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Voluntariado contribui para resgate da qualidade de vida

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Almejar qualidade de vida pode ser comum agrave; maioria das pessoas, se considerado que eacute; natural do ser humano a busca pelo atendimento de suas pr oacute;prias necessidades. No entanto, prover condi ccedil; otilde;es f iacute;sicas, mentais, sociais e emocionais para outras pessoas tamb eacute;m pode ser uma forma de ampliar o alcance da qualidade de vida, j aacute; que doar tempo (e dinheiro) eacute; uma forma de oferecer condi ccedil; otilde;es de dignidade a terceiros, o que retorna em satisfa ccedil; atilde;o pessoal. Este eacute; o resultado do trabalho de Jaime Forte Daros, volunt aacute;rio que h aacute; cerca de 11 anos preside o Centro de Recupera ccedil; atilde;o Caminhos da Vida, localizado em Curvado, Marechal C acirc;ndido Rondon. Na ch aacute;cara existem, atualmente, 14 internos que buscam no m eacute;todo terap ecirc;utico uma alternativa para superar seu problema de depend ecirc;ncia qu iacute;mica, al eacute;m de 13 idosos com problemas sociais, defici ecirc;ncia f iacute;sica ou mental.
Depois de oito anos usando drogas, Jaime encontrou na oportunidade de ajudar os dependentes um meio de obter qualidade de vida. ldquo;Quando estava nas drogas eu n atilde;o tinha futuro, mas como consegui me converter por meio da igreja, ent atilde;o pensei que eu gostaria de oferecer aos outros a oportunidade de sentir a mesma alegria que eu tinha por ter largado aquilo rdquo;, declara.
O primeiro contato dele com a casa de recupera ccedil; atilde;o foi para fazer um favor, levando m oacute;veis at eacute; l aacute;. ldquo;Foi quando tive a ideia de ajudar com alguma doa ccedil; atilde;o. Depois de um tempo me envolvi tanto que cheguei a morar no Centro de Recupera ccedil; atilde;o e ent atilde;o me vi usando os m oacute;veis que eu mesmo tinha doado. Isso me mostrou que devemos sempre doar o melhor de n oacute;s, pois no futuro n oacute;s mesmos podemos precisar rdquo;, relata o presidente.
O trabalho volunt aacute;rio de Jaime foi uma escolha t atilde;o convicta que hoje eacute; a principal atividade dele. ldquo;Nas drogas perdi minha fam iacute;lia e passei a viver sozinho. Fazia trabalhos como humorista e as pessoas pensavam que eu era feliz, mas n atilde;o era. Havia um vazio dentro do meu peito, que hoje est aacute; preenchido rdquo;, garante.
Antes de seu trabalho na casa de recupera ccedil; atilde;o, o rondonense tinha emprego, fez viagem ao exterior, tinha im oacute;veis, ocirc;nibus e casa. Hoje mora de favor. ldquo;Isso n atilde;o vem ao caso rdquo;, desconversa. ldquo;O Centro n atilde;o eacute; m eacute;rito meu rdquo;, diz. No entanto, o seu desprendimento dos bens materiais denota que sua concep ccedil; atilde;o sobre qualidade de vida n atilde;o se confunde com padr atilde;o de vida. ldquo;Quando o uacute;ltimo bem foi vendido, pensei que poderia ser o fim da casa, mas mesmo assim as coisas aconteceram, ent atilde;o s oacute; pode ser pela vontade de Deus rdquo;, revela.
Ver os jovens se recuperando no Centro, retomando o rumo de suas vidas livres das drogas eacute; a maior recompensa para Jaime. ldquo;Isso eacute; o meu lsquo;pagamento rsquo;, eacute; muito gratificante rdquo;, resume.

Frutos
Uma das principais vit oacute;rias de Jaime e da sociedade por meio do Centro de Recupera ccedil; atilde;o eacute; a convers atilde;o de Roberto Lauxen, 30 anos. H aacute; cerca de tr ecirc;s anos ele mudou de vida, depois de ter sido preso sete vezes por tr aacute;fico e roubo; e de ter levado cinco tiros. ldquo;Comecei a usar drogas aos 15 anos, depois passei a praticar roubos e traficar para ter dinheiro para a droga. Perdi meu emprego e me afastei da fam iacute;lia. Um dia quando estava no hospital, o Jaime me convidou para ir para a casa de recupera ccedil; atilde;o. Eu queria mudar de vida, pois sabia que d iacute;vidas, as drogas e as desaven ccedil;as me levariam agrave; morte rdquo;, relata.
Foi assim que, de dependente, Roberto passou a volunt aacute;rio do Centro de Recupera ccedil; atilde;o. ldquo;O que para mim era a perdi ccedil; atilde;o (drogas) tornou-se uma b ecirc;n ccedil; atilde;o, pois hoje eacute; o meu meio de trabalho e de vida rdquo;, observa.
Depois de dormir v aacute;rias vezes na rua e viver em fun ccedil; atilde;o da depend ecirc;ncia qu iacute;mica, Roberto conta que resgatou at eacute; mesmo h aacute;bitos b aacute;sicos como a pr oacute;pria higiene. ldquo;Quando se est aacute; nas drogas at eacute; isso se perde. A droga nos deixa cegos e a gente n atilde;o se importa. Hoje tenho mais qualidade de vida, uma boa alimenta ccedil; atilde;o, higiene e pessoas que me amam e que eu amo rdquo;, menciona.
Para alcan ccedil;ar a condi ccedil; atilde;o atual, ele ressalta que contou com f eacute;, for ccedil;a de vontade para mudar, apoio da fam iacute;lia e oportunidade de entrar no Centro. ldquo;Muitas pessoas querem mudar de vida, mas precisam de oportunidade rdquo;, enfatiza, considerando-se um privilegiado.

