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Transplante de rim melhora qualidade de vida de pacientes

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Pacientes renais chegam a fazer hemodiálise até três vezes por semana e diálise de duas a quatro vezes por dia (Foto: Jornal do Oeste)

J aacute; eacute; frequente no Brasil e tamb eacute;m na regi atilde;o o transplante intervivos de rim. Atualmente, considera-se que no pa iacute;s pelo menos a metade dos transplantes desse oacute;rg atilde;o eacute; entre vivos. Na regi atilde;o Oeste, em Cascavel tem sido feito esse tipo de cirurgia. O m eacute;dico nefrologista da RenalClin, de Toledo, Fernando Roman, considera que na regi atilde;o o n uacute;mero de transplantes intervivos eacute; at eacute; maior do que doa ccedil; otilde;es de cad aacute;veres. Em 2008, dos seis transplantes encaminhados pela cl iacute;nica, quatro foram intervivos. Neste ano, oito pacientes foram encaminhados para transplante entre vivos e o mesmo n uacute;mero para transplante de oacute;rg atilde;o de doador morto. ldquo; Eacute; um oacute;timo n uacute;mero. Hoje eacute; mais sofrido no Brasil para quem precisa esperar doa ccedil; atilde;o de cad aacute;ver, porque o pa iacute;s tem poucas doa ccedil; otilde;es. E eacute; uma decis atilde;o que acaba recaindo sobre a fam iacute;lia e por isso precisa aumentar a conscientiza ccedil; atilde;o rdquo;, explica Roman, lembrando que na regi atilde;o os transplantes s atilde;o feitos em Cascavel.
Estima-se que 30% da popula ccedil; atilde;o n atilde;o querem doar um oacute;rg atilde;o ou tecidos, ou a fam iacute;lia n atilde;o concorda com a doa ccedil; atilde;o. A primeira vantagem para quem encontra doador na fam iacute;lia eacute; que n atilde;o precisa entrar na lista de espera pelo oacute;rg atilde;o. O nefrologista esclarece que o avan ccedil;o da medicina e da ind uacute;stria farmac ecirc;utica permitiu que a doa ccedil; atilde;o entre irm atilde;os, pais e filhos e primos ou outros parentes da fam iacute;lia pudesse estar salvando muitas vidas. Al eacute;m disso, cita o m eacute;dico, o transplante intervivos de rim tem tido resultados mais satisfat oacute;rios do que com o oacute;rg atilde;o de uma pessoa que sofreu morte cerebral. Para doar o rim para pessoa que n atilde;o seja da fam iacute;lia, eacute; preciso ordem judicial. ldquo;Mas eacute; um processo dif iacute;cil e complicado que, contudo, visa evitar que aconte ccedil;a um mercado de oacute;rg atilde;os rdquo;, pondera o m eacute;dico.

Qualidade de vida
Pode ocorrer, cita Fernando Roman, de o transplantado ainda perder o rim que ganhou, por conta de v aacute;rias situa ccedil; otilde;es, entre elas de rejei ccedil; atilde;o. Isso pode vir a acontecer depois de v aacute;rios anos de transplante, quando se caracteriza rejei ccedil; atilde;o cr ocirc;nica. Um rim transplantado pode viver 10, 15, 20, 30 anos, conforme as condi ccedil; otilde;es. E h aacute; casos agudos, em que a pessoa transplanta em um dia e no dia seguinte, ou nos que sucedem, j aacute; perde o rim. ldquo;Mas no transplante entre vivos a chance eacute; maior do que em cad aacute;ver que n atilde;o eacute; da fam iacute;lia, porque a compatibilidade eacute; sempre maior rdquo;, explica. Segundo ele, os rins de transplante n atilde;o t ecirc;m tempo determinado para viver, mas a evolu ccedil; atilde;o tem garantido que a cada dia dure mais. ldquo;Anos atr aacute;s a expectativa era de 10 a 12 anos e atualmente, com os novos medicamentos e as tecnologias, pode durar de 18, 20 e at eacute; mais, sendo que entre parentes o resultado eacute; ainda melhor, devido agrave; compatibilidade rdquo;, menciona Roman.
Para o m eacute;dico, o transplante continua sendo um procedimento delicado, mas atualmente j aacute; eacute; mais tranquilo e os riscos s atilde;o muito baixos. Para o doador eacute; praticamente zero. Quem recebe eacute; que precisa maiores cuidados, como rem eacute;dio para rejei ccedil; atilde;o, entre outros. ldquo;Mas o procedimento em si tem uma taxa de sucesso muito alta. Eacute; muito seguro. Tanto que em Cascavel j aacute; se faz com grande frequ ecirc;ncia rdquo;, argumenta.
O transplante de rim entre vivos, garante o nefrologista, tem melhorado a expectativa de vida e principalmente a qualidade de vida dos pacientes que ficam livres da hemodi aacute;lise, que precisa ser feita tr ecirc;s vezes por semana, ou di aacute;lise, que eacute; di aacute;ria. ldquo; Eacute; um procedimento que causa sofrimento e atrapalha a vida do paciente. A partir do transplante melhora bastante a qualidade de vida, que passa a ser normal como de qualquer outra pessoa rdquo;, define.

