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Paraná

Estudos de demarcação voltam a assombrar a região

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Agricultores, empresários, trabalhadores e cidadãos em geral se unem mais uma vez para protestar contra a possibilidade de terras da região serem destinadas a aldeamento indígena. Área de 11,5 mil alqueires já teria até nome dado pela Funai: Terra Indígena Tekoha Guasu Guavirá

O risco de uma área equivalente a 11.530 alqueires em Guaíra e Terra Roxa ser destinada ao aldeamento indígena voltou a gerar preocupação e estresse a moradores destes municípios. Tal área, inclusive, conforme estudo da Fundação Nacional do Índio (Funai), já teria até nome: Terra Indígena Tekoha Guasu Guavirá.

As demarcações de terras indígenas no Oeste do Paraná, região reconhecida mundialmente pelas terras férteis e agricultura desenvolvida, não é um assunto novo. Há anos o tema traz pânico e medo à sociedade, principalmente agricultores, que, mesmo possuindo as escrituras de suas propriedades, sentem-se fragilizados com a situação.

Guaíra é uma das localidades que mais tem reagido às possíveis tentativas de demarcações. Isso porque, segundo um mapa divulgado há cerca de dois anos e que voltou a ser publicado recentemente, o município seria sitiado caso a demarcação se confirmasse. Parcela considerável das zonas rurais e urbana seria “engolida” pelo aldeamento, causando enormes prejuízos econômicos aos setores agrícola, comercial, industrial e prestação de serviços.

Atualmente, Guaíra conta com uma população indígena estimada em duas mil pessoas, sendo a ampla maioria oriunda do Paraguai.

 

Mobilização Pacífica

O último manifesto ocorrido no município aconteceu na quarta-feira (06). Indignada com o risco iminente de ter parte do território local incluído no aldeamento indígena, a comunidade guairense se uniu e foi às ruas protestar. A manifestação reuniu cerca de cinco mil pessoas, que partiram do Banco do Brasil, passando pela prefeitura, pelo prédio do Ministério Público Federal (MPF) e demais avenidas, em marcha até o trevo nas proximidades da Polícia Rodoviária Federal (PRF), provocando congestionamento no trânsito da BR-163.

A mobilização pacífica não teve um líder específico e contou com a participação de cidadãos em geral, agricultores e empresários, que fecharam as portas de suas empresas das 13 às 15 horas, liberando seus funcionários para se juntar ao movimento contra a demarcação.

O protesto também teve a presença de caravanas das cidades de Terra Roxa, Marechal Cândido Rondon, Mercedes, Pato Bragado, entre outras.

 

Sente na Pele

Um dos guairenses que vive o drama deste conflito é o agricultor Simeão Lopes Neves. Ele conta que cinco alqueires de sua propriedade estão ocupados por índios há cerca de cinco anos. “Eu, inocente, fui até a Justiça para requerer os meus direitos, mas percebi que ela está do lado dos índios. O que ocorre? Eu tenho reintegração de posse, mas tem uma pessoa da Funai que vive infernizando o município e fala que não tem para onde levar os índios”, relata.

Neves diz se tratar de uma questão de soberania nacional. “Tenho relatos de que o Paraguai está sendo apoiado pelos Estados Unidos para retomar de novo essa área, então não é só a questão indígena. Eles querem formar um Estado Guarani para depois a ONU (Organização das Nações Unidas) tomar conta, mas muitos não querem acreditar”, lamenta.

 

Conscientização

O presidente do Sindicato Rural de Guaíra, Silvanir Rosset, salienta que sua família reside no município há 60 anos e assim como todos os produtores adquiriu as terras. “Nós queremos conscientizar a parcela da população que ainda não percebeu a dimensão desse problema, pois o risco de Guaíra perder área de terra para a possível demarcação é muito grande, mesmo porque temos oito invasões no município, além de exemplos no Mato Grosso, onde foi dizimada uma cidade com sete mil habitantes que praticamente foram jogados na beira das estradas”, enfatiza.

Confira a matéria completa na edição impressa desta sexta-feira (08).

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