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Municípios Matriz de risco alta

Toledo entra em bandeira roxa após análise das últimas semanas epidemiológicas

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(Foto: Divulgação)

O Comitê de Operações Emergenciais (COE) de Toledo divulgou a análise dos dados da última semana epidemiológica (de 28 de fevereiro a 06 de março), a qual justificam as medidas restritivas adotadas pelo poder público municipal em decreto publicado no último domingo (07). Ao comparar com as duas semanas anteriores, a pontuação da Matriz de Risco indicou o pior cenário da pandemia, levando Toledo à bandeira Roxa.

O cenário já percebido na prática pelos profissionais de saúde e foi retratado nos números tabulados na Matriz de Risco utilizada pelos técnicos do COE para demonstrar, de forma objetiva, a situação epidemiológica do município. É válido lembrar que ela é o resultado da combinação de seis indicativos, o que aumenta a capacidade de filtros e análise técnica.

A semana epidemiológica nove teve pontuação máxima em praticamente todos os itens, desde as taxas de ocupação de leitos de enfermaria, de UTIs, previsão de esgotamento de leitos, variação de casos e de óbitos por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e a taxa de positividade para Covid-19. Só para se ter uma base, a variação no número de casos de SRAG nos últimos 14 dias teve um aumento de 600%. A variação do número de óbitos por SRAG no mesmo período teve um aumento de 80%.

O médico Fernando Pedrotti disse que a maior preocupação hoje é diminuir o número de novos casos de Covid-19. “Temos que diminuir as taxas de transmissão para que venhamos a ter o menor número de casos. Tendo o menor número de casos teremos uma menor necessidade de leitos, menor necessidade de respiradores, de profissionais, menor desgaste dos profissionais que estão atuando, menor necessidade de medicamentos. Teremos menor pressão sob todo o sistema de saúde. Então o melhor caminho é a prevenção, é diminuir o número de casos”, aponta o profissional de saúde.

Nos primeiros dias do mês de março foram registrados 1.194 casos confirmados de Covid-19, enquanto em todo o mês de janeiro temos o registro de 2.338 e no mês de fevereiro 2.633. “Se os atuais números se mantiverem, infelizmente corremos o risco de fechar o mês com mais de quatro mil casos confirmados. Naturalmente com as medidas que foram adotadas a gente espera e entende que desde que sejam seguidas adequadamente isso não virá a ocorrer”, acredita Pedrotti.

 

ORIENTAÇÕES

A orientação dos profissionais de saúde continua sendo sobre o uso adequado de máscara, distanciamento social, evitar aglomerações, lavar bem as mãos com água e sabão várias vezes ao dia. Essas são medidas que vão diminuir a transmissão.

 

SITUAÇÃO DO SISTEMA

Não seguir as recomendações implica na possibilidade de aumentar o número de casos, sobrecarga no sistema de saúde, que já está extremamente sobrecarregado e do ponto de vista das UTIs já está colapsado. Atualmente, 145 pacientes estão à espera de leitos de UTI na Macrorregião, sendo que destes, 28 estão na 20ª Regional de Saúde (Toledo). Também temos 104 pacientes aguardando leitos de enfermaria. Destes, 31 são da 20ª RS.

Ou seja, só na 20ª RS, temos 59 pacientes à espera de leitos, com 28 aguardando leitos de UTI. E destes 28, mais da metade estão no Pronto Atendimento Municipal (PAM) Jorge Milton Nunes. O paciente a mais tempo aguardando leito no PAM foi internado no dia 27 de fevereiro. “Todos os leitos de UTI disponíveis, seja no sistema público de saúde, na saúde privada, saúde suplementar, convênios, estão todos ocupados. Não é só uma situação de Toledo, os hospitais recebem solicitação de vagas de SC, RS e até de SP. É uma situação grave, que as pessoas precisam se dar conta que poderia ter sido evitada. Se não houver uma mudança na postura, no comportamento das pessoas ela deve piorar”, reforçou Pedrotti.

 

RESPIRADORES

O município conseguiu ampliar em praticamente 200% o número de respiradores do PAM. Já são 17 em operação. “Os respiradores trazem esperança, sobrevida, possibilidades que aqueles que venham a ter acesso possam ter mantida a sua esperança e de seus familiares”, salientou o médico.

“É óbvio que a estrutura de saúde é finita, os recursos são finitos, quer sejam materiais, a exemplo de respiradores, quer sejam medicamentos, materiais de consumo do dia a dia. O mercado hoje já demonstra um grande déficit na disponibilidade desses materiais, mesmo querendo se adquirir não encontra-se a disponibilidade pelas altas taxas de consumo que se observaram nas últimas semanas”, apontou.

 

PROFISSIONAIS DE SAÚDE

Pedrotti mencionou que os trabalhadores de saúde estão extremamente cansados e sobrecarregados. “Diria mais, estão desesperançosos diante de uma triste realidade. A gente sai depois de um dia todo de trabalho e percebemos as pessoas na rua se comportando como se nada estivesse acontecendo ou como se elas não estivessem colocando a si e seus familiares em risco”, lamentou.

 

SOCIEDADE

“Nenhuma medida seria necessária se como sociedade fôssemos capazes de entender a gravidade do momento, e capazes de entender que esse é um vírus de transmissão respiratória, que ele passa de uma pessoa para outra a partir do contato de uma pessoa para outra, passa de uma pessoa para outra a partir da ausência de cuidados de prevenção. Então, nós podemos evitar desde a doença até a aglomeração, e diria que até medidas mais duras, basta cada um fazer a sua parte. Infelizmente para termos 1093 casos em uma semana não é o que tem ocorrido. A sociedade tem feito uma escolha, mas tem pessoas pagando um preço muito alto por essas escolhas”, alertou o médico.

 

Com Prefeitura de Toledo/Jornal do Oeste

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