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Suspeitos de estuprar e matar Tayná são soltos

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Os quatro suspeitos de estuprar e matar a adolescente Tayná Adriane da Silva, de 14 anos, em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba, foram soltos no início da noite de segunda-feira (15). O Ministério Público do Paraná (MP-PR) havia entrado com um pedido de liberdade provisória para eles, no domingo (14).

Segundo o promotor Paulo de Lima, que cuida do caso, os suspeitos serão informados sobre o programa de proteção à testemunha e, se tiverem interesse, o Ministério Público vai solicitar que os quatro homens sejam protegidos.

De acordo com a avaliação da promotoria, não há elementos que justifiquem a permanência dos suspeitos na cadeia. Entre os fatores que pesaram para o pedido, o Ministério Público aponta que os quatro já deram vários depoimentos acerca do caso e cederam material genético para as investigações.

Os promotores também consideram que, pelo comportamento nos depoimentos, nenhum dos suspeitos apresenta sinais de periculosidade. O pedido feito pelo MP-PR foi em caráter de urgência e foi definido após o depoimento que os homens prestaram na sede da Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp), em Curitiba, no sábado (13).

Em entrevista ao Fantástico, no domingo, o secretário de segurança pública do Paraná, Cid Vasques, disse que “policial torturador não é policial, é delinquente”. O programa ainda teve acesso  aos depoimentos que os suspeitos prestaram ao Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco). Os homens disseram ter levado choques e terem sido sufocados.

Preso: Daí esse delegado estava com a maquininha de choque.
Promotor: O delegado?
Preso: Com a maquininha de choque e já chegou prensando, ‘Cadê o corpo da menina, não sei o que…’
Promotor: E deu o choque?
Preso: Deu. Nossa, bastante.

O coordenador do Gaeco, Leonir Batisti, afirmou que promotoria pediu a prisão de 15 pessoas – sendo a maioria policiais civis e um delegado – por suspeita de tortura aos quatro presos. No total, foram tomadas medidas de prisão ou de afastamento para 24 pessoas, ainda conforme Batisti.

Reviravolta

A mudança de postura das autoridades em relação ao caso aconteceu devido aos novos fatos que surgiram na investigação do crime da menina, morta no dia 25 de junho. Dois dias depois do sumiço de Tayná, a polícia prendeu quatro homens, funcionários de um parque de diversões do município.

O parque inclusive foi alvo de protesto de moradores da região, que colocaram fogo no local e quebraram brinquedos. Em depoimento à polícia, os suspeitos confessaram o crime. Entretanto, logo após o início das investigações, a perita Jussara Joeckel, que esteve no local onde o corpo foi encontrado, afirmou que a cena analisada por ela não representava uma situação de estupro.

“Isso [a menina vestida] é incompatível com violência, com embate sexual e com violência sexual”, disse. Um exame de DNA feito no sêmen encontrado no corpo de Tayná comprovou que o material não pertencia a nenhum dos suspeitos presos. Após ouvir os quatro homens, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) decidiu denunciar a prática de tortura contra eles.

“Todos eles contam a forma como eles chegaram a um ponto onde não havia mais possibilidade de aguentarem a tortura e foram obrigados a falar o que era mandado”, afirmou a coordenadora de Direitos Humanos da OAB, Isabel Kluger Mendes.

Três delegados já foram afastados das investigações. No domingo, toda a equipe, que conta com aproximadamente 20 policiais, foi afastada da Delegacia do Alto Maracanã, em Colombo, conforme a Secretaria de Segurança Pública do Paraná. Eles haviam sido temporariamente substituídos por equipes do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), da Polícia Civil.

Nesta segunda-feira,o delegado-geral da Polícia Civil, Marcus Vinicius Michelotto, determinou que a Delegacia do Alto Maracanã passe a ser comandada pelo delegado Iacri Meneghel Abarca, que, até então, era responsável pela Delegacia de Castro, na região central do estado. Doze investigadores, dois escrivães e dois estagiários vão assumir a delegacia junto com Abarca.

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