meses e diz saber o básico, mas vê dificuldade em formar frases, já que no japonês elas são ao contrário. Aprender japonês está sendo um desafio,

isso para falar somente o básico. São três alfabetos, sendo que um deles tem mais de dois mil caracteres, menciona.

Desde que foi para o Japão, Jurgen não retornou mais para Marechal Cândido Rondon. Questionado se pretende voltar a morar no Brasil, o jovem diz que sim, mas ainda não sabe quando.

 

RETORNO

Jorge Yassuo Matumoto, de 34 anos, também trocou sua terra natal pelo país oriental e hoje mora na cidade de Komaki, no Estado de Achi. Ele foi para o Japão em 1997, quando tinha 15 anos e, desde então, retornou algumas vezes para o Brasil.

Natural de Mogi das Cruzes (SP), Jorge se mudou para Marechal Cândido Rondon em 2008, ano em que a crise mundial estagnou o mercado de trabalho japonês. Aqui permaneceu até 2015, quando decidiu retornar ao Japão. Meu irmão voltou antes de mim para o Brasil, no caso, São Paulo, e nisso um dos nossos tios, que morava em Cascavel, convidou meu irmão para trabalhar na Copagril em Marechal Cândido Rondon, então, quando resolvi voltar, fui morar com ele, recorda Matumoto.

Segundo ele, seu intuito, no início, era trabalhar para juntar dinheiro e voltar ao Brasil para terminar os estudos, todavia, o tempo passou e o pensamento de Jorge mudou. Me acostumei com a vida no Japão e acabei deixando de lado a ideia de guardar dinheiro e busquei me estabelecer por aqui. Na época, meus pais também não tinham interesse em voltar para o Brasil, expõe.

 

PREPARANDO AS MALAS

Enquanto alguns rondonenses estão no Japão e outros já foram e retornaram, há os que estão se preparando para irem à terra do sol nascente. É o caso do casal Luiz Roberto Leonardo, 28 anos, e Karine Sibele Hübner, 23. Eles se casaram em janeiro deste ano e até o fim de 2017 pretendem estar morando e trabalhando no Japão. Como estamos recém-casados, temos que esperar um tempo até que o nosso visto seja liberado, o que acredito que deve acontecer até o fim do ano, comenta o rondonense.

Luiz é descendente de japoneses e já morou por alguns anos no Japão, inclusive tem familiares que lá residem. Segundo ele, o objetivo da ida para outro país é o trabalho. Minha família trabalha em uma empreiteira japonesa e me fala que estão havendo muitas oportunidades de trabalho, então estamos saindo daqui com empregos quase garantidos, comenta.

A princípio, Luiz e Karine pretendem ficar no Japão até 2020, ano das Olimpíadas. Tudo depende de como a Karine irá se adaptar, expõe o rondonense, levando em consideração a outra cultura e o modo de vida distinto no novo país.

 

RETORNO APÓS A EXPERIÊNCIA

Raul Alexandre da Silva, 40 anos, e Débora Martin da Silva, 44, compõem a lista dos muitos rondonenses que já moraram e trabalharam no Japão. Na última vez que o casal foi ao país, lá residiram por quatro anos, de 2005 a 2009. Eles moravam e trabalhavam na cidade de Toyohashi, no Estado de Aichi. Alexandre, que é neto de japoneses e tinha familiares no Japão, trabalho com fiação elétrica de veículos, enquanto Débora trabalhava na mesma área, porém em uma empresa diferente.

Na visão do casal, que foi ao Japão com objetivo de trabalhar, o mercado japonês é realmente muito atrativo para os brasileiros. A área que mais disponibiliza vagas é a industrial, principalmente no que se refere à mão de obra em fábricas de autopeças, diz Alexandre. A jornada de trabalho, no entanto, não se resumia às oito horas diárias comuns no Brasil. Segundo o rondonense, que trabalhava geralmente das 07 às 21 horas, o número de horas trabalhadas dependia muito da fábrica e do trabalho que era desempenhado. O mínimo eram oito horas diárias, mas nós trabalhávamos 12 horas, variando de duas a quatro horas extras por dia. Isso dependia do ritmo e da demanda da produção, declara.

Conforme Alexandre e Débora, a rotina do casal era trabalhar de segunda a sexta-feira e no fim de semana colocar em dia os afazeres domésticos, fazer compras e aproveitar momentos de lazer.

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