Empreiteira ameaça paralisar obra de duplicação da BR-163

A duplicação da rodovia BR-163, trecho que liga os municípios de Marechal Cândido Rondon a Toledo, novamente volta a gerar preocupação. Pela segunda vez neste ano, a obra apresenta impasses e, mesmo com a garantia do governo federal quanto à liberação de recursos para que a empreiteira contratada tenha condições de dar continuidade aos trabalhos, a duplicação corre o risco de ser paralisada nos próximos dias. Informações extraoficiais apontam que a empresa responsável pela obra já diminuiu o fluxo de trabalho. Funcionários foram dispensados e máquinas recolhidas para o pátio.

Outras informações dão conta que dos R$ 306,5 milhões previstos para a execução total da obra, pouco mais de 13% foram liberados à construtora vencedora da licitação pública, sendo que, neste ano, os repasses foram quase nulos. Por conta disso, há a possibilidade de os trabalhadores pararem os serviços, a exemplo do que ocorreu no primeiro semestre deste ano, quando os operários ficaram de braços cruzados por cerca de 60 dias em função da falta de verba.

Dos 38 quilômetros e 900 metros que começaram a ser duplicados em outubro do ano de 2015, apenas seis quilômetros estão com pavimentação asfáltica, e com muitos ajustes e arremates a serem feitos. Inicialmente, a previsão era que a obra fosse concluída até outubro deste ano, no entanto, a empreiteira já teria formalizado junto ao Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (Dnit) um pedido de aditivo de prazo para a conclusão até o fim de 2018.

Trabalho reduzido

A frente de trabalho, que já contou com cerca de 100 operários, estaria hoje com 30, direcionados para serviços básicos, como roçadas e terraplanagem.

Na tarde de ontem (26), a reportagem de O Presente percorreu o trecho da rodovia, próximo à base da construtora, instalada nas imediações de Vila Ipiranga, e um cenário diferente do esperado pôde ser verificado. O pátio de máquinas encontrava-se praticamente vazio, com apenas alguns caminhões, uma retroescavadeira e um trator. Já na rodovia, outro fator chamou atenção: a obra estava parada e sem movimento dos trabalhadores.

 

 

 

Percorrendo alguns trechos da rodovia, ainda foi possível observar locais onde o trabalho estava realizado pela metade. Fatos como estes estariam sendo motivos para sustentar a tese de que realmente a empresa estaria prestes a paralisar a obra.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

União de esforços

Buscando evitar a paralisação da obra, autoridades políticas se uniram a fim de garantir recursos à duplicação e o governo federal enviou ao Congresso o projeto de lei que abre no Orçamento da União um crédito suplementar, no valor de R$ 49,5 milhões. Entretanto, segundo o deputado federal Dilceu Sperafico, ainda não houve tempo hábil para votar a suplementação orçamentária visando a liberação do dinheiro. “Esse projeto de lei chegou no fim do mês de junho e ainda não foi votado na Comissão de Orçamento e no Plenário, o que deve acontecer na primeira semana do mês de agosto, na volta do recesso parlamentar”, relata.

Conforme o parlamentar, o próprio relator da matéria, deputado federal Evandro Roman, tem interesse em agilizar esse processo. “Os recursos já estão garantidos e nos próximos dias serão disponibilizados. Agora, se a empreiteira fala em parar, é por outro motivo, mas não pela falta de previsão de recursos”, declara Sperafico, emendando: “É logico que o recurso não pode ser pago hoje, será pago provavelmente em agosto, após a votação do projeto na Câmara dos Deputados”.

Mais recursos

Questionado sobre a previsão orçamentária para dar sequência à finalização da duplicação da BR-163, Sperafico enfatiza: “Cuidaremos para que no orçamento haja recursos suficientes para não paralisar a obra e inclusive concluí-la no ano que vem”, expõe.

Rondon-Guaíra

Sperafico não descarta a possibilidade da duplicação do trecho que compreende os municípios de Marechal Cândido Rondon e Guaíra. Conforme ele, há expectativa para a execução da obra, porém não nesse momento. “Eu acredito que após concluída a duplicação da rodovia Rondon-Toledo, tão logo se inicie a duplicação RondonGuaíra, porque toda a BR-163, do Mato Grosso até o Rio Grande do Sul, tem a previsão de ser duplicada”, menciona. 

Com a conclusão da duplicação da rodovia RondonToledo e posteriormente Rondon-Guaíra, há tendência de cobrança de pedágio. No entanto, o parlamentar afirma que a questão ainda não foi discutida. “Contudo, pode ser que haja um pedágio de manutenção, porque quem está construindo a rodovia é o governo federal, automaticamente o custo do pedágio seria somente de manutenção”, enfatiza.