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Paraná

Riquezas do Oeste

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Não é à toa que os municípios da microrregião Oeste do Paraná têm boa parte de seus habitantes vivendo longe do centro da cidade, acordando cedo para fazer a ordenha e tirando sua renda da “indústria a céu aberto”.

A versão preliminar do relatório detalhado acerca do levantamento do Valor Bruto de Produção (VBP) 2016 – que leva em conta os dados do ano-safra 2015/16 e mostra a evolução do desempenho das lavouras e da pecuária ao longo do ano -, não poderia deixar de reafirmar o chavão de municípios essencialmente agrícolas.

Os números apresentados pelo Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab) mostram que no âmbito da comarca de Marechal Cândido Rondon, o município-sede foi o que obteve maior aumento no VBP em comparação com o resultado de 2015, passando de R$ 854.056.082,13 para R$ 970.309.927,15 em 2016 – aumento de R$ 116.253.845,02.

O VBP corresponde ao faturamento bruto dentro do estabelecimento, ou seja, da renda gerada “da porteira para dentro”.

A cultura com o melhor resultado no ano-safra 2015/16 foi a bovinocultura leiteira, com aumento real de R$ 35.905.480, o maior entre todos os municípios da comarca. O resultado, de acordo com o diretor executivo da Secretaria de Agricultura e Política Ambiental do município, Dante Tonezer, é oriundo dos programas de incentivo que vêm sendo desenvolvidos ao longo dos anos, sendo intensificados pelas gestões municipais. Em 2016, por exemplo, foram distribuídas cerca de 1,6 mil doses de sêmen de touros provados aos produtores, sem custo. “Esse incentivo é dado aos pecuaristas mediante a apresentação das notas de venda do leite e da comprovação do exame de brucelose e tuberculose, e é um dos incentivos que continuará neste ano”, explica a responsável pelo Bloco do Produtor, Sirlei Priebe.

Além do auxílio para construções zootécnicas, que no ano passado concedia aos pecuaristas até 35 metros cúbicos de pedra-brita por empreendimento, o município mantém a prestação de serviços a agricultores, como a terraplanagem para construções de estábulos, a fertirrigação com menor custo ao pequeno produtor e a entrega da patrulha mecanizada. “Incentivos como esse possibilitam ao agricultor ter uma pastagem melhor, um custo menor na produção da alimentação para o gado leiteiro e consequentemente motivam ele a produzir mais, fazendo com que o município tenha resultados positivos como estes”, avalia Tonezer.

Apesar de ser considerada pelos próprios produtores uma cultura arriscada e com baixa rentabilidade, o resultado do VBP do trigo em Marechal Rondon também chama a atenção, já que teve um salto de R$ 528.354 entre 2015 e o ano passado devido ao aumento da área cultivada. Tonezer informa, contudo, que não há incentivo específico para a produção da cultura. “Para o trigo há o mesmo incentivo dado à produção de grãos, como soja e milho. Talvez esse número tenha variado por conta da preparação de solo ou pela iniciativa do próprio produtor, que sentiu uma segurança na cultura naquele momento e optou por semear, mas não há um programa específico para o trigo”, reforça.

 

Entre Rios do Oeste

Mesmo sendo um expoente na produção suinícola da microrregião, contando com um plantel de 165 mil animais espalhados em 204 propriedades do município, conforme dados da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Entre Rios do Oeste registrou variação negativa no Valor Bruto da Produção no setor. Em 2015, o VPB da produção de suínos fechou em R$ 142.027.206,85 e em 2016 o número baixou para R$ 138.697.339,81, redução de pouco mais de R$ 3,3 milhões.

Para o prefeito Jones Heiden, a queda pode estar atrelada ao momento que os produtores viveram na safra 2015/16, quando tiveram que trabalhar com uma margem de ganho apertada, frente ao aumento nos custos. “Ainda estamos analisando esses números, mas essa queda pode estar ligada a esse empecilho”, diz.

Por outro lado, a produção de aves foi a que mais se destacou no município entrerriense, somando aumento de R$ 2.736.024,88. Heiden aponta que tanto na avicultura quanto na suinocultura e na bovinocultura o Poder Público oferta um incentivo de horas-máquina em serviços como terraplanagem. “Se um produtor tem interesse de ampliar ou quer começar e tem toda a produção em dia, ele pode procurar o município que a lei favorece esse incentivo”, informa.

Os pequenos e médios produtores, destaca o dirigente municipal, serão auxiliados neste ano com a distribuição de calcário para correção de solo, com sementes de aveia para aumentar a pastagem e consequentemente a produção da bovinocultura leiteira e com alevinos para a piscicultura, tanto para quem tem açude tanto para quem tem tanques-rede no Lago de Itaipu. “A própria entrega dos distribuidores de esterco que aconteceu recentemente, uma parceria entre o município e a Itaipu Binacional, também é um incentivo que o município oferece, tendo em vista que o produtor não tem custo nenhum”, menciona Heiden.

 

Mercedes

Mercedes desponta na comarca com o melhor resultado do milho: a cultura teve aumento de R$ 7.853.482,29, que somou-se aos outros itens avaliados pelo Deral, culminando no VBP total do município de R$ 195.335.088,18.

