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Marechal Cantor rondonense

DVD vai celebrar 50 anos de carreira de Walter Basso; gravação será em dezembro em Cascavel

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Sucesso no Brasil a partir dos anos 1970, cantor e locutor rondonense está concluindo a produção do seu primeiro DVD. Uma obra especial e repleta de significados que pretende contar um pouco das suas histórias e projetos, eternizando cinco décadas de trabalho (Foto: O Presente)

“Do meu castelo de sonhos você é a rainha. Do meu céu sem estrelas você vive a bailar. Eu te amo meu bem mais que a minha vida. Só não posso viver sem o teu olhar”.

Talvez você tenha lido esse trecho cantando ou quem sabe apenas identificou se tratar de um trecho de uma música. Independente de como esse pequeno verso é recebido, uma coisa é certa e incontestável: a voz do cantor por trás desta melodia que desde a década de 70 embala shows, bailes e festas pelo Brasil afora.

Ele é Walter Basso. Catarinense de nascimento, mas rondonense de coração, já que em 1960, à época com oito anos de idade, saiu, junto dos pais e da irmã, do distrito de Volta Grande, em Santa Catarina, e veio para Marechal Cândido Rondon.

Junto com a nova cidade iniciava-se também a carreira daquele que até hoje é considerado um ícone musical por ter levado, e honrado, o nome de Marechal Rondon para todo o país.

Sua história com a música começa na infância, antes mesmo da adolescência. Sempre demonstrando muito interesse pela música, principalmente por canções sertanejas e gaúchas, quando chegou a Marechal Rondon, além de ser armador de pinos no antigo Salão Weiss, Basso também apresentava-se no salão de bailes em algumas oportunidades. “Lembro-me de um Baile dos Gaúchos em 1961 em que compraram bombacha, bota e lenço e me vestiram de gauchinho e eu apresentei três músicas, todas do Teixeirinha”, recorda com saudosismo. O episódio rendeu a ele o apelido de Teixeirinha.

Apesar de desde muito cedo chamar a atenção pelo talento musical, foi no final dos anos 60 que Basso passou a explorar profissionalmente sua paixão pela música. Seu início foi como cantor e guitarrista do grupo Os Fronteiristas, fazendo sucesso em bailes de todo o Sul do país. Já no início da década de 1970 o grupo passou a se chamar Os Vikings.

Em 1973, o conjunto gravou em São Paulo um compacto duplo, o qual trazia, entre músicas como “O baile”, “Solange” e “Oh Deus”, a canção “Castelo de sonhos”, composição de Walter Basso e que rendeu grande destaque nos quatro cantos do Brasil.

Até então, a venda dos discos acontecia somente nos bailes realizados pelo conjunto musical. No entanto, anos mais tarde, o material gravado abriu caminhos para um contrato com uma grande gravadora da Capital paulista. “Um divulgador da gravadora Escala descobriu a gente em Marechal Rondon e fez a proposta para que eu gravasse sozinho e eu aceitei. Assinei o contrato com a gravadora e fui para São Paulo. Em três meses fiz a gravação das músicas ‘Castelo de Sonhos’ e ‘Solange’. Dentro de seis meses o disco estava sendo lançado em todo o Brasil”, conta Basso.

Despontava então nas paradas musicais a faixa “Castelo de sonhos”, sucesso em todo o Brasil e que até hoje já conta com 35 regravações, inclusive com cinco versões em espanhol. “Foi então que realmente começou acontecer a música porque ela teve uma divulgação nacional. A gravadora se encarregou de colocar em todas as Capitais e Estados. Devido a essa influência da gravadora é que o disco estourou em todo o Brasil”, relata o cantor.

Ele relembra que viajou para diversas cidades brasileiras para realizar trabalhos com a gravadora e, tendo em vista o sucesso na carreira solo, o dono do grupo Os Vikings vendeu para Basso o conjunto musical. “Continuamos a fazer bailes em todo o país, especialmente Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso. Às vezes ficávamos um mês fora de casa apenas viajando”, recorda.

 

Composta por Walter Basso, “Castelo de sonhos” foi gravada em 1976 e estourou nas paradas de sucesso do Brasil, rendendo ao cantor o disco de ouro com um milhão de cópias vendidas (Fotos: Divulgação)

 

HISTÓRIA NO RÁDIO

A história de Basso no meio musical e no rádio se cruzam em diversos pontos de sua trajetória. Antes de iniciar sua jornada musical junto do grupo Os Fronteiriços, ele estudava no Colégio dos Irmãos Lassalistas (Colégio La Salle), em Toledo, de onde saiu em 1968 e ingressou na Rádio Difusora do Paraná, em Marechal Rondon. A empresa era de propriedade do ex-prefeito Arlindo Alberto Lamb e tinha como diretor Antônio Maximiliano Ceretta.

Basso começou a trabalhar como sonoplasta, mas exerceu diversas funções durante o tempo em que esteve ligado à emissora, além de participar de alguns programas, como o Big Show Difusora, no qual já mostrava sua aptidão para a música.

À música, o cantor credita sua evolução e diz ter duas faces. “A rádio foi muito importante para mim. Adquiri um conhecimento muito grande. Comecei com 14 anos na Rádio Difusora como sonoplasta, passei a ser discotecário, noticiarista, redator de notícias, fiz de tudo um pouco. Foi muito importante para a minha evolução musical, para saber realmente o que eu queria, pois quando comecei a compor eu já fui sabendo como funcionava e a maneira como eu queria que fossem as minhas músicas”, expõe.

