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Estiagem severa trava início do plantio da soja na região

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Área da família Barbian, em Quatro Pontes, está pronta para ser cultivada com soja, mas plantio deve ocorrer nas próximas semanas (Foto: Joni Lang/OP)

Os produtores de soja de Marechal Cândido Rondon e região estão ansiosos para dar largada ao plantio da safra 2020/2021, mas se deparam com uma estiagem prolongada e um forte déficit hídrico no solo, o que impede o início do cultivo.

Diante da falta de umidade no solo, a recomendação de engenheiros agrônomos é de que o plantio seja prorrogado para o decorrer do mês de outubro. Segundo eles, um aspecto relevante ao cultivo em boas condições é que haja umidade em pelo menos dez dias consecutivos para garantir a germinação na fase inicial da cultura. Em vista disso, observam os profissionais, é interessante ter de 50 a 60 milímetros de chuva ou plantio sob umidade de cinco dias e depois mais uma chuva para o bom desenvolvimento da cultura, o que, salientam eles, contribui para uma produtividade significativa e ao sucesso na colheita.

 

Agricultor Jairo Barbian: “Agora vivemos a mesma situação do ano passado, com probabilidade de chuva muito fraca e dias muito quentes. Vamos esperar outubro, pois acreditamos em uma boa colheita” (Foto: Joni Lang/OP)

 

NÃO VAI ARRISCAR

Jairo Barbian trabalha junto de seus familiares em uma propriedade situada na Linha Guará, no interior de Quatro Pontes. Ele lembra que no ano passado a safra de verão foi praticamente toda cultivada no mês de outubro. “Estava seco, nós ficamos com o pé atrás e seguramos. A partir de outubro normalizou e aí plantamos, chegando a uma média de 130 sacas de soja por alqueire na safra 2019/2020. Já no ano anterior (2018/2019) foram colhidas 95 sacas, quando teve a quebra por causa da seca”, conta.

O agricultor salienta que a situação atual é a mesma vivida no ano passado. “Novamente temos probabilidade de chuva muito fraca e dias muito quentes, portanto não há condição de fazer o plantio. Vamos esperar outubro, mês com maior ocorrência de chuva na região. Antes não vamos arriscar. Até pode ser plantado quando chover 20 ou 30 milímetros, mas daí precisa chover no máximo 14 dias depois para não perder”, comenta.

Apesar do momento atual de incerteza, Barbian acredita que vai chover nos períodos de desenvolvimento da cultura, o que proporcionará uma safra de bom resultado. “Aposto em uma safra boa, pois quando o inverno vem de pouca chuva a soja não precisa de tanta precipitação assim. Penso que depois a chuva retorne para a soja manter de 120 a 130 sacas por alqueire. Os produtos estão prontos para o plantio e temos realmente uma expectativa boa, com a colheita prevista para a metade de fevereiro”, pontua.

 

Mesmo na faixa de terra que permite o cultivo na poeira o pensamento dos Barbian é plantar já na próxima chuva. Área foi cultivada com trigo no inverno (Foto: Joni Lang/OP)

 

OUTRA ÁREA

O quatro-pontense menciona que uma das áreas de terra da família pode ter as sementes de soja cultivadas na poeira. “Nós fazemos rotação de cultura nas nossas terras, com média de 30% da área reservada ao milho de verão e 70% com soja. No inverno é 30% trigo e 70% milho safrinha. Essa área em questão foi cultivada com trigo, sendo que nela há possibilidade de ser plantada soja mesmo no pó por causa da diferença na limpeza e do melhor manejo, propiciando mais qualidade de plantio”, expõe Barbian, emendando: “Mas o nosso pensamento é plantar soja na próxima chuva porque esse solo que tinha trigo é mais fino, solto, muito melhor”.

 

Família Rieger cultivou 30% da lavoura com soja mesmo no período de seca, porém tal área é coberta pelo sistema de irrigação (Fotos: Divulgação)

 

IRRIGAÇÃO

Um dos casos raros de plantio na região Oeste aconteceu em Pato Bragado, na propriedade da família Rieger. Conforme Marcio Rieger, 30% da área reservada à soja já está plantada, porém exclusivamente onde há sistema de irrigação. “As expectativas são boas, mas como dependemos do tempo, sempre é uma incógnita. Hoje precisamos ser mais eficientes, pois as plantas estão cada dia mais produtivas, de modo que requerem mais cuidados e com isso elevam os custos”, pontua.

Segundo ele, a colheita desta área cultivada recentemente deve ser realizada na primeira quinzena de janeiro. “A safra de verão 2019/2020 foi muito boa, pois as chuvas foram regulares. Já a safrinha dentro do pivô foi ótima, realidade bem diferente fora da área irrigada, onde teve muita perda e um resultado negativo, pois o milho foi muito atacado pela cigarrinha”, comenta.

 

Produtor Márcio Rieger: “As expectativas são boas, mas como dependemos do tempo sempre é uma incógnita. Hoje precisamos ser mais eficientes”

 

RISCOS

A engenheira agrônoma Jean Marie Ferrarini, do Departamento de Economia Rural (Deral), órgão vinculado ao escritório regional de Toledo da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab), informa que 483 mil hectares devem ser cultivados com soja nos 20 municípios atendidos pela regional. “Fizemos um relatório na segunda-feira (21) e não constatamos plantio, mesmo porque está muito seco. A chuva da última semana não rendeu nada, então não há condições de plantar e quem o fizer corre risco de replantar porque as previsões não são boas”, salienta.

Ela alerta que se o agricultor plantar no seco e não chover a semente não germina. “E se chover pouco a planta germina e morre, pois não tem estoque de umidade no solo para plantar. Portanto, a orientação não só nossa, como das empresas, é de não plantar ainda”, ressalta.

De acordo com Jean Marie, está se repetindo a situação do ano passado, de um plantio tardio por falta de chuva. “Isso não significa que a safra não será boa, pois a última safra de verão foi muito boa. A verdade é que o produtor quer cultivar soja mais cedo para colher antes e plantar o milho safrinha em fevereiro, pois nesse caso corre menos riscos com intempéries climáticas no inverno”, aponta.

Conforme a agrônoma, apesar da seca o momento é favorável ao desenvolvimento da soja que for plantada em outubro. “A previsão é de produtividade de 1,4 milhão de toneladas na região, uma média de 3,8 mil quilos por hectare, o que se aproxima de 150 sacas por alqueire, um bom resultado. O produtor pode ficar tranquilo, mas deve ter cautela”, finaliza.

 

Engenheira agrônoma do Deral, Jean Marie Ferrarini: “A chuva da última semana não rendeu nada, então não há condições de plantar e quem o fizer corre risco de replantar porque as previsões não são boas” (Foto: Arquivo/OP)

 

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