Segundo o diretor de Agricultura, André Backes, não há em Mercedes nenhum programa de incentivo direto para o cultivo de milho, contudo, indiretamente a Secretaria de Agricultura trabalha junto aos agricultores com a conservação de solo. “Esse trabalho é importante para que não ocorram perdas de qualidade no solo e consequentes prejuízos na produção caso ocorram chuvas recorrentes e o solo não esteja preparado com curvas de nível, por exemplo”, expõe.

Backes diz que Mercedes também possui programas de distribuição de sêmen bovino e suíno, para o incentivo à produção pecuária, além do fomento à olericultura, para a produção de verduras e outros alimentos que são priorizados na alimentação escolar do município. “Também temos os programas de manutenção das estradas de acesso às propriedades, com uma atenção especial às épocas que antecedem a safra para que o escoamento seja seguro e sem prejuízos aos produtores por caminhões que quebram por conta de estradas esburacadas”, comenta. 

 

Nova Santa Rosa

O município Joia do Oeste somou R$ 482.590.730,52 em Valor Bruto de Produção em 2016. Entre todos os municípios da comarca, Nova Santa Rosa teve o melhor resultado na produção de suínos, aumentando R$ 27.642.301,97 no comparativo entre 2015 e 2016. “O município possui programas próprios para incentivar tanto a suinocultura como a piscicultura, que também teve resultado expressivo em 2016”, afirma o secretário de Agricultura, Silmar Benke. “Porém, não podemos esquecer a vontade empreendedora do agricultor, que é o mais importante. O município contribui com a infraestrutura, terraplanagem, manutenção de estradas, mas o produtor sabe fazer a lição de casa da porteira para dentro”, complementa.

O aumento no VBP de tilápias passou, em 2016, para R$ 18 milhões, frente aos

R$ 11.354.200 registrados em 2015 pelo Deral. “Temos um potencial muito grande. Não devemos estar explorando nem 50% do potencial total da piscicultura de Nova Santa Rosa”, diz Benke.

 

Quatro Pontes

Somando R$ 255.353.788,66 no VBP total do município, Quatro Pontes teve o melhor resultado da comarca na produção de gado (corte e cria). O VBP da cultura passou de R$ 2.620.718,46 em 2015 para R$ 2.950.892,44 em 2016.

O secretário de Desenvolvimento Econômico, Pedro Becker, explica que Quatro Pontes possui incentivos para a atividade pecuária, tanto na bovinocultura de corte quanto leiteira. “Temos incentivo tanto no sêmen, para que o produtor busque melhorar a genética dos animais cada vez mais, bem como na distribuição de dejetos que são utilizados nas lavouras para produzir alimentos para esse gado, que garante uma pastagem com uma melhor proteína, além do incentivo da aveia na parte da pecuária leiteira”, comenta.

Assim como despontou nos resultados positivos, Quatro Pontes também chamou a atenção por ter a única baixa na produção da soja. No comparativo entre 2015 e 2016, o VBP da oleaginosa diminuiu R$ 3.302.049,60, com queda significativa na safra de verão. Para Becker, a explicação vem do fator climático, que impactou a produção no ano safra 2015/16. “Tivemos uma parte do município que sofreu com a seca. A média ficou em 121 sacas por alqueire, o que é bastante baixo. Neste ano, por exemplo, já fechamos em 165 sacas de soja colhidas por alqueire”, justifica.

 

Pato Bragado

Junto de Marechal Cândido Rondon, Pato Bragado foi o único município com resultado positivo no VBP do trigo, com alta de R$ 137.911,50. Todavia, da mesma forma que o município rondonense, Pato Bragado não possui programas específicos para incentivar os agricultores a semearem o trigo. “Calcário, cama de aviário, esterco líquido, isso tudo é fornecido ao produtor independente da cultura que ele está cultivando”, explica o secretário de Agricultura, Sérgio Gossenheimer.

Na avaliação geral, a produção com o maior crescimento no VBP 2016 foi a suinocultura, com acréscimo de R$ 17.972.604,29. No programa de incentivo que existe no município, explica Gossenheimer, a lei prevê o fomento por meio de materiais de construção quando o produtor faz o investimento na propriedade. “Também dispomos de todo o maquinário para terraplanagem, para esterqueira, entre outros serviços de horas-máquina que podemos oferecer aos produtores”, aponta.

O secretário ressalta que a pasta possui cerca de 20 programas e que quatro já tiveram valores reajustados neste ano. “Vamos readequando os programas dentro das possibilidades de orçamento e do que os produtores demandam porque sabemos que isso tem reflexo lá na frente, tendo em vista que a produção agrícola representa quase 80% do valor arrecadado pelo município”, revela.

O objetivo dos programas de incentivo do município, enaltece, é manter o agricultor no campo e aumentar sua produtividade. “Não temos como aumentar a área do município, então precisamos dar condições aos produtores de aumentarem sua produtividade que trarão retorno para o município”, conclui Gossenheimer.

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