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Universitários: três em cada quatro trabalham para estudar

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Pagar para estudar é a realidade da maioria dos brasileiros que estão na faculdade (Foto: Divulgação)

Pagar para estudar é a realidade da maioria dos brasileiros que estão na faculdade. Dados da Companhia de Estágios – assessoria e consultoria especializada em vagas de estágio e trainee – revelam que, dos 74,4% de alunos que estudam em instituições particulares, apenas um quarto não tem qualquer gasto com educação, pois os custos são pagos por terceiros. O restante precisa investir parte da renda para garantir os estudos.
Segundo os últimos dados divulgados do Censo da Educação Superior de 2016, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), existem no Brasil, atualmente, 2.407 instituições de ensino superior, dessas apenas 298 são geridas pelo poder público, contra mais de 2,1 mil instituições particulares.
Além de possuírem menos unidades, as estatais ainda contam com outra desvantagem: a forte concorrência. Por isso muitos jovens buscam outras alternativas que possam auxiliar nessa empreitada, já que o apoio financeiro dos pais anda comprometido devido aos percalços da economia.

Depois da aprovação
Após a tensão do vestibular surgem novas responsabilidades na vida dos calouros e uma das principais é arcar com as mensalidades da graduação. Para isso alguns ainda podem contar com a ajuda financeira da família, já outros precisam recorrer a incentivos do governo, através de programas como o Financiamento do Ministério da Educação (Fies) – um empréstimo que o aluno só paga depois de formado –, ou o Programa Universidade para todos (Prouni) – voltado para alunos de baixa renda que fizeram o Ensino Médio em escolas públicas, que podem concorrer a bolsas de estudo integrais ou parciais.
Mas, para quem não é contemplado por esses benefícios, bancar a graduação pode se tornar um desafio cada vez maior, já que o valor é reajustado anualmente, especialmente em tempos de recessão econômica. Justamente por isso muitas instituições privadas oferecem também o crédito universitário, um convênio entre banco e faculdade, que garante empréstimos com juros menores, ou, há ainda programas de concessões de bolsas oferecidos pelas próprias faculdades para quem não tem condições de pagar o valor total.

 

Estágio é alternativa
Tudo isso ajuda, mas, para quem está em início de carreira e ainda não possui muita experiência no mercado, o cenário é ainda mais desafiador: muitos precisam contribuir com o orçamento familiar e ainda bancar os estudos, no entanto, conquistar uma vaga de emprego formal é cada vez mais difícil. Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revelam que os jovens entre 14 e 24 anos são os mais prejudicados pela recessão do país, o que acontece, justamente, devido à inexperiência e falta de qualificação desse grupo. O levantamento da Companhia de Estágios também demonstra que, além disso, boa parte dos estudantes afirma não estar preparada para encarar o mercado formal no momento e, portanto, enxerga no estágio uma oportunidade para ganhar experiência e segurança.
Diante dessas dificuldades, o estágio tem ganhado cada vez mais espaço e se destacado na preferência dos estudantes. De acordo com Tiago Mavichian, diretor da recrutadora, os números já refletem esse cenário: “Os programas de aprendizagem atraem cada vez mais candidatos, para se ter ideia, nossos dados internos registraram um aumento gradual desde o início da crise, em 2014. O número de candidatos nos processos seletivos de todo o país cresceu mais de 20%”.
Para o especialista as projeções futuras são ainda mais positivas: “Esse mercado vem recuperando as vagas suprimidas pela crise e tende a crescer ainda mais. O número de vagas subiu 19% somente no ano passado, mesmo período em que houve mais de 200 mil novos inscritos em nossa plataforma. E a pesquisa demonstra que, atualmente, 58% dos estudantes estão priorizando a busca por uma oportunidade de estágio em detrimento de vagas formais ou autônomas.

Investimento a longo prazo
O estudo revela que mais da metade dos estudantes conseguem fechar as contas do mês no azul, mas, em contrapartida, não sobra nenhuma quantia para poupar, inclusive, boa parte deixou de fazer algum curso complementar, justamente, por esse motivo. No entanto Mavichian alerta que o momento é crucial para quem quer construir uma carreira sólida e se estabelecer após a faculdade.

 

Perfil econômico dos universitários

21% dos alunos gastam um terço da renda com a graduação

20% consomem mais da metade da renda com graduação

49% tem tenda familiar de até 3 salários mínimos

32% dispõem de orçamento familiar acima de 3 salários mínimos

18% contam apenas com o salário mínimo

59% afirma participar diretamente nas despesas da casa (arcam com
boa parte das contas  ou pagam ocasionalmente alguma despesa)

22% têm nos pais os principais financiadores

21% pagam os próprios estudos

21% estudam em instituições públicas

 

Fonte: “O Perfil do candidato a vagas de estágio em 2018”

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