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UEM tem mais de 1,7 mil vagas ociosas em cursos de graduação presenciais

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UEM tem mais de 1,7 mil vagas ociosas em cursos de graduação presenciais (Foto: UEM/Divulgação)

A Universidade Estadual de Maringá (UEM) tem mais de 1,7 mil vagas ociosas, em 45 cursos de graduação presenciais, e outras 959 em seis cursos de ensino a distância (EaD), segundo edital para transferências externas, que recebeu inscrições até quarta-feira (23).

A soma das vagas (2.728) equivale a aproximadamente 15% das cadeiras ocupadas na universidade em 2018, quando 18,2 mil estudantes estavam matriculados nas duas modalidades de ensino superior, presencial e EaD.

A oferta para transferências externas é maior que a do último Vestibular de Verão, que tinha 1.518 vagas.

Veja abaixo os 10 cursos com o maior número de vagas ociosas* na UEM e o campus em que são ofertadas

  • engenharia têxtil, Goioerê: 98 vagas;
  • matemática, Maringá: 94 vagas;
  • engenharia agrícola, Cidade Gaúcha: 84 vagas;
  • licenciatura plena em ciências, Goioerê: 80 vagas;
  • engenharia de alimentos, Umuarama: 74 vagas;
  • tecnologia em construção civil, Umuarama: 71 vagas;
  • estatística, Maringá: 67 vagas;
  • serviço social, Ivaiporã: 58 vagas;
  • engenharia ambiental, Umuarama: 57 vagas;
  • física, Goioerê: 57 vagas.

*Os números acima apresentam a soma das vagas em cada curso, que são distribuídas entre o 2º, o 3º e o 4º anos da graduação.

A pró-reitora de Ensino da UEM Leila Pessoa Da Costa explicou que, apesar de o número de vagas ociosas parecer assustador, em termos percentuais está abaixo do que se observa nas universidades públicas do país.

Em 2018, ao todo, mais de 5,1 mil estudantes ingressaram na UEM pelos diferentes processos seletivos para anos iniciais, segundo a universidade.

Dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) – que acompanhou a trajetória dos universitários entre 2010 e 2015 com base no Censo da Educação Superior – mostram que quase 56% dos alunos que entraram na faculdade em 2010 não se formaram com os colegas do curso de graduação no qual se matricularam. Entre os que desistiram, 16,6% eram da rede pública.

Procurada, a Secretaria Estadual da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) informou apenas que universidades têm autonomia nas decisões.

 

Anos anteriores

Em 2018 e 2017 a UEM teve números parecidos de vagas ociosas para a graduação presencial, que ofertados para transferências externas.

Nos dois processos anteriores, não houve selecionados para cinco dos dez cursos que possuem o maior número de vagas para 2019: engenharia têxtil, licenciatura plena em ciências, tecnologia em construção civil, serviço social e engenharia ambiental.

 

Mapeamento

Leila, que assumiu a Pró-Reitoria de Ensino em outubro de 2018, explicou que a universidade está fazendo um mapeamento de alunos para pensar em ações pontuais, que possam ajudar a evitar a evasão, considerando o fator que está desencadeando a desistência atualmente.

“A questão da evasão ocorre em função de um determinado período que nós vivemos, ora por questões sociais, ora por questões econômicas, ora por questões culturais. Então, obviamente em função de qual seja o desencadeante disso, a gente implementa ações neste sentido”, explicou.

 

Estrutura

A pró-reitora também destaca a característica multicampi da UEM: atualmente são sete campi em cidades das regiões norte e noroeste do Paraná.

Segundo ela, a abertura de um curso é sempre precedida por uma série de estudos, que considera as necessidades regionais.

No entanto, estudantes reclamam da infraestrutura da universidade. Em Umuarama, estudantes de engenharia ambiental citaram a falta de equipamentos e insumos para os laboratórios e a demora para conclusão da obra do Restaurante Universitário (RU), que deveria estar pronto há cerca de 5 anos.

Matheus Haddad Nudi, de 21 anos, vai cursar o 4º ano do curso em 2019, e afirma que o curso tem uma boa grade curricular, mas peca um pouco na infraestrutura.

Segundo o jovem, a turma dele, que começou com cerca de 35 estudantes, tem atualmente entre 15 e 20 alunos. Ele lista os motivos mais variados para as desistências, desde alunos que não gostaram do curso, até aqueles que pararam de estudar para trabalhar.

Uma estudante de engenharia de alimentos, também no campus de Umuarama, que preferiu não ser identificada, reclamou da dificuldade para concluir o curso devido à retenção por reprovação.

Segundo ela, os alunos não conseguem adiantar matérias quando há reprovação em determinado número de disciplinas. A coordenação do curso, segundo ela, justifica a retenção pela falta de vagas, mesmo com os alunos sabendo das vagas ociosas.

