Resistência de ervas daninhas faz aumentar uso de 2,4-D

Com a resistência ao glifosato, o agricultor que optou pela soja transgênica está tendo dificuldade em controlar as ervas daninhas, como a buva. Na foto, é possível perceber a dimensão do problema: lavoura de soja mais parece um matagal (Foto: Maria Cristina Kunzler)

Quando surgiu a soja modificada geneticamente, muitos agricultores tiveram na novidade a esperan ccedil;a de conseguir bons resultados produtivos aliados a uma diminui ccedil; atilde;o nos custos de produ ccedil; atilde;o. A promessa era de que com a soja RR a mesma seria resistente ao herbicida glifosato, o que faria com que se pudesse utilizar o produto livremente para eliminar as ervas daninhas, sem afetar a soja. No entanto, a realidade atualmente eacute; bem outra, a qual, sem d uacute;vida, est aacute; causando dor de cabe ccedil;a para o agricultor que optou em cultivar a soja transg ecirc;nica.
J aacute; existem mais de 15 tipos de ervas daninhas que se tornaram resistentes ao Roundup, e a buva eacute; uma delas. Segundo o professor de Agronomia da Unioeste e doutor em Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural, Wilson Zonin, na regi atilde;o Oeste do Paran aacute; a primeira erva daninha que surgiu com maior for ccedil;a e mostrou resist ecirc;ncia ao glifosato em lavouras com soja transg ecirc;nica foi a buva. ldquo;A buva nunca foi considerada erva daninha para as lavouras de soja. Por eacute;m, a natureza tenta reagir, porque o princ iacute;pio eacute; da diversidade e n atilde;o da monocultura, e na nossa regi atilde;o hoje estamos com problema de monocultura. Estamos implantando a monocultura da soja, que eacute; o que predomina, ou ent atilde;o somente soja e milho rdquo;, menciona.
E este problema est aacute; ocasionando outro, bem mais preocupante. Com a resist ecirc;ncia das ervas daninhas, agricultores est atilde;o voltando a usar o herbicida 2,4-D na entressafra. ldquo;O 2,4-D eacute; um herbicida muito forte, baseado em dioxina, que eacute; um dos produtos mais t oacute;xicos que o homem j aacute; inventou. O 2,4-D est aacute; sendo usado nas entressafras para plantar a soja transg ecirc;nica. H aacute; uma preocupa ccedil; atilde;o com esse excesso de t oacute;xicos, j aacute; que o uso do glifosato nos uacute;ltimos anos foi triplicado ou mais, e agora os agricultores tamb eacute;m est atilde;o usando altas quantidades de 2,4-D. S atilde;o os problemas que est atilde;o relacionados com a cultura da soja transg ecirc;nica e aparecimento destas ervas daninhas rdquo;, revela o professor doutor.
A soja convencional, por sua vez, ressalta Zonin, n atilde;o vem enfrentando estes problemas. ldquo;Os consumidores precisam ficar preocupados com estes impactos negativos ao meio ambiente rdquo;, alerta.

Impactos ambientais
Os maiores impactos no uso indiscriminado de herbicidas, conforme o professor, est aacute; especialmente na contamina ccedil; atilde;o da aacute;gua e depois da biodiversidade. ldquo;Os agrot oacute;xicos acabam indo parar no len ccedil;ol fre aacute;tico, em rios e v atilde;o contaminando a biodiversidade, al eacute;m de estarmos produzindo uma soja com maiores teores de res iacute;duos. Ent atilde;o para o consumidor eacute; uma grande preocupa ccedil; atilde;o rdquo;, explica.
Zonin sugere que os agricultores busquem meios alternativos para a produ ccedil; atilde;o de soja, como, por exemplo, a cultura agroecol oacute;gica. ldquo;Com isso, os consumidores teriam acesso a alimentos mais saud aacute;veis. E os consumidores, por outro lado, deveriam valorizar os agricultores que participam da agroecologia rdquo;, menciona.