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Paraná

Previsão de boa safra se mantém, mas preço da saca preocupa produtor

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Os agricultores da região seguem com a colheita do milho safrinha a todo vapor. É o caso de Pedro Fernando Wickert, que na última sexta-feira (07) e no fim de semana colheu uma área de cinco alqueires situada na Linha Souza Naves, em Quatro Pontes, que lhe rendeu 345 sacas por alqueire. “No ano passado foi semeado um híbrido diferente deste ano, então o resultado final não foi muito bom. Eu achava que esse híbrido atual não iria atender as expectativas, mas está superando. No ano passado nós colhemos 257 sacas por alqueire na média total, sendo que nessa área de cinco alqueires foram colhidas 345 sacas. Vamos encerrar toda a colheita, o que deve acontecer na próxima semana, para daí ter a média final”, comenta.

De acordo com Wickert, as chuvas do mês de junho afetaram um pouco a cana do milho, que ficou mais frágil, além da raiz, que ficou em partes podre, contudo, não prejudicaram a qualidade dos grãos, os quais já estavam formados. “Acredito que as constantes chuvas podem ter gerado uma perda, mas nada tão complicado. Acho que o resultado (desta safra) será o mesmo do ano passado ou se der quebra, deve chegar a 12%. O baixo preço pago pela saca no máximo vai fazer a gente empatar. Esperamos que os preços melhorem porque hoje o custo médio é de 250 sacas, mais outras despesas em alguns casos”, lamenta.

 

50% colhido

O engenheiro agrônomo da Copagril em Quatro Pontes, Claudemir Selzlein, menciona que 50% do milho safrinha já foi colhido na região. “A princípio a produtividade está dentro do esperado, apesar de alguns probleminhas, como falta de luminosidade e chuva em excesso. Embora o custo de produção tenha aumentado um pouco, o resultado está sendo bom”, avalia.

Segundo ele, não há perspectiva de grandes períodos com chuva neste mês, o que vai facilitar a colheita. “Esperamos que até o fim de julho e início de agosto a colheita esteja finalizada no Paraná”, comenta.

Selzlein diz que a qualidade dos grãos colhidos em sua grande maioria está satisfatória. “Ainda não é possível falar em expectativa de produtividade devido ao fato da colheita estar sendo realizada nas propriedades. Muitas lavouras foram implantadas na metade de fevereiro, o que não ocorreu no ano anterior. A perspectiva dessas lavouras seria diminuir a produtividade em relação às primeiras lavouras já colhidas”, menciona, acrescentando que os resultados serão conhecidos nas próximas semanas.

 

Diferença de R$ 5 mil

Conforme o engenheiro agrônomo da Agrícola Horizonte, Cristiano da Cunha, o clima vem contribuindo para que a colheita avance. “Estimamos 40% da área colhida, sendo que as primeiras áreas estão com produtividade satisfatória ou acima do esperado, principalmente onde foi plantado mais cedo. Estamos com produtividade variando de 260 sacas e algumas áreas pontuais chegando a 340, 350 sacas por alqueire”, informa.

Ele pontua que a questão financeira é negativa neste ano e está muito aquém do que deveria ser. “Temos uma safrinha exatamente ao contrário do ano passado, quando se plantou a um custo mais baixo em função dos insumos como sementes, enquanto na colheita os preços foram de R$ 40 ou um pouco acima. Nesse ano mudou tudo. Em função da alta do milho no ano passado, os insumos subiram e o agricultor plantou uma safrinha com custo de produção mais alto. O milho está valendo menos da metade do ano passado, tanto que hoje fica inviável ao agricultor, pois quem colhe 250 sacas por alqueire está empatando o negócio”, expõe.

De acordo com Cunha, resta torcer para que os preços melhorem um pouco para o produtor rural conseguir cumprir com os seus compromissos. “Ano passado foi acima das 250 sacas com um preço de R$ 40, ou seja, uma receita bruta de

R$ 10 mil. Hoje a receita é abaixo de R$ 5 mil. Tudo vai depender do mercado de exportação de milho para ganhar preço. São as empresas consumidoras de milho que conseguem regular o mercado”, enaltece.

O agrônomo revela que em algumas lavouras há presença de grão ardido, chegando até na tolerância que é de 6%, mas no geral o milho está bom. “Até porque o clima seco vem favorecendo a colheita e muitas vezes na colheitadeira o agricultor consegue fazer uma regulagem dos grãos mais leves, que são defeituosos, para separar e jogar fora pela colheitadeira. De modo geral a qualidade está sendo satisfatória”, reforça.

 

Próximo da realidade

A engenheira agrônoma do Departamento de Economia Rural (Deral) do escritório da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab) em Toledo, Jean Marie Ferrarini, comenta que a previsão é colher 2,6 milhões de toneladas nos 445.285 hectares cultivados com o milho safrinha na região, o que pode resultar em uma média de seis mil quilos por hectare.

“A parada da chuva está sendo ótima porque (o grão do milho) está secando, diminuindo a umidade e o produtor está colhendo. Além da chuva, houve vários dias nublados, o que afetou a produtividade porque a previsão era um pouco maior. No nosso caso vai ficar próximo da expectativa, tanto que as primeiras colheitas foram muito boas e agora a tendência com o excesso de chuva é baixar um pouco a produtividade, porém não interfere na qualidade dos grãos”, menciona, referindo-se à média para todos os municípios da área de atuação. Ela destaca que aproximadamente 32% da área da regional já está colhida, sendo que em algumas cidades a colheita está mais avançada.

Em relação ao preço da saca do milho safrinha, Jean Marie menciona que o valor atual de R$ 18,50 está mais próximo da realidade (de R$ 22 a R$ 25), sendo que no ano passado o valor praticado de R$ 40 estava fora do habitual. “No ano passado o preço foi fora do normal, era algo excelente, por isso o preço de agora é baixo, mas normalmente isso acaba acontecendo no inverno. É claro que os agricultores alegam que este preço não está cobrindo os custos porque eles fizeram um bom investimento. Eles plantaram uma semente de boa qualidade, aplicaram fertilizantes, entre outros. A expectativa é o preço da saca subir mais para frente”, finaliza.

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