Outros oacute;rg atilde;os
De acordo com o especialista em nefrologia do Hospital Bom Jesus, o f iacute;gado eacute; outro oacute;rg atilde;o que pode ser doado entre vivos, mas eacute; um procedimento mais complexo, oferecendo riscos at eacute; mesmo ao doador. Por isso, a frequ ecirc;ncia eacute; muito menor. Ocorre mais quando pais doam para filho ainda pequeno, que necessita de um peda ccedil;o bastante reduzido do oacute;rg atilde;o para ser transplantado na crian ccedil;a.
Somente a medula tem resultados t atilde;o exitosos quanto o transplante de rim e tem garantido a sobreviv ecirc;ncia de muitas vidas. Da medula, exp otilde;e Roman, 99% dos transplantes s atilde;o entre vivos.

Nova vida
Para o vereador santa-helenense Luiz Carlos de Camargo, a not iacute;cia de que necessitava de um transplante caiu sobre sua cabe ccedil;a como uma bomba. Tudo come ccedil;ou com altera ccedil; otilde;es na press atilde;o arterial e anemia. O m eacute;dico nefrologista foi enf aacute;tico ao dar o diagn oacute;stico e, em pouco tempo iniciou o tratamento fazendo di aacute;lises e iniciou a procura por um doador. ldquo;Por uns dias h aacute; uma sensa ccedil; atilde;o muito ruim, a gente fica um pouco deprimido. Passam alguns medos pela cabe ccedil;a: de n atilde;o achar algu eacute;m compat iacute;vel, da pessoa n atilde;o se dispor a doar, de n atilde;o estar bem para o transplante (para a cirurgia, doador e receptor precisam estar bem), de haver rejei ccedil; atilde;o ap oacute;s a cirurgia… s atilde;o muitas coisas que a gente pensa antes de acontecerem rdquo;, detalha Camargo.
Mas, seus temores foram abaixo quando seus tr ecirc;s irm atilde;os se dispuseram a fazer os exames de compatibilidade e os resultados foram positivos. Um deles, inclusive, com 100% de compatibilidade, do irm atilde;o Gerli. A cirurgia foi um sucesso, doador e transplantado se recuperaram bem. Hoje, Camargo toma alguns cuidados, como evitar sal, bebida alco oacute;lica, entre outros. De resto, sua vida eacute; normal. ldquo;A diferen ccedil;a eacute; que agora eu, que sou corinthiano, tenho um rim palmeirense rdquo;, brinca ele.
O doador Gerli, por sua vez, n atilde;o percebe mudan ccedil;as no seu organismo desde a cirurgia e garante: ldquo;Faria tudo outra vez para salvar meu irm atilde;o e nem s oacute; meu irm atilde;o, se pudesse salvar algu eacute;m, faria rdquo;, diz, lembrando que a decis atilde;o pelo transplante foi espont acirc;nea. ldquo;Eu nem pensei em nada, apenas quis salvar a vida do meu irm atilde;o rdquo;, acrescenta.

Entre irm atilde;s
As irm atilde;s Neli Balensiefer, de Novo Tr ecirc;s Passos, e Marlice Soder Medeiros, de Curitiba, t ecirc;m hist oacute;ria semelhante. H aacute; pouco mais de dez anos, Neli convivia com problemas nefrol oacute;gicos. Tinha nevrite, uma doen ccedil;a renal cr ocirc;nica. Ela sabia que um dia os seus rins iriam parar de funcionar. E foi o que aconteceu em agosto de 2008. A partir de ent atilde;o, ela passou a submeter-se agrave;s di aacute;lises, que precisavam ser feitas at eacute; tr ecirc;s vezes ao dia.
Neste ano, Marlice se prontificou a doar um rim para a irm atilde;. A compatibilidade de 100% confirmada foi a garantia que tiveram de que a hist oacute;ria teria um final feliz. E assim foi.
O transplante aconteceu em final de outubro, em Cascavel. A doadora Marlice, em poucos dias, j aacute; estava na sua rotina normal, enquanto a receptora Neli ainda se recupera, com bastante ecirc;xito. ldquo;Me sinto como se tivesse renascido e quem possibilitou isso foi minha irm atilde;. Saber que a gente vive com o oacute;rg atilde;o de outra pessoa provoca um sentimento de gratid atilde;o pelo simples ato de viver. Acho que n atilde;o s oacute; renasci, mas sou outra pessoa rdquo;, declara a transplantada, que diz n atilde;o ter palavras para manifestar sua felicidade.

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