Incompat iacute;vel
Ex-dependente de drogas, Danilo Rodrigues Ferreira, 27 anos, est aacute; h aacute; dois meses no Centro de Recupera ccedil; atilde;o e j aacute; se sente fortalecido para n atilde;o voltar ao consumo. ldquo;Eu tentava levar a droga de forma paralela agrave; minha vida familiar e social. Tinha trabalho, ganhava bem e pensava que dominava a droga, mas foi assim que, de usu aacute;rio, virei dependente e comecei a me envolver com roubo rdquo;, conta.
Quando a droga acabava, Danilo diz que sentia ang uacute;stia, pois tinha consci ecirc;ncia de que ele precisava ser um bom exemplo para os dois filhos. Ele via os pais e a esposa chorarem devido a sua condi ccedil; atilde;o de viciado e este foi o contexto que pesou para a sua decis atilde;o de tentar se libertar. ldquo;A abstin ecirc;ncia foi dif iacute;cil, pensei em ir embora, quase entrei em depress atilde;o, mas prezo pela minha fam iacute;lia e minha vida. Fora daqui sei que encontraria a morte e aqui encontramos for ccedil;a em Deus rdquo;, salienta.
Para Danilo, os cerca de 13 anos em que usou coca iacute;na e aacute;lcool foi um tempo em que ldquo;depositou dinheiro em saco furado rdquo;. Hoje essa consci ecirc;ncia o fortalece para n atilde;o voltar ao que considera um erro. ldquo;Agora tenho perspectiva de ter uma vida melhor rdquo;, finaliza.

Casa de recupera ccedil; atilde;o caminha para a autossustenta ccedil; atilde;o
O voluntariado tamb eacute;m tem sido um dos fatores predominantes na busca pela autossustenta ccedil; atilde;o do Centro de Recupera ccedil; atilde;o Caminhos da Vida. Hoje, a institui ccedil; atilde;o ainda eacute; mantida por meio de doa ccedil; otilde;es de empresas, clubes de servi ccedil;o, igreja internacional e conv ecirc;nio com o Poder P uacute;blico de Marechal C acirc;ndido Rondon. No entanto, o objetivo do administrador da casa, Jaime Fortes Daros, eacute; que o trabalho dos internos possa se tornar a principal fonte de renda para a manuten ccedil; atilde;o do Centro.
Para isso, volunt aacute;rios t ecirc;m articulado a viabiliza ccedil; atilde;o da constru ccedil; atilde;o de um barrac atilde;o para abrigar a marcenaria da Casa. Al eacute;m disso, os pr oacute;prios internos est atilde;o trabalhando na constru ccedil; atilde;o de um chiqueiro para cria ccedil; atilde;o de porcos para consumo pr oacute;prio. Eles ainda criam frangos, um boi e uma vaca, de onde obt ecirc;m leite para a alimenta ccedil; atilde;o di aacute;ria.
Os volunt aacute;rios tamb eacute;m est atilde;o articulando uma melhoria da horta, de onde j aacute; se obt eacute;m vegetais para integrar o card aacute;pio.Outro objetivo do administrador, com apoio de volunt aacute;rios, eacute; promover a instala ccedil; atilde;o de uma pequena f aacute;brica de artefatos de cimento, cuja renda reverta para os internos.

Doa ccedil; atilde;o
Dentre os volunt aacute;rios est atilde;o Ademar Dahmer e Antonio Donizeti Barriviera, aposentados que buscam na sociedade recursos, projetos, material para viabilizar melhorias agrave; Casa. ldquo;N oacute;s apenas aglutinamos a ajuda das pessoas em torno de um mesmo objetivo rdquo;, desconversa Donizeti, acrescentando que apenas disp otilde;e de tempo para somar as inten ccedil; otilde;es de outras pessoas.
Para eles, n atilde;o eacute; grande m eacute;rito canalizar os esfor ccedil;os. ldquo;N atilde;o estamos ofertando dinheiro, somente tempo e o nosso trabalho para obten ccedil; atilde;o de recursos, estamos somente administrando a boa vontade daqueles que est atilde;o ajudando rdquo;, reflete.

Compromisso
Na vis atilde;o de Donizeti, suas a ccedil; otilde;es geram uma satisfa ccedil; atilde;o pessoal. ldquo;Penso que temos que valorizar o ser humano, independente de classe social, pois tanto pobres como ricos tamb eacute;m precisam de aux iacute;lio. Assim como a gente quer algum conforto, entendo que tamb eacute;m eacute; um dever nosso buscar providenciar o mesmo para os outros rdquo;, opina.
Do ponto de vista dele, o voluntariado ainda tem muito para crescer no munic iacute;pio e na regi atilde;o Oeste paranaense. ldquo;Apesar de existir boa vontade, as pessoas ajudam, mas n atilde;o ocorre doa ccedil; atilde;o de si. A maioria das pessoas n atilde;o participa, n atilde;o tira tempo para os outros rdquo;, observa.
Para ele, se houvesse um maior comprometimento com os outros, toda a sociedade poderia ser melhor. ldquo;N atilde;o eacute; preciso dispor de dinheiro para ser um volunt aacute;rio, eacute; mais uma quest atilde;o humana. Eacute; preciso se sensibilizar pelas causas alheias e querer realizar. No caso do Centro de Recupera ccedil; atilde;o, vimos que para eles n atilde;o faltava comida, mas melhores condi ccedil; otilde;es de moradia, ter um ambiente mais confort aacute;vel para viver, pois com uma melhor qualidade de vida acredito que tamb eacute;m se torna mais f aacute;cil para eles se recuperarem rdquo;, conclui.

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