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Safra atípica concentra armazenamento da soja

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Foto: Mirely Weirich/OP

O Presente

 

O excesso de chuva registrado há algumas semanas no Estado do Paraná e o alto nível de estoque em termos de armazenamento estão deixando em alerta empresas e cooperativas da microrregião de Marechal Cândido Rondon quanto à possibilidade do congestionamento na entrega da safra de soja. Outro ponto que contribui para elevar o armazenamento da oleaginosa nas empresas está ligado ao fato de que a colheita da safra está sendo concentrada no prazo médio de 14 dias, tendo como principais causas o atraso no plantio e as chuvas do início deste ano.

De acordo com o representante de uma empresa com atuação na microrregião de Marechal Rondon, em torno de 90% da safra de verão 2017/2018 de soja está colhida e armazenada. “Na comparação com igual período do ano passado, estamos com uma quebra de 15% a 20%, representando cerca de 140 sacas de soja (colhidas) por alqueire. No entanto, a saca está sendo comercializada em R$ 69 diante de R$ 61 em igual período de 2017, resultando em uma ligeira alta de 10%. Se analisarmos o índice de produtividade de um ano para o outro e o valor pago, torna-se possível dizer que o desempenho está sendo equilibrado”, menciona.

O profissional informa que a safra deste ano pode ser definida como atípica, uma vez que se resumiu praticamente em duas semanas de colheita, quando durava de 30 a 40 dias em anos anteriores. “Isso aconteceu devido à chuva, pois tivemos poucos dias de sol. Da mesma forma que atrapalhou o plantio, agora acumulou esse material, misturando produto desde precoce a tardio, ou seja, vem tudo numa ‘pancada’ só”, revela, acrescentando: “Em outros anos recebíamos 60 mil sacas nos dias de pique, enquanto neste ano recebemos 100 mil sacas ou mais num único dia”, exemplifica.

Segundo ele, os dias de sol favoreceram a retirada de grãos secos, sendo desnecessário passar por secador. “A produção entrava numa moega, saía pela outra e ia embora com muitos caminhões carregando diariamente. Aqui fluiu bem, pois temos capacidade de armazenar alto nível de produto. Armazenamos metade e a outra metade já segue para frente, contudo em algumas filiais foi preciso parar cerca de seis horas, deixando de dez a 15 caminhões na fi la de um dia para o outro até normalizar”, salienta.

Estoque Máximo

O congestionamento na entrega da safra de soja não está sendo provocado pela chuva e, sim, porque as empresas estão trabalhando com níveis de estoques máximos, pois os produtores praticamente não fecham negócio, não vendem o produto, por isso ocorre esse problema”, destaca a engenheira agrônoma do Departamento de Economia Rural de Toledo (Deral), órgão ligado à Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), Jean Marie Ferrarini.

Jean Marie lembra que 480,8 mil hectares foram cultivados com soja nos 20 municípios da região de Toledo e outros quatro mil com milho primeira safra. Já as lavouras de Marechal Rondon foram preenchidas com 31,5 mil hectares de soja, diante de mil hectares de milho.

A previsão inicial estava em colher 1,779 milhão de toneladas de soja, porém a gente baixou para 1,6 milhão na regional, o que deve reduzir um pouco mais até o fechamento. Diante de tantas adversidades climáticas não é possível dizer que se trata de uma safra ruim, ela apenas é menor do que o ano passado, redução que neste momento está na faixa de 7%”, expõe, avaliando que a saca estava sendo comercializada a R$ 69 nos últimos dias, alta aproximada de 10% na análise com o mesmo período do ano passado.

Congestionamento Localizado

O gerente da área técnica da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), Flávio Turra, destaca que a safra de verão deve novamente ser muito boa em todo o Estado, tanto em produtividade quanto no que tange à qualidade. “Vamos ter no Paraná uma grande safra de soja, provavelmente em torno de 7% menor do que a passada. Na prática tivemos aumento de área plantada, no entanto a safra anterior teve produtividade excelente, talvez a melhor do Estado do Paraná e agora novamente estamos com uma safra boa, apenas com produtividade um pouco menor do que em 2017”, considera.

A colheita está um pouco atrasada por conta do plantio tardio, assim como do período de chuva e pouco sol, o que alongou o ciclo da soja. Agora se encontra no período de intensa colheita”, coloca.

Segundo ele, o Paraná tem capacidade estática para armazenar 30 milhões de toneladas, cuja safra de verão pode alcançar 22 milhões de toneladas na soma de soja e milho. Todavia, o gerente alerta que parte dessa capacidade de receber 30 milhões de toneladas já está comprometida devido ao estoque de safras anteriores. “Temos um volume razoável, cerca de 10% da safra de verão passada, além de produto comercializado pelo agricultor que ainda está nas empresas. A gente imagina que alguma localidade ou microrregião terá problema com armazenagem, mas, como a colheita não ocorre ao mesmo tempo em todo o Paraná, ainda existe espaço de armazenamento longe da região produtora. Mas nas localidades mais próximas da produção pode haver problema em alguns municípios, no caso de cidades do Oeste”, alerta.

 

Leia a matéria completa na edição impressa do Jornal O Presente que circula nesta sexta-feira (02).

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