“No 3º ano tem 5 alunos em sala de aula”, estima a jovem.

Entre os colegas dela que deixaram o curso, ela elenca alguns fatores para a desistência: a retenção por reprovação e as greves que acabam atrasando a formação.

“A maioria trancou o curso e foi fazer faculdade particular. Estão quase todos quase se formando”, afirma.

Questionada sobre uma possível ociosidade dos professores, considerando o alto índice de desistência dos estudantes em alguns cursos, a pró-reitora de Ensino da UEM respondeu que a maioria dos professores é responsável por disciplinas em mais de um curso e tem atividades além da sala de aula.

“O contrato dos professores da UEM implica ensino, extensão e pesquisa”, detalha.

Leila destacou ainda que há um período de consolidação de cursos e que a oferta está sempre em análise para adequações, mas afirma que não há nenhuma discussão, atualmente, para o fechamento de cursos.

“Não há nenhuma discussão no sentido de fechamento de curso, estamos analisando o que está acontecendo em cada curso para sentar e pensar nas alternativas”, garantiu.

 

Engenharia têxtil

Engenharia têxtil, com maior número de vagas ociosas para 2019, tem 33 vagas para o 2º ano, 39 para o 3º e 26 para o 4º ano, um total de 98 cadeiras. No Vestibular de Verão, a concorrência para não cotistas foi de 0,6 candidatos por vaga.

Leila explicou que a UEM é uma das poucas instituições a oferecer a graduação em engenharia têxtil, que tem sede em Goioerê, no noroeste do estado. O curso, segundo a pró-reitora, foi criado a partir de uma demanda da região e considerando o compromisso da universidade com a formação de profissionais.

“É preciso lembrar que o desenvolvimento de um curso e a manutenção dos alunos em um curso também estão relacionados com as questões econômicas e sociais, além das questões da universidade”, detalhou.
Carla Mayumi, de 21 anos, vai cursar o 5º e último ano de engenharia têxtil na UEM neste ano. A jovem faz parte do Programa de Educação Tutorial (PET), o único de engenharia têxtil no país, e afirma que o principal motivo da baixa procura pelo curso é a falta de conhecimento sobre a graduação.

Com população estimada de 28,9 mil habitantes em 2018, Goioerê já foi um polo têxtil do estado e abriga um dos cursos mais antigos de engenharia têxtil do país.

Carla conta que, desde que entrou na universidade, nunca viu uma turma lotada. De acordo com a estudante, da turma que começou com ela, apenas 10 devem terminar a graduação em 2019. Poucos estão atrasados, e a maioria desistiu.

A jovem atribui o alto índice de desistência a um problema comum dos cursos de engenharia, que é o nível de dificuldade dos anos iniciais.

“Os primeiros anos tem muitas matérias básicas como cálculo, química e física e pouca engenharia têxtil”, pontua.

A falta de contato com a engenharia têxtil nos primeiros anos também pode levar algumas pessoas a desistir do curso, acredita Carla. Outro fator apontado por ela é que o curso é integral, o que levam alguns estudantes a optar por cursos noturnos para poder trabalhar durante o dia.

Para tentar atrair mais estudantes, o PET Engenharia Têxtil faz a divulgação do curso nas escolas da cidade. Neste ano, com a chegada de muitos calouros que não tinham muito conhecimento sobre o curso, o grupo resolveu fazer um trabalho mostrando o trabalho de um engenheiro têxtil na prática, explicando as disciplinas dos últimos anos de graduação e o mercado de trabalho.

Projeto PET com Calouros apresentou a sala de máquinas para estudantes, explicando sobre o funcionamento dos maquinários têxteis (Foto: PET Engenharia Têxtil/Divulgação)

“Uns cinco alunos relataram que iam desistir do curso, porque não estavam se identificando, mas depois do que eles conheceram, eles resolveram ficar. Isso para a gente foi extremamente positivo e pretendemos continuar”, relata.

Carla também afirma que o curso tem reconhecimento por parte das empresas do setor têxtil e que a realização do estágio pelos estudantes não é problema. Segundo a jovem, tem uma empresa de Fortaleza (CE) chega a enviar profissionais até Goioerê para recrutar alunos.

 

Vagas ociosas em outras universidades

Outras universidades do norte do Paraná também fazem processos seletivos para preencher as vagas ociosas.

A Universidade Estadual de Londrina (UEL), ofertou 393 vagas em 35 cursos presenciais de graduação para ingresso a partir de 2019. O edital foi publicado em outubro de 2018, e o resultado da seleção ainda não foi divulgado na página da instituição.

A Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP) também ofertou 585 vagas ociosas, em 20 cursos, para este ano. As inscrições terminaram na terça-feira (22).

 

Com G1

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