Prova de que o rádio e o meio musical sempre se atrelaram à vida de Basso é que até hoje ele é fiel à radiodifusão, atuando como radialista da Rádio Comunitária Marechal FM em um programa que leva seu nome e retrata seu jeito de ser. “Vou carregar o rádio e a música comigo até eu morrer. A música vive dentro de mim. Não me imagino dizendo que não vou mais cantar, tocar ou falar em rádio. É uma coisa que não se passa na minha cabeça. Somente quando eu morrer”, revela o radialista.

 

PAUSA NA CARREIRA

A carreira solo de Basso começou em definitivo no ano de 1989 e, após alguns anos, o grupo musical Os Vikings deixou de existir. “Depois que eu vendi o conjunto praticamente me acomodei. Fiquei uns cinco anos sem fazer música, sem ter interesse por shows, só trabalhando na rádio”, diz, acrescentando: “No ano seguinte, quando parei de cantar, tive um problema bastante sério com alcoolismo, porque passei a viver no ócio. Passei por momentos bastante sérios no hospital e quase morri. Acredito que Deus não me levou porque não era hora e hoje eliminei o álcool da minha vida”, declara.

Em 1995, o cantor retorna à música e, principalmente, às suas composições. O interesse pela carreira havia renascido. “Depois, com o tempo, eu continuei gravando, mas nenhuma outra (música) teve a repercussão que ‘Castelo de sonhos’, ‘Solange’, ‘O baile’ e outras. Algumas estouraram em alguns Estados, mas não foi algo geral”, comenta. “Por isso que de vez em quando eu gravo algumas canções novas e incluo em CDs, porque hoje não tenho mais contato com gravadoras, que praticamente nem existem mais com a era da informática”, complementa.

 

Conjunto Os Vikings, do qual o cantor rondonense fazia parte na década de 1970

 

O AUGE

Com a música “Castelo de sonhos”, Basso tornou-se ídolo em diversos lugares do país, sendo um dos primeiros artistas a divulgar, difundir e propagar o nome do município de Marechal Rondon em todo o Brasil.

Toda esta repercussão positiva lhe garantiu o disco de ouro pela venda de um milhão de cópias, recebido ao vivo no “Programa do Bolinha”, capitaneado pelo apresentador Edson Cury, na Rede Bandeirantes. “Aquele momento foi a realização de um sonho”, destaca o cantor, que também teve passagens por programas consagrados da épocas, como Chacrinha, Mais Mais e Raul Gil. “Ficava muito emocionado quando ouvia que ‘Castelo de sonhos’ estava nas paradas musicais do Brasil inteiro, inclusive na primeira colocação”, comenta.

 

HOJE EM DIA

Walter Basso é casado com Adiles Maria Basso e tem três filhos: Giuliano, Graziele e Walter Lucas. Com 66 anos, ele continua atrelando música e rádio em seu cotidiano. “Continuo fazendo shows. Há pouco tempo estive no Rio Grande do Sul, onde fiz vários shows na região de Ametista e Planalto, além do Paraguai, onde também faço bailes”, menciona. “A música vive em mim. Ela não morre nunca. Uma vez que você nasce com esse dom de poder cantar e compor músicas você nunca vai largar totalmente”, frisa.

 

Produção do DVD é em parceria com o produtor musical Giovani Lussani e a gravação será realizada em dezembro deste ano no Cowboy Saloon, em Cascavel

 

GRAVAÇÃO DO DVD EM CASCAVEL

Há quem diga que viver é eternizar o tempo, outros que recordar é viver e reviver. Hoje, após décadas de sucessos retratados em sete discos e dois CDs gravados, Walter Basso finaliza mais uma parte de seu “Castelo de sonhos” com a gravação de um DVD que traz a promessa de imortalizar e celebrar os 50 anos de carreira e sucessos.

“A gravação desse DVD é um filme completo na minha cabeça porque me remete ao passado, ainda na primeira gravação do conjunto Os Vikings, em São Paulo, então tudo é uma história que me emociona. É uma carreira inteira, carreira de vida e de música”, considera o cantor.

A produção do DVD é em parceria com o produtor musical Giovani Lussani e a gravação será realizada em dezembro deste ano no Cowboy Saloon, em Cascavel. O processo de produção já se estende há cinco meses. “Esse DVD é uma forma de imortalizar e comemorar 50 anos de muitos shows e bailes por esse Brasil afora, desde o lançamento de ‘Castelo de sonhos’ até hoje”, salienta Basso.

Com 95 canções gravadas, sendo 70 autorais, Basso acumula um repertório de sucesso. Para o DVD serão escolhidas 15 faixas que marcaram a vida e a trajetória do cantor. “A filmagem vai ser feita no fim do ano, mas as músicas já estão selecionadas. Estamos fazendo os arranjos finais das gravações porque na maioria já são músicas conhecidas, como ‘Castelo de sonhos’, ‘O baile’ e ‘Solange’, mas todas com uma roupagem nova e arranjos diferentes para deixá-las mais atuais”, compartilha.

A produção do DVD é, para Basso, sinônimo de uma trajetória de lutas e perseverança, ou, como ele mesmo define, sua biografia. “Esse DVD vai ser uma lembrança para os meus netos. Pensando bastante nisso é que eu estou produzindo essa recordação muito forte para as gerações que vão vir, sejam netos ou bisnetos, para que eles vejam um dia que tiveram um avô que era cantor. Vai ser uma recordação e isso é motivo de orgulho para mim”, enaltece.

Apesar de o momento ser de emoção e gratidão, o coração de Basso lamenta somente que seus pais não estejam vivos para vivenciar e acompanhar com ele esse acontecimento. “Mas sei que lá de cima, no céu, eles estão olhando por mim”, finaliza.

 

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