Fale com a gente

Municípios Região Oeste

Uso expressivo de inseticidas para manejo da cigarrinha preocupa

Publicado

em

Estimativa de perda na região Oeste, devido à cigarrinha e aos enfezamentos, é de 20% a 30% (Foto: Sandro Mesquita/OP)

O enfezamento do milho tem avançado no Paraná e está preocupando agricultores. Em algumas propriedades do Oeste do Estado, produtores já relatam quebra de 50% da lavoura.

Equipes do Ministério da Agricultura, da Embrapa Milho e Sorgo e da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) estão visitando as regiões paranaenses afetadas com o objetivo de fazer um levantamento mais detalhado para orientar agricultores e compreender por que a doença vem avançando no Estado.

“Desde 2019, os enfezamentos do milho estão causando preocupação no extremo Oeste do Paraná. Neste mês de maio, estamos junto com o pessoal da Embrapa, fazendo verificações no campo, analisando, vendo o que está acontecendo, o tratamento fitossanitário que foi feito, o material que foi cultivado, qual é o comportamento dele numa região. A gente tem observado, numa outra região muito próxima, que algumas lavouras não expressam sintomas e estão produzindo normalmente”, diz o fiscal agropecuário da Adapar, Anderson Lemiska.

Técnicos da Embrapa identificaram alta incidência de cigarrinha e enfezamento em uma lavoura no município de Pato Bragado, decorrentes da migração dos insetos das lavouras cultivadas na primeira safra. Segundo pesquisadores, as medidas isoladas não têm efeito efetivo de controle.

“É importante que o produtor adote medidas antes do plantio, ou seja, na entressafra do milho ele já tem que estar manejando cigarrinha, eliminando as plantas de milho tiguera, controlando plantas de milho que se desenvolvem nos carreadores, aquela planta de milho voluntária que fica nas lavouras de soja”, recomenda o pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, Luciano Cota.

O Paraná responde por 14,8% da produção nacional de milho na safra 2021/2022. A área cultivada está em 2,7 milhões de hectares e a produção estimada é de 16 milhões de toneladas. Depois da soja, o milho representa o segundo produto vegetal em Valor Bruto de Produção (VBP) no Estado, com vendas externas chegando a 183 milhões US$.

Mas, nos últimos três anos, os produtores vêm acumulando quebras com a estiagem, e em algumas regiões mais pontuais, com geadas e granizo. E agora, na segunda safra, o problema é o ataque das pragas.

 

Perdas acima de 50%

“Estamos receosos com os índices de produtividade devido ao alto ataque de cigarrinha e enfezamento. Isso nos preocupa muito, de não conseguirmos um controle efetivo. Temos áreas com perdas já confirmadas, acima de 50%. A estimativa de perda da região é de 20% a 30%”, expõe o membro da comissão técnica de cereais da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) e vice-presidente do Sindicato Rural de Marechal Cândido Rondon, engenheiro agrônomo Cévio Mengarda.

 

Defensivos

A Adapar acompanha a quantidade utilizada de defensivos agrícolas ao longo do desenvolvimento da cultura, e os números são expressivos quanto ao uso de inseticidas para o manejo da cigarrinha. Houve um aumento de 150 mls para 900 mls por hectare da primeira safra para a segunda, somente na análise do alvo biológico da cigarrinha.

Para o coordenador do Programa de Sanidade Vegetal da Adapar, Marcílio Martins Araújo, o uso exagerado de defensivos é preocupante. “Isso preocupa porque a praga começa a ficar sob pressão e a gente pode ter o surgimento de novas pragas ou mesmo a cigarrinha, comprometendo o seu controle. A gente vem observando um uso bastante grande, uma evolução do uso ao longo do tempo, pelos produtores, na ânsia de fazer o controle da praga, e isso tem preocupado tanto a pesquisa quanto os órgãos de fiscalização, esse uso exagerado, principalmente na segunda safra de milho no Paraná”, salienta.

 

Técnicos da Embrapa visitaram propriedades rurais no Oeste para tentar compreender por que a doença vem avançando no Estado (Foto: Reprodução)

 

Em uma lavoura em Pato Bragado técnicos identificaram alta incidência de cigarrinha e enfezamento decorrentes da migração dos insetos das lavouras cultivadas na primeira safra (Foto: Reprodução)

 

Coordenador do Programa de Sanidade Vegetal da Adapar, Marcílio Araújo: “A praga começa a ficar sob pressão e a gente pode ter o surgimento de novas pragas ou mesmo a cigarrinha, comprometendo o seu controle” (Foto: Reprodução)

 

 

Com Canal Rural

Clique aqui e participe do nosso grupo no WhatsApp

Copyright © 2017